Arquivo 81 – 1ª temporada

Misturando Dark com Stranger Things, O Bebê de Rosemary e Lost, essa produção originada de um podcast consegue capturar o espectador e o envolver nos primeiros episódios, para logo em seguida provar que se perde num mar de mesmices e excessos. Mas seu erro fundamental está justamente em reunir inúmeros elementos e não sustentar nem a metade. Assim, em Arquivo 81 temos found footage (com fitas VHS), seita para uma entidade antiga, cometa, mofo, bruxaria, sociedade secreta, pseudociência, escrituras perdidas, vizinhança estranha, alternâncias temporais e um mundo alternativo. E eu ainda posso ter me esquecido de algo, provavelmente.

Usando e abusando de clichês do suspense e do terror (o que não seria um problema se a série soubesse subvertê-los depois), Arquivo 81 conta com atuações medianas e alguns apontamentos bastante óbvios. Desde o primeiro minuto você sabe que o galã gentil é o cara cruel e que a instituição que emprega um dos protagonistas tem claramente intenções malignas.

O mistério, portanto, é voltado para a investigação no presente (através da restauração de fitas) que se dá no passado (em 1994, que é convenientemente mostrada em ordem cronológica, inclusive no momento em que novas fitas são apresentadas e complementam certinho o trecho que faltava na linha do tempo que precisa ser apresentada para o público). E tudo isso se arrasta por longos e chatérrimos 8 episódios (talvez se tivesse se focado em 4, teria impactado melhor).

Arquivo 81

Arquivo 81

Um outro aspecto que não faz muito sentido são as dificuldades impostas pelo roteiro, para logo depois criar facilitadores. Exemplo: há uma instalação no meio do nada, sem internet e com limitações tecnológicas. Ok, isso cria uma dificuldade para um protagonista saber mais do que deve, porém, ele consegue sinal num canto da propriedade onde seu amigo, convenientemente pirado e creepy, vai atrás de toda e qualquer informação (desde pesquisas na web até atravessar o país em busca da identidade de alguém). Para que criar a dificuldade, se existe o facilitador logo na manga? Não faz o menor sentido. E a série está repleta de falsas dificuldades, porque logo tem um facilitador na esquina. Parece uma lição não aprendida.

O único atributo realmente valioso por aqui é o trabalho de som. Sendo oriundo de um podcast, era natural um cuidado maior nesse aspecto. Da trilha aos efeitos sonoros, incluindo sons de ambientação e pequenas estranhezas que ecoam pelo ar, tudo nessa parte técnica é acima da média. O que não se pode dizer do roteiro que, ao querer misturar uma salada de coisas para fomentar um mistério, acaba sendo apenas confuso, do mistério pelo mistério, que não tem exatamente nada a dizer, porque tudo está valendo.

Uma regra básica para quem quer fundamentar suspense é estabelecer pequenos símbolos que serão revisitados mais adiante e darão sentido, mesmo que seja um sentido abstrato ou dúbio. Mas Arquivo 81 não só apresenta símbolos, como os deixa pelo caminho e apresenta novos símbolos, e depois outros, com um suplantando o anterior e assim criando uma confusão desconexa e que mostra clara inabilidade no texto.

Mas claro, pode impressionar os mais jovens, aqueles carentes e órfãos de obras-primas como Dark. Não chega aos pés, nem no dedo mindinho, mas muitos se emocionam com pouco hoje em dia, então é provável que essa série sobreviva para uma segunda e desnecessária temporada.

Nome Original: Archive 81
Elenco: Mamoudou Athie, Dina Shihabi, Evan Jonigkeit, Julia Chan
Gênero: Drama, Terror, Mistério
Produtora: Atomic Monster
Disponível: Netflix
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