Campeões, um refresco de super-heróis

Eu já li tudo o que foi publicado dos Campeões, que agora tá sendo lançado por aqui. A Panini Comics Brasil resolveu colocar o “Homem-Aranha” junto do título, mas não se deixe enganar pela capa: a arte interna é de Humberto Ramos, que depois de uma longa e péssima fase como artista da Marvel, retorna um pouco mais à vontade — ainda que instável — nesse título, onde claramente está se divertindo com os enquadramentos malucos, a narrativa mais solta e os personagens teens que mais se assemelham ao seu antigo trabalho autoral em Crimsom.

O roteiro é do sempre ótimo Mark Waid, ainda que os temas mais polêmicos sejam abordados de maneira inconstante (ora bem executada, ora rasa) por aqui: envolvendo escravidão infantil, oriente médio, bullying etc. Para uma HQ com grupo jovem, voltada para jovens, confesso que particularmente achei estranho alguns temas mais pesados postados à mesa, muitos deles dos quais nem mesmo os mais maduros e ‘adultos’ Vingadores e X-Men chegam a lidar.

Os fãs da velha guarda da Marvel, que por alguma razão detestam esses novos heróis “lacradores”, jamais passarão perto do título, o que é uma pena, apesar de previsível. O gibi é bem bacana e divertido acima de tudo, com uma arte que orna o tempo todo com o argumento. No enredo geral, depois de se desapontar com os grandes super-heróis — que colocam a missão a frente do povo — a jovem Miss Marvel sai dos Vingadores e se compromete a montar uma equipe mais intimista, que vai solucionar casos menores, que afetam as pessoas no cotidiano (ou seja, sem invasões alienígenas, grandes maquinações corporativas ou guerras entre colossos etc), formando assim os Campeões, uma turma a princípio composta pelo orgulhoso Hulk Amadeus Cho (as piadinhas com sua superforça e super-inteligência são intermináveis), o sensato Homem-Aranha Miles Morales (que ao lado da maduríssima Kamala Khan é o mais conhecido por aqui), o eficiente Sam Alexander (o novo Nova ), Viv — a filha do Visão (que acabou de ganhar um título solo elogiadíssimo que explica sua origem e sua tragédia familiar) — que faz as vezes do Sheldon da equipe, e posteriormente o jovem-velho Scott Summers, aquele Ciclope do passado, que foi trazido de uma realidade alternativa anos atrás pelo Fera do presente (não entendeu? Vá ler X-Men ) — que acaba sendo o mais experiente herói dentre todos, por razões óbvias.

O roteiro entende cada um dos personagens e conquista os leitores através dos diálogos ágeis, espertos e que conversam com seu público-alvo. Os melhores momentos com certeza se dão entre os heróis mirins, cada qual com sua própria voz e atitude, o que favorece a singularidade do título. Ou seja, não precisa de muito pra sacar que Miles e Nova se dão super bem como qualquer um que teve um velho amigo de infância; Kamala acaba assumindo um perfil mais militante, deixando para Viv e Hulk o posto de cérebro da turma (e para o verdão, o de força bruta também), com Ciclope mantendo a liderança natural, ainda que ele também carregue um Q de Capitão América, por ser deslocado no tempo, vivendo numa época bem diferente da sua, que ainda está se adaptando. Posteriormente, outros jovens heróis — em maior parte vindo de minorias, criados recentemente pela Marvel — acabam fazendo participações especiais na equipe: como o novo Falcão (que é bizarramente também um híbrido com Asa Vermelha), a Vespa Nadia Pym, um inseguro Patriota saído do antigo Jovens Vingadores, a Riri Williams Coração de Ferro, entre outros tantos que são adições bem-vindas a essa nova equipe.

Das novidades interessantes, temos A Chapolin Colorado (ou seria a Gafanhoto Escarlate — como ficará isso, Carol Pimentel), uma homenagem direta da Marvel para o maior super-herói mexicano de todos os tempos (a pedido do próprio Ramos).

Enfim, Campeões é um título bacana, que vale acompanhar, ainda mais porque refresca o gênero um tanto saturado de supers. E pra quem curtiu Fugitivos e Jovens Vingadores — e até mesmo os da DC: como Titãs e Jovens Titãs, é recomendadíssimo! 

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