Como Seria se…?
Uma personagem, duas histórias
Na noite de sua formatura da faculdade, Natalie (Lili Reinhart) faz um teste de gravidez e sua vida se divide em duas realidades: uma em que o teste dá positivo e ela volta para a casa dos pais (Luke Wilson e Andrea Savage) para criar a filha, mas sem se casar ou morar junto com o pai da menina, o amigo de Natalie, Gabe (Danny Ramirez); e outra em que o teste dá negativo e ela se muda para Los Angeles para buscar uma carreira no cinema de animação.
Nas duas realidades, Natalie se questiona sobre as suas escolhas e as consequências delas.
Duas vidas diferentes
Como Seria se…? é uma comédia romântica, ainda que incorpore vários aspectos um pouco mais atuais ao gênero, e por isso segue alguns preceitos meio básicos, o grande diferencial do filme são as duas linhas do tempo que retratam a vida da mesma pessoa.
Aqui acompanhamos Natalie, que acaba de se formar na faculdade e começa a sentir enjoos. Sua melhor amiga, Cara (Aisha Dee), sugere que ela faça um teste de gravidez e, então, a vida de Natalie e o filme se dividem em duas tramas diferentes. Em uma Natalie, de fato, está grávida e resolve voltar para a casa dos pais, onde vai criar sua filha, mas não vai se casar ou ter qualquer relacionamento romântico com Gabe, o pai da menina. Na outra, ela vai para Los Angeles e começa a trabalhar com Lucy Galloway (Nia Long), uma famosa animadora que Natalie admira há muito tempo e começa um relacionamento com seu colega de trabalho, Jake (David Corenswet).
Em um universo micro, Como Seria se…? está falando especificamente da vida de Natalie, as escolhas são dela, afinal de contas, mas em um universo macro, os questionamentos pelos quais Natalie passa são bem próximos dos questionamentos de diversas mulheres que estão inseridas no mercado de trabalho, mas que também tem ou querem ter filhos e que sentem que precisam escolher entre uma coisa ou outra. Mas claro que em se tratando de uma comédia romântica, as coisas se resolvem de maneira um pouco mais simples e mais rápida do que na vida real.
Dúvidas e questionamentos
A principal ideia de Como Seria se…? parece ser mostrar que nossas escolhas mudam o nosso destino, mas que mesmo que elas sejam acertadas, os questionamentos continuam existindo, nenhum ser humano está cem por cento seguro de suas escolhas e isso acontece com Natalie também.
Na realidade onde ela se torna mãe, ela jamais questiona seu amor pela filha, mas se pergunta como seria sua vida se ela tivesse uma carreira, mais do que isso, ela às vezes fica em dúvida se foi uma boa ideia não se casar com Gabe. Já na realidade em que ela não está grávida, ela se pergunta sobre sua carreira, tem dúvidas se ainda quer ser animadora e questiona seu relacionamento com Jake, especialmente depois de passar muito tempo que eles estão juntos.
Uma coisa interessante de Como Seria se…? é que ele não determina que um destino é melhor que o outro, o longa deixa claro que existem benefícios e malefícios nas duas realidades de Natalie, e que essa é uma experiência bem humana.
Aspectos técnicos de Como Seria se…?
O roteiro segue alguns preceitos das comédias românticas, mas se difere em alguns pontos, a trama principal do filme não é, por exemplo, as relações românticas de Natalie, ela se relaciona com Gabe, seu amigo, e com Jake, mas esses personagens são espécies de adereços na trama total da vida da protagonista. O filme prefere falar muito mais da carreira de Natalie, e quando fala de sua vida pessoal, fala de sua relação com a filha.
O filme também trabalha com alguns aspectos fantásticos, como por exemplo, a divisão de realidades que nunca é exatamente explicada, não sabemos se Natalie realmente viveu essas duas vidas, se tudo é um sonho, uma imaginação ou se o longa é uma grande análise de como a nossa vida pode mudar de acordo com nossas decisões, mas é fácil comprar a trama porque as duas vidas de Natalie são muito calcadas na realidade.
Mas o longa também se esforça em diferenciar essas duas realidades, e o faz também pelos elementos visuais. Natalie usa tamanhos de cabelos diferentes em cada uma das realidades, assim a audiência consegue perceber qual vida da protagonista está acompanhando. As cores da fotografia e do figurino também mudam: na realidade onde Natalie é mãe, tudo é em tom de cor de rosa e na realidade onde Natalie não está grávida, a predominância é dos tons azuis. Isso pode passar despercebido para boa parte da plateia, mas fica no subconsciente e também ajuda a não confundir quem está assistindo.
O longa tem atuações relativamente competentes, que se saem bem e que funcionam dentro da proposta, mas nenhuma é especialmente incrível, embora seja fácil simpatizar com a personagem de Lili Reinhart.
Como Seria se…? se difere de outras comédias românticas porque não só soa mais moderna, como também soa realista e é uma espécie de retrato da vida, independentemente das escolhas que fazemos. O filme está disponível na Netflix.