Doce Entardecer na Toscana, reflexão sobre xenofobia

Em Doce Entardecer em Toscana acompanhamos Maria (Krystyna Janda), uma escritora renomada que nasceu na Polônia, mas que se mudou com os pais ainda pequena para a Itália, fugindo da segunda guerra mundial. Ela é casada com Antonio (Antonio Catania), um homem italiano, tem uma filha, Anna (Kasia Smutniak) e dois netos (Mila Borcuch e Wiktor Benicki). A vida de Maria parece perfeita.

No entanto, a mulher não está completamente satisfeita. Já se sentindo velha e achando que não é mais atraente, ela corresponde ao flerte de Nazeer (Lorenzo de Moor), um imigrante mais jovem.

A relação de Maria e Nazeer, que é retratada no filme de maneira sutil e delicada, parece ser respeitosa e amorosa, mesmo que existam diferenças palpáveis entre os dois: a idade, as profissões (Maria é escritora e Nazeer é dono de um restaurante), suas nacionalidades e, claro, o fato de que Maria mesmo sendo uma imigrante, é vista como uma moradora da Toscana, enquanto Nazeer ainda é visto como imigrante.

Doce Entardecer na Toscana e a Xenofobia

O assunto principal do filme, na verdade, é a xenofobia. No começo do filme, percebemos que o lugar está recebendo muitos imigrantes e que de repente, isso começa a se tornar um problema. A família de Maria parece aceitar bem os novos moradores, mas ainda faz comentários que parecem elogiosos, mas que na realidade são preconceituosos, como: “ele é melhor que qualquer rapaz daqui” ou “trabalha muito melhor que qualquer pessoa daqui”.

Quando Salvo, o neto mais novo de Maria, desaparece e depois é encontrado sã e salvo no carro de Nazeer, a cidade e a família do menino passam a olhar o homem de maneira estranha. Ninguém parece acreditar na possibilidade do menino ter entrado no carro por conta própria e dormido lá, que é o que Nazeer alega que aconteceu. A situação se intensifica quando um ato terrorista atinge Roma, deixando todos em pânico.

Doce Entardecer na Toscana é um filme que questiona a xenofobia, uma vez que a protagonista é completamente a favor de que os imigrantes morem na Toscana, e tenta com frequência debater o assunto com os outros moradores. Maria também é uma imigrante, com pais sobreviventes do holocausto, que vê como problemática toda essa xenofobia. No entanto, o fato dela defender a sua opinião pode lhe custar o respeito que ela tem na sua comunidade.

Aspectos técnicos

Doce Entardecer na Toscana não é um filme que usa de efeitos e nem tem uma super produção, mesmo porque esse nem é o foco do filme. O longa quer falar sobre xenofobia e sobre intolerância e se sai relativamente bem.

O filme vai apresentando as coisas ao pouco tentando explicar o motivo da raiva contra os imigrantes que vai crescendo na população. Para quem vê de fora, essa raiva parece precipitada, mas para os personagens que não veem tudo que acontece no filme, faz sentido.

O tema é bem atual, nunca se falou tanto sobre xenofobia e o medo dos imigrantes, como a desculpa de que todos são necessariamente criminosos está presente no discurso de muita gente. O filme, claramente quer se contrapor a isso.

O elenco

Também podemos acompanhar boas atuações como a de Krystyna Janda, Kasia Smutniak e Lorenzo de Moor. Doce Entardecer na Toscana é um filme que tem uma trama interessante e um bom ponto de vista, no entanto, ele se perde em cenas um pouco desnecessárias e que não acrescentam nada na história e acaba se tornando cansativo e sonolento.

Com uma boa mensagem, mas com uma execução mediana, Doce Entardecer na Toscana não entrega tudo o que promete e acaba cansando o público. O filme entra em cartaz no dia 12 de março.