Altered Carbon – 2ª temporada, a mitologia se expande

A produção da Netflix mantém a qualidade da primeira temporada ao preservar qualidades que deram certo antes, avançando a trama ao trazer novos elementos. Situando a jornada de Takeshi Kovacs em trinta anos e o trocando de cenário, Altered Carbon – 2ª temporada investe ainda mais em sequências de lutas eletrizantes e bem coreografadas, com CGi digna de Hollywood e um roteiro bem aparado, agora em 8 episódios (ao invés dos 10 anteriores).

Conforme a season finale do primeiro ano nos mostrou, Takeshi Kovacs partiu em sua jornada em busca de sua amada Quellcrist Falconer, que estaria viva após ser dada como morta séculos atrás. É aí que entra na história a caçadora de recompensas Trepp, contratada por um milionário Matusa para encontrar Kovacs e torná-lo o seu guarda-costas. A recompensa? Entregar o paradeiro de Falconer.

Quando o protagonista aceita a missão, ele está usando a capa de uma cantora de bordel. O Matusa, então, o entrega uma nova, turbinada com as mais novas tecnologias. Então, abre as portas para a entrada do novo protagonista, trocando Joel Kinnaman agora por Anthony Mackie (o Falcão do Universo Marvel nos cinemas). Os novos episódios exploram ainda mais a mitologia de Altered Carbon e são mostrados detalhes sobre a política do Protetorado, a origem do Mundo de Harlam e como os Matusas se sobressaíram em seu encontro com os Antigos.

Altered Carbon – 2ª temporada

Ainda que leve alguns episódios até o espectador conseguir se situar novamente e recuperar a memória a respeito da rica mitologia apresentada por aqui, o início favorece com ação bem elaborada e uma subtrama mais fechadinha, envolvendo as tramoias da Governadora e de como o protagonista vem lidando com o suposto retorno de sua amada.

Mackie demora para compreender o personagem (o visual muda, mas a pessoa continua sendo a mesma, afinal). Mas consegue trazer novos elementos que mostrem sua evolução em três décadas, deixando-o minimamente mais humano e menos soldado. Renée Elise Goldsberry ganha um merecido destaque e quase rouba a cena como Falconer (seja matando Matusas, seja nos diálogos emocionantes com seu antigo amante). Enquanto isso, a caçadora de Simone Missick tem pouco a fazer por aqui, que não seja servir como a parceira da vez e trazer um pouco mais de senso de gravidade com seu próprio núcleo familiar.

E o que mais?

Lela Loren como a Governadora Danica Harlam e Torben Liebrecht como o Coronel Ivan Carrera fornecem vilões que seguram muito bem as pontas. Do começo ao fim. Enquanto a primeira executa um intricado golpe por detrás dos panos, o segundo é uma força física formidável que faz frente a Kovacs e Falconer, tendo inclusive toda uma relação pessoal com o protagonista, que o leva a passar dos limites.

O retorno de Will Yun Lee como o corpo original de Takeshi, também oferece novas dinâmicas nesse vaivém de interesses e sua não aceitação sobre a morte de Reileen Kawahara potencializa o drama dos principais personagens. Por fim, outro grande acerto da nova temporada, foi ter retornado com o Poe de Chris Conner, agora ganhando mais momentos em tela e uma história paralela emocionante e importante para o enredo.

Trocando os mistérios por mais ação e pirotecnia, Altered Carbon – 2ª temporada não perde o gás, revitaliza a trama e usa de fortes tragédias para fundamentar a força que representa, com uma mitologia rica e uma ficção científica de primeira, abrindo inúmeras possibilidades para um terceiro ano, seja com Takeshi Kovacs ou não.

https://www.youtube.com/watch?v=R7dnS7EHwPY