Barrabás – Encontre Suas Respostas
"Os pecadores adoram ver um inocente ser punido"
Estamos diante de uma versão cinematográfica do romance “Barrabás” de Marie Corelli. Este longa narra a jornada de Barrabás em busca da verdade sobre Jesus Cristo, após ser condenado por Pôncio Pilatos.
Diferentemente de outras representações cinematográficas que abordam a vida de um dos personagens mais controversos da história e que ainda influencia milhões de pensadores e religiosos pelo o mundo afora, Cristo é representado apenas de maneira simbólica. Dessa forma, a trama principal diz respeito à busca do personagem título pela justiça, pelo sentido da vida e da morte, que talvez encontrará na pergunta: esse homem que foi crucificado no meu lugar, além de ser inocente, era ou não era quem dizia ser?
O cenário é Jerusalém, em 33 Anno Domini. A ação começa no ponto culminante da Grande História, a execução de Cristo. Neste momento, assim como a História, o coração de Barrabás também afunda em uma escuridão sem precedente, pois está vendo um homem ser executado simplesmente por dizer que é filho de Deus, enquanto ele, um ladrão e assassino, está sendo solto pelo desejo do povo.
Barrabás
Como toda boa produção artística que não subestima a inteligência do outro, a construção de uma cena deve ser citada nestes breves comentários. Diferentemente de outros longas, onde a expressividade de Cristo era representada por meio dos seu olhar, aqui a síntese está nas mãos do espectador, visto que em nenhum momento o rosto de Cristo, nas pouquíssimos cenas onde aparece, é focado.
Este recurso de “tese, antítese e síntese” nos cinemas, lembrou-me daquela cena do clássico O Encouraçado Potemkin, a fatídica cena do carrinho de bebê na escadaria. Pois em Barrabás, esse mesmo recurso é utilizado diante da perplexidade de Pilatos ao encarar o olhar de um homem santo.
Segundo o próprio de diretor Evgeniy Emelin, o longa pode ser classificado como “um dogma religioso de ficção”, afinal, existem personagens que não aparecem em nenhum livro do novo testamento nem nos apócrifos. Assim como a irmã de Judas Iscariotes, que surge desempenhando um papel importantíssimo na trama.
Homem e Natureza
Ao logo de sua busca, Barrabás é acompanhado por um sábio chamado Belquior que, segundo “São Beda” (673 – 735 a.c) foi discípulo de um profeta da pérsia chamado Zaratrusta. Chamo atenção a este personagem, pois são de seus lábios que jorrarão reflexões sobre a vida e a morte; aconselhamentos que revelam um conhecimento de outra ordem, um conhecimento que é alcançado por meio de uma visão harmônica entre o Homem e a Natureza.
A pergunta que inquietará a jornada de Barrabás e o fará trilhar o caminho do verdadeiro Cristão, aquele que encara a morte como um leopardo à sua presa, é: o profeta que foi executado em seu lugar era realmente “o verbo que se fez carne”, o ungido, o escolhido, o Deus Vivo?
Por fim, Barrabás é um filme artístico incrivelmente bonito, com imagens brilhantes que fazem lembrar, às vezes, um conto de fadas. A expressividade dos atores, principalmente de Pavel Kraynov, que interpreta o personagem Barrabás, emocionou pessoas e encheu salas e festivais pelo mundo todo. Ah, e como diz Belchior, personagem representante do saber místico, em uma das passagem mais belas deste filme:
“ Barrabás, a natureza é a expressão da mente de Deus”.