Alita: Anjo de Combate, uma produção James Cameron
Alita: Anjo de Combate é inspirado nos quatro primeiros volumes do mangá de Yukito Kishiro. Em um futuro distante, o cybermédico Dyson Ido (Christoph Waltz) encontra pedaços de um ciborgue no ferro velho. Ele leva os pedaços para a casa e lhe constrói um novo corpo. A ciborgue, que Ido batiza de Alita (Rosa Salazar), desperta sem lembrar quem ela é. Ela passa então a viver com o médico.
Com o tempo, no entanto, Alita vai se lembrando de detalhes sobre a sua origem. Ela começa a perceber que talvez exista um propósito maior por trás da sua criação.
O mundo de Alita: Anjo de Combate
O filme se passa mais de 300 anos no futuro, por isso é natural que o espectador precise de uma contextualização. Não nos é apresentada nenhuma introdução, mas vamos aprendendo conforme assistimos.
Fica claro para quem assiste ao filme que não estamos mais nos anos 2010. Não só porque ainda não interagimos com ciborgues, mas também porque a cidade tem uma aparência diferente das que conhecemos. Nesse aspecto, o longa é muito bom em contextualizar o tempo e o espaço.
Outra coisa interessante que o diretor Robert Rodriguez usa para colocar o público dentro da história é explicar os detalhes e costumes deste mundo para a própria Alita, que não tem memória alguma e portanto, não sabe nada sobre o lugar aonde acordou. Em diversas cenas, Ido e Hugo (Keean Johnson), um amigo de Alita, contam coisas tanto para a personagem quanto para o público. Essa é uma ótima técnica para contextualizar a história e não deixá-la cansativa.
Identidade
Alita: Anjo de Combate é relativamente competente em explicar seu contexto aos espectadores. Mas em certos momentos, causa alguma confusão, especialmente se você não estiver totalmente ligado no filme.
Um assunto que permeia o filme todo é a questão da identidade. Alita não lembra nada do seu passado e por isso, tem o sentimento de que não sabe quem é. Quando ela começa a descobrir toda a potência que existe por trás da sua criação, ela começa a se encontrar.
Ido, por sua vez, quer se afastar de tudo que ele já foi antes, porque não quer relembrar dores do passado e também quer que Alita se concentre na nova vida que foi dada a ela. A ex-esposa de Ido, Chiren (Jennifer Connelly), também não quer relembrar as dores do passado, mas não consegue largar dele e quer recuperar o que ela sente que perdeu.
Ciborgues e humanos
Embora o mundo já esteja repleto de ciborgues, ainda existe preconceito em relação a eles, e o questionamento se eles tem os mesmos sentimentos que os humanos. Os ciborgues são em sua maioria compostos de peças que não eram suas originalmente, como acontece com Alita, o que também interfere na ideia de identidade.
O foco de Alita: Anjo de Combate são as cenas de ação e luta, mas o filme também fala muito sobre relações pessoais. Ou melhor ainda, relações entre humanos e ciborgues. Quando Ido resgata e remonta Alita, ele passa a se considerar o pai dela. Alita passa a morar com ele e Ido lhe dá ordens que são típicas de pais e mães. Alita, por sua vez, aceita as ordens de Ido, mesmo que algumas delas a irritem, mais ou menos como uma filha adolescente.
A relação entre Alita e Hugo, que começa como uma amizade, também é interessante, porque fica claro desde que eles se conhecem que Alita gosta dele. O relacionamento dos dois se desenvolve e podemos ver que o fato dela ser um ciborgue não atrapalha em nada, embora os dois sofram preconceito por serem diferentes. Para um filme que tem boa parte de seus personagens como ciborgues, Alita: Anjo de Combate tem bastante relações humanas.
Aspectos técnicos
É natural que um filme que fale dos temas que este fala use de muitos efeitos, e é isso que acontece. O longa é repleto de efeitos, desde o cenário até as cenas de ação. Alita, inclusive, é criada a partir da captura de movimento, que é uma maneira bem legal de diferenciá-la de outros personagens que são humanos. A técnica é extremamente bem utilizada e Alita se move e tem expressões faciais muito naturais e realistas.
As cenas de luta, que são um dos grandes apelos do filme, são de fato muito bem feitas. Elas colocam o público no meio da ação, o que é perfeito para agradar os fãs do gênero. Mas com tantos efeitos, é difícil prestar atenção nas atuações. O filme tem vários grandes nomes no elenco, como Jennifer Connelly, Michelle Rodriguez e Mahershala Ali que aparecem pouco e que não dão todo o seu potencial. Christoph Waltz, no entanto, tem mais tempo de filme e por isso, mais tempo de desenvolver seu personagem, que funciona melhor e chama mais a atenção.
Alita: Anjo de Combate se alonga um pouco, mas é um filme divertido que funciona como um bom entretenimento e que promete agradar os fãs do gênero. O filme entra em cartaz, em todos os formatos especiais, no dia 14 de fevereiro.