A Mulher na Janela, com Amy Adams
A psicóloga infantil Anna Fox (Amy Adams) sofre de agorafobia. Confinada em casa, ela começa a observar pela janela a vida aparentemente perfeita dos vizinhos da frente. Um dia, ela acaba sendo testemunha de um crime violento, que vira sua vida de cabeça para baixo.
Prestando um grande tributo a Hitchcock (“Janela Indiscreta“, obviamente, mas outras obras também), o diretor Joe Wright capricha nas tomadas inspiradas e investe na competente atuação de Amy Adams — onde reside a verdadeira força desse filme, que adapta o livro de mesmo nome, de A. J. Finn, lançado em 2018.
Dos enquadramentos ousados no pouco espaço que lhe resta (basicamente, só a enorme casa da protagonista), aos planos-detalhe, closes e sequências quase teatrais (como apresentado na primeira revelação, ali no meio da história), tudo em A Mulher na Janela evoca um bom trabalho artístico, mesclando crimes reais com paranoia, já que a personagem de Adams sofre por conta de um trauma recente.
A Mulher na Janela
Isso permite várias possibilidades narrativas de isolamento (e, mais uma vez, temos aqui uma produção que parece evocar os tempos de quarentena), levando a longas sessões noturnas de filmes, terapia em casa e voyeurismo da vida alheia.
É claro que toda a parte envolvendo os vizinhos e policiais, que entram e saem da residência dela como se fosse a casa da mãe Joana, soam completamente inverossímeis, e que o desfecho se torna bastante patético, seja por permitir ao vilão expor todo seu grande plano antes de dar o último ataque (sério?), seja por fazer desse ato praticamente um outro filme (parecido com slashers, tipo “Pânico”, mas em “Pânico” a proposta é essa, portanto não só funciona, como é coeso, diferente daqui).
Mas uma coisa que sempre digo é que nunca devemos julgar uma história somente pelo fim (ou pelo meio, ou pelo início). Pode-se dizer que o final de A Mulher na Janela é horrível, mas o filme é bom. Um suspense que sustente até onde dá.