Chamas da Vingança
Inspirado no livro de Stephen King
Antes de se casarem, Andy (Zac Efron) e Vicky McGee (Sydney Lemmon) participaram de um misterioso teste na faculdade, que lhes deixou como sequelas alguns poderes paranormais. Quando a filha dos dois, Charlie (Ryan Kiera Armstrong), nasceu, eles logo notaram que ela era ainda mais poderosa e, além de ter os poderes dos pais, ela ainda é capaz de criar um incêndio apenas com a mente.
Andy e Vicky resolveram viver uma vida normal, e para que a organização que os testou não descobrissse onde eles estão ou que Charlie é tão poderosa, eles vivem se escondendo e mudando de nome. Tudo muda quando eles são finalmente encontrados, e agora precisam fazer de tudo para sobreviverem, inclusive usar os poderes que eles tanto detestam.
Chamas da Vingança é inspirado no livro A Incendiária, de Stephen King.
Charlie
Chamas da Vingança é um filme que acompanha toda a família McGee, mas coloca boa parte de sua atenção em Charlie, de apenas onze anos. Charlie é uma menina fora do comum que desde pequena demonstra ter poderes paranormais, ela pode movimentar objetos, convencer pessoas e começar um incêndio só com a sua mente. O interessante da trama do filme, que também está presente no livro que deu origem a ele, é o fato de que existe uma explicação para os poderes de Charlie e que embora eles estejam concentrados nela, a “culpa” disso é dos seus pais e do laboratório que os testou.
Andy e Vicky McGee, os pais de Charlie, participaram de um experimento na faculdade do qual eles pouco sabiam, mas que os deixou com sequelas. Vicky pode mexer objetos com a sua mente e Andy tem a habilidade de convencer qualquer pessoa e, por isso, trabalha como coach. Charlie, a filha dos dois, nasceu com os dois poderes e ainda é capaz de provocar incêndios.
Chamas da Vingança então, acompanha essa garotinha que carrega um fardo enorme, com o qual ela não sabe lidar muito bem e do qual não tem culpa nenhuma, mas é essencialmente um filme que retrata uma família que tenta, a todo custo, ser normal. O filme começa mesmo quando a corporação que fez o teste, que obviamente sabe da existência de Charlie e de seu potencial, descobre onde a família está vivendo e passa a persegui-la. Eles querem capturar Charlie e testá-la, e a partir daí, a menina precisa controlar seus poderes e seus pais precisam defendê-la com os poderes que eles têm, mas que não gostam de usar.
Relação pai e filha
Muito da trama de Chamas da Vingança se baseia na relação de Andy e Charlie. Como é mencionado várias vezes ao longo do filme, os dois têm uma ligação especial.
É comum nas obras de King que o protagonismo da história esteja nas mãos de uma criança, que com frequência tem poderes ou obrigações muito maiores do que pode carregar. Boa parte do percurso da trama se dá no crescimento dessa criança e na percepção de que ela terá que enfrentar um perigo e aceitar o dom que lhe foi dado ou a situação que vem à sua frente. Chamas da Vingança faz exatamente isso com Charlie, no começo ela não compreende os seus poderes e nem como usá-los, mas ao longo do filme ela percebe que ela própria é a sua única esperança.
O que tem de diferente aqui, no entanto, é a trama que envolve a família de Charlie. Seus pais não só sabem de seus dons, como também têm seus próprios poderes e, por isso, se comportam de maneira diferente de outros adultos que aparecem em outras obras de King: Andy e Vicky se sentem culpados por transmitirem os genes para Charlie e fazem de tudo para escondê-la e, mais tarde, protegê-la.
A ideia é bem interessante porque coloca toda a família no centro da trama e apresenta essa personagem, que na teoria é extremamente indefesa, mas que na realidade, é a pessoa mais poderosa da história, entretanto o filme não se sai muito bem nesse quesito, e temos pouco tempo de Charlie com a família e pouco desenvolvimento desses vários sentimentos que circundam a história.
Aspectos técnicos de Chamas da Vingança
“A Incendiária” foi publicado em 1980 e para esse remake foram feitas algumas adaptações: o filme se passa nos dias de hoje, e sabemos isso não só pelos figurinos, como também porque alguns personagens mencionam que existem celulares, computadores e internet. A família de Charlie, no entanto, não usa nenhuma dessas tecnologias, já que elas podem ajudar a corporação a encontrá-los, então, a adaptação não é completa, uma vez que o filme não precisa de fato inserir tecnologias modernas nessa trama dos anos 1980 e sim, só as mencionar. Como a justificativa para tal tem um certo sentido dentro da trama, isso não salta tanto aos olhos. A profissão de Andy também é típica dos dias de hoje, nessa nova versão, ele usa seus poderes de convencimento para trabalhar como coach.
É óbvio que Chamas da Vingança tem como fonte um bom material, com uma história redonda e personagens de quem é fácil gostar, mas o longa, por outro lado, parece ter um pouco de dificuldade de passar isso para as telas. Não que o filme não seja fiel, ele é bem respeitoso com a obra de King, mas ele exagera um pouco no melodrama e descaracteriza um pouco da trama original, que mesmo tendo uma preocupação com seus personagens e o que eles estão sentindo, é focada nesses testes absurdos que criaram para Charlie.
Esta também não é uma produção pequena, mas o longa, em alguns momentos, beira ao trash, como por exemplo, quando Charlie incendia as coisas – que é, naturalmente, um dos momentos mais aguardados -. Não é que seja conscientemente trash, como acontece com filmes que querem homenagear esse subgênero, ele o faz sem notar, ele se leva a sério demais, mas não apresenta efeitos que condizem com isso. O resultado é que é difícil acreditar totalmente nos incêndios que Charlie provoca, que são o principal combustível da história.
O elenco é razoável e se sai bem, com exceção de Ryan Kiera Armstrong, que soa um pouco forçada em suas falas, mas o filme, de uma maneira geral, é escuro e só ganha cores quando as coisas começam a, literalmente, pegar fogo.
Chamas da Vingança não é um filme terrível, ele é uma adaptação fiel, mas seu tom melodramático e um tanto quanto cafona não faz jus à história de Stephen King, que é emocionante e assustadora na medida certa. O filme chega aos cinemas no dia 19 de maio.