A Língua das Mariposas – Volta ao mundo – Espanha
Uma criança na guerra civil espanhola
Moncho (Manuel Lozano) acaba de começar a frequentar a escola e, embora esteja apavorado, ele logo se dá bem com seu novo professor, Don Gregório (Fernando Fernán Gómez) e passa a se aplicar no colégio.
As mudanças políticas da Espanha, no entanto, fazem com que Moncho comece a pensar sobre sua vida, suas ideias e se questionar sobre as pessoas que ele admira.
O desenvolvimento de Moncho
O tema principal de A Língua das Mariposas é o desenvolvimento de Moncho que, no começo do filme, está preocupado com a escola, que começará em breve. Ele acredita que os professores são cruéis e batem nos alunos, por isso, já chega na aula assustado.
Quando o garoto começa a frequentar as aulas, ele está também saindo para o mundo pela primeira vez e tentando fazer as coisas sozinho. Na escola, ele enfrenta provocações dos colegas, mas também faz amizades e se apaixona por uma coleguinha de sala.
O encontro mais importante de Moncho, porém, é com o professor Don Gregório, de quem ele inicialmente tem medo, mas que aos poucos se torna não só seu mestre, mas também seu amigo. A Língua das Mariposas é focado no crescimento do menino e em todas as questões que dizem respeito a isso.
A guerra civil espanhola
A Língua das Mariposas se passa um pouco antes do começo da guerra civil espanhola, e essa é uma questão importante no filme. Moncho é uma criança e não sabe exatamente o que está acontecendo mas, naturalmente ele sente o clima do país.
E, ao mesmo tempo, ele admira Don Gregório e todos os ensinamentos que o professor lhe passa, que são muito mais do que lições básicas da escola. Ele percebe que o homem está sendo perseguido e se metendo em problemas em função da sua ideologia.
Criado em uma família mais conservadora, Moncho se vê dividido entre tudo que lhe foi ensinado desde criança e o que vem aprendendo com Don Gregório. O filme apresenta um fato histórico do ponto de vista de uma criança, que não tem uma atuação ativa nesse tipo de questão, mas que obviamente tem sua vida influenciada pelo que acontece no seu país e é isso que torna o longa instigante e diferente.
Também são as mudanças políticas, somadas às lições de Don Gregório, que modificam Moncho fazendo com que ele cresça e amadureça, e que aprofundam ainda mais o tema do filme.
Aspectos técnicos de A Língua das Mariposas
Este é um filme que explora um ponto de vista interessante: o de uma criança frente a grandes eventos políticos, que afetam sua vida e que acontecem independentemente do seu poder. Aqui ainda existe o adendo da relação de Moncho com seu professor, que lhe abre os olhos para o mundo novo, em todos os aspectos, inclusive o político. É uma maneira diferente de retratar um evento da qual já sabemos muito, por um ponto de vista do qual se sabe pouco.
O filme foi gravado no final dos anos 1990, mas se passa na década de 1930 e coloca o telespectador dentro desse cenário. Os figurinos remetem à época e a escolha da paisagem também ajuda. A fotografia é escura, o que combina também com as roupas dos personagens, e o clima do filme dá a sensação de que alguma coisa vai acontecer mais ou cedo ou mais tarde.
O elenco
Manuel Lozano se sai muito bem como Moncho e a plateia rapidamente simpatiza com ele, mesmo nos momentos em que ele erra e é injusto, porque percebemos que ele está aprendendo e se tornando um adolescente melhor. Entretanto, o grande destaque é de Fernando Fernán Gómez, que interpreta Don Gregório e de quem gostamos quase que automaticamente.
A trama é interessante e importante, mas o filme se torna um pouco cansativo com o tempo. Isso não prejudica o longa, que mantém sua mensagem até o fim.
A Língua das Mariposas é um filme bonito, que trata de forma delicada uma questão política e séria ao mesmo tempo que retrata o crescimento de uma criança, durante um período histórico complicado. O filme faz parte do Festival “Volta ao Mundo: Espanha” e está disponível no Petra Belas Artes À La Carte, entre os dias 3 e 16 de junho.