António Um Dois Três, co-produção Brasil/Portugal

Lisboa, Portugal. António (Mauro Soares) é um jovem que, após passar a noite fora de casa, é cobrado pelo pai devido a uma carta anônima que recebeu. A carta dizia que o filho abandonou a faculdade há cerca de um ano. Diante da situação, António foge de casa e encontra refúgio na casa de Mariana (Mariana Dias), a sua ex-namorada. Então lá ele conhece Débora (Deborah Viegas), uma brasileira que alugou um quarto por um único dia. Os dois acabam então se envolvendo.

Com experiência no teatro como integrante e membro da direção do “Novo Núcleo Teatro” e da “Artes e Engenhos – Associação Cultural” em Lisboa, Mauro Soares estreou no cinema como protagonista deste longa-metragem António Um Dois Três, com o qual recebeu o prêmio “Revelação Caminhos do Cinema Português 2017”.

Já o diretor, de apenas 28 anos, é o cearense Leonardo Mouramateus, já considerado um dos nomes mais promissores do cinema nacional. Carregando uma série de curta-metragens na bagagem, Leonardo mudou-se de Fortaleza para Portugal para continuar a estudar cinema. Pois foi lá que dirigiu seu premiado longa de estreia, António Um Dois Três, em uma co-produção Brasil-Portugal. Assim como em seus trabalhos anteriores, o cineasta recorre a vibrantes personagens jovens-adultos para misturar encontros românticos e paisagens urbanas.

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António Um Dois Três conta a divertida história de um jovem estudante que foge de casa na tentativa de adiar a passagem para a vida adulta e acaba conhecendo Débora, uma brasileira que tem apenas uma noite em Lisboa. O filme traz as aventuras e desventuras de António, este jovem lisboeta que vive as dúvidas e inseguranças inegavelmente comuns dos jovens-adultos na casa dos vinte anos.

Inspirado no livro “As Noites Brancas”, de Dostoiévski, o filme “reverbera o enredo do romance naquilo que toca à juventude, aos encontros furtivos amorosos, e à atmosfera de sonho. Há ainda um certo ardor melancólico, promessas de futuro. Assim como desilusões que unem o filme ao livro. Mas talvez todos esses elementos lá estão porque são questões que atravessam o tempo, e estão presentes na vida de todo mundo em algum momento. Li o romance pela primeira vez pouco tempo depois de chegar a Lisboa, e assim como várias outras referências, essa reverberou em mim, e seu DNA acaba por se sentir no filme“, explica Mouramateus.

Dessa forma, o filme nos traz a confusão de uma vida que pode ser tanto real, quanto teatral, tanto passado, quanto futuro. Aquilo tudo aconteceu, ou ainda vai acontecer? Vida real, palco, passado, arte, presente. Quem é Mariana na vida de António? E quem é Débora? Débora já foi? Já voltou? Mariana está diferente? António evoluiu? Evoluiu como pessoa? Evoluiu como ator? Assim, questões complexas são trazidas à tona de forma suave, numa tela quadrada e sem efeitos especiais.

António Um Dois Três

O longa explora, de forma bastante interessante, principalmente as diferenças culturais entre os dois países. Pois nascido em Fortaleza, Leonardo dirigiu diversos curtas-metragens no Brasil e foi morar em Lisboa para estudar na faculdade de Belas-Artes. Segundo ele, o projeto do longa nasceu de forma natural.

“Vivendo faz pouco tempo em Lisboa, entrei em contato com o Miguel Ribeiro (produtor), e logo depois conheci o Mauro Soares, ator que faz o António. Tínhamos algumas ideias, e toda a concepção da obra surgiu desse e de outros encontros, com a Deborah Viegas, e com a Aline Belfort por exemplo. Nossa ideia era fazer um pequeno filme, de cerca de 30 minutos, a cada 6 meses, com baixo-orçamento, seguindo um mesmo personagem, sem saber exatamente o rumo que a história desse rapaz tomaria. Assim, aos poucos, mais parceiros se juntaram ao projeto. E dois anos depois o filme afinal estreou no Festival de Rotterdam“, ele complementa.

António Um Dois Três entra em cartaz nessa quinta, dia 28 de março.