A Viúva das Sombras – Falso doc que não assusta

Em São Petersburgo, um grupo de busca se une para encontrar um adolescente desaparecido. A região registra vários desaparecimentos que nunca foram resolvidos e os poucos cadáveres que foram encontrados estavam nus. Durante a noite, a equipe perde a comunicação e se vê frente a frente com um mal sobrenatural.

A Viúva das Sombras, em muitos aspectos, se encaixa no subgênero do falso doc, embora ele tenha alguns aspectos diferentes de muitos outros filmes que exploram essa vertente. Antes que seja apresentado qualquer personagem, o telespectador recebe um aviso de que os acontecimentos retratados são inspirados em fatos reais e dizem respeito a uma lenda local. Depois disso, começamos a acompanhar um grupo em busca de um adolescente desaparecido na região. O grupo filma a si mesmo e fala com a câmera.

A Viúva das Sombras é supostamente inspirado em uma história real
A Viúva das Sombras é supostamente inspirado em uma história real

Desde o sucesso de  A Bruxa de Blair, em 1999, o cinema de terror mergulhou a fundo no falso doc e existe um certo sentido por trás dessa técnica: no caso do filme citado, a produção tinha pouco dinheiro, e o falso doc justificaria a filmagem de baixa qualidade, a falta de efeitos e o elenco pequeno. Além disso, existe um certo fascínio especial em uma história de terror que é anunciada como real ou “baseada em fatos reais”. As imagens supostamente reais, então, são um atrativo a mais.

A Viúva das Sombras

Funcionou muito bem com A Bruxa de Blair porque a ideia era novidade. O filme se vendeu, durante muito tempo, como uma produção com cenas reais, e a plateia comprou essa história. Todos os filmes que tentaram isso depois não tiveram a mesma sorte.

O longa tem poucas cenas assustadoras
O longa tem poucas cenas assustadoras

A Viúva das Sombras bebe muito nessa fonte, mas não se apoia totalmente, uma vez que o longa usa de câmeras profissionais que filmam a equipe filmando a si mesma. Dessa forma, é quase como se estivéssemos assistindo o making off de um documentário. O grande problema é que o subgênero do falso doc no cinema de terror já está tão desgastado que ninguém mais compra essa ideia.

E o terror?

Um filme de terror precisa, naturalmente, de uma história de terror, que assuste os telespectadores, mas não é isso que acontece em aqui. O longa tenta se apoiar na técnica da found footage, que se trata, basicamente, de supostas imagens que foram encontradas depois de alguma tragédia, que explicariam o que aconteceu.

Aqui, as filmagens seriam do grupo de busca que procura o adolescente em uma floresta de São Petersburgo. No entanto, o filme usa outras câmeras além das de seus personagens e, portanto, a plateia sabe que eles não estão sozinhos.

O filme se apoia no formato do subgênero
O filme se apoia no formato do subgênero

Além disso, a técnica já foi usada e reciclada tantas vezes, com tantas tramas diferentes, que ninguém mais se assusta. Resultado: embora o filme avise, logo no começo, que é sobre uma história real e que acompanhamos o grupo filmando a si mesmo, sabemos desde o começo que nada ali é real e sem a ideia de que estamos acompanhado uma história de terror real, um pouco do medo se vai.

Sem sustos

O grupo de embrenha na floresta, perde completamente a comunicação e se vê frente a frente com algo terrível e sobrenatural. O problema é que demora muito para que qualquer coisa assustadora de fato aconteça. É normal que um filme de terror esteja sempre brincando com a percepção de seus telespectadores e que ele esconda muito mais do que mostre, pois isso causa tensão na plateia, mas ele precisa, eventualmente, mostrar alguma coisa. Não é o que acontece aqui.

A Viúva das Sombras se segura muito na expectativa dessa tensão, mas não faz nada para causar esse sentimento no público. Até a metade do filme não vimos nada e, embora exista o clima de que algo estranho está acontecendo, o longa não desperta a tensão, mas sim o tédio e o desinteresse. É muito fácil perder a atenção, uma vez que nada acontece.

A fotografia escura ajuda o clima de terror
A fotografia escura ajuda o clima de terror

A Viúva das Sombras se define como um filme de terror, mas não tem nenhuma cena vagamente assustadora e demora tanto para contar seus mistérios, que perde a audiência.

Aspectos técnicos de A Viúva das Sombras

É um pouco difícil entender exatamente qual é a ideia por trás do longa. O filme se vende como um terror que conta uma história real e se apoia nas técnicas do falso doc e da foung footage, mas usa de outras câmeras além das que estão na mão de seus protagonistas, inviabilizando o conceito original. O subgênero já está desgastado e quando notamos que tem alguém filmando aquelas pessoas, não tem nem como tentar acreditar que aquelas são filmagens reais.

É impossível não relacionar com A Bruxa de Blair, não só porque os dois filmes são – ou tentam ser – falsos docs, mas também porque eles têm cenas muito parecidas. A cena mais famosa de A Bruxa de Blair, dos jovens encostados na parede, também está presente aqui.

A demora para revelar seus segredos, deixa A Viúva das Sombras tedioso
A demora para revelar seus segredos, deixa A Viúva das Sombras tedioso

Outro problema desse filme é que ele não assusta, o que é um pecado gravíssimo para um filme de terror. O longa demora demais para revelar seus segredos e, com isso, também não mostra nada assustador antes da metade do filme. Ou seja, ao invés de deixar o espectador tenso e na expectativa para que algo aconteça, ele o deixa entediado.

Por outro lado, a fotografia é bem-feita e as paisagens mostradas são bonitas. Além disso, o clima escuro e frio que percorre todo o filme, ajuda a entrar no clima de terror.

A ideia por trás de A Viúva das Sombras é interessante e a trama tinha potencial para entregar um filme diferente, mas o longa peca na sua parte técnica e acaba deixando o público entediado.

A Viúva das Sombras

Nome Original: Вдова
Direção: Ivan Minin
Elenco: Viktotiya Potemina, Anastasiya Gribova, Margarita Bychkova, Ilya Agapov, Aleksey Aniskin
Gênero: Terror, Thriller
Produtora: Central Partnership Productions, QS Films
Distribuidora: Paris Filmes
Ano de Lançamento: 2020
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