Do Inferno, de Alan Moore

Sinopse: Jack Estripador, pelo criador de Watchmen e V de Vingança.
Essa é a história de Jack Estripador, o mais misterioso e famoso assassino de todos os tempos. Escrita por Alan Moore, o criador de histórias em quadrinhos como Watchmen e V de Vingança, Do Inferno é uma reflexão a respeito da mente enlouquecida cuja violência e selvageria deu início ao século 20. Do Inferno entrou na lista de best sellers do The New York Times, recebeu todos os principais prêmios do mundo dos quadrinhos, elogios entusiásticos de toda a imprensa, ganhou uma versão para cinema estrelada por Johnny Depp e foi aclamada como a mais importante graphic novel já produzida.

Fonte: https://www.saraiva.com.br/do-inferno-8220842.html

Jack, o Estripador é provavelmente o Serial Killer mais conhecido do mundo. Ele agiu em Whitechapel em 1888 e sua identidade foi um mistério por mais de um século, então, é natural que tenha surgido muita literatura e dramaturgia em torno do assunto. Do Inferno é provavelmente a obra mais interessante sobre ele.

Até pouco tempo atrás, ninguém sabia quem tinha sido o verdadeiro Jack, o Estripador, então é claro que a história que Do Inferno nos apresenta é ficção, embora tenha alguns aspectos inspirados em fatos reais.

No quadrinho, acompanhamos a história de vários pontos de vista: Frederick Abberline, o inspetor de polícia responsável por investigar os crimes do Estripador, Príncipe Albert, neto da Rainha Victoria, que foi criado entre os boêmios de Londres e que durante muito tempo, foi um dos suspeitos do caso, as vítimas de Jack, quando ainda vivas, e até a própria Rainha Victoria. Todas essas pessoas de fato existiram e muitas delas estavam de fato envolvidas no caso.

Do Inferno parte de uma teoria sobre o caso que especula que o Príncipe Albert teria tido uma filha com uma ex-prostituta e que os assassinatos de Jack seriam uma forma de calar as testemunhas restantes. Hoje em dia sabe-se que essa teoria é apenas ficção, mas na época do lançamento, ela ainda era uma hipótese plausível e mesmo sendo um trabalho de ficção, a história pensada por Moore funciona e é bem desenvolvida.

Trecho da HQ de Alan Moore

Usando os crimes como plano de fundo, Moore consegue falar de muitas outras coisas como a própria era Victoriana e como Londres era naquela época, a sujeira e a miséria da cidade são retratadas com perfeição no quadrinho, assim, como é retratado o reinado da Rainha Victoria, o último reinado a ter poder absoluto na Inglaterra, antes de se cunhar o cargo de primeiro ministro. A posição da mulher na sociedade da época também é um dos pontos do quadrinho, as mulheres de Do Inferno são em sua maioria prostitutas, que ganham a vida da maneira que conseguem e não podem se dar ao luxo de recusar clientes, mesmo sabendo da ameaça que ronda as ruas. Uma delas inclusive é atraída pelo assassino com um cacho de uvas, que é aceito com prontidão, já que a mulher não comeu nada o dia todo. A suposta mãe da filha do Príncipe Albert, Annie Crook, tem um destino ainda pior: jogada em um hospício, aonde passa por um processo de lobotomia para que não se lembre do seu relacionamento com o príncipe, uma situação nem um pouco incomum até não muito tempo atrás.

Com esse tópico, o autor ainda consegue falar sobre a crueldade nos cuidados dos doentes mentais da época, em que se sabia pouco, e portanto, usava-se de práticas hoje em dia consideradas até criminosas.

Embora os assassinatos nessa versão aconteçam apenas como uma maneira de calar as vitimas, a obra fala de machismo em muitos momentos, seja no boca a boca do povo que acha que as mulheres assassinadas mereceram, já que eram prostitutas, seja pela maneira violenta com que elas são assassinadas.

Cena do filme de 2001.

Moore também analisa o quanto de responsabilidade nos crimes a sociedade Inglesa tem, já que o povo Inglês na época vivia, em sua maioria, na pobreza, jogando muitas pessoas em trabalhos escusos e perigosos, atraindo assim a atenção de Jack.

Existe uma frase famosa atribuída a Jack, o Estripador que diz: “Um dia os homens olharão para trás e dirão que eu fiz nascer o século XX” e Moore usa muito dessa ideia em Do Inferno. Ele intercala os acontecimentos referentes ao Serial Killer com outros fatos importantes do futuro, como o nascimento de Hitler e consequentemente a ideia da Segunda Guerra Mundial, estudos que resultariam na criação da bomba atômica, entre outras coisas.

Para quem ficou curioso sobre o nome do quadrinho, Do Inferno faz alusão ao remetente de uma carta que a policia de Whitechapel recebeu e que foi atribuída a Jack. Junto da carta, foi enviado metade de um rim humano.

A famosa carta “Do Inferno”

As ilustrações foram feitas por Eddie Campbell e o quadrinho foi publicado originalmente em série. Atualmente ele pode ser encontrado em volume único, publicado pela Veneta.

Do Inferno foi adaptado para o cinema em 2001 e tem Johnny Deep no papel de Frederick Abberline e Heather Graham, como Mary Kelley.

Embora hoje em dia se tenha certeza que Do Inferno não passa de ficção, tudo na história é muito bem pensado e bem entrelaçado, e de uma maneira ou de outra, informa o leitor sobre o caso. Mesmo assim, Do Inferno vale a pena, nem que seja para te deixar acordado a noite, depois de soltar o livro.

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