Duna: a melhor versão!

A série Duna, de Frank Herbert, rendeu 6 livros no total, que foram escritos entre 1965 e 1985, se tornando grandes clássicos da literatura Sci-Fi/Fantástica pelo mundo todo. O filme de 2021 dirigido por Dennis Villeneuve é baseado no primeiro livro dessa saga.

A primeira tentativa de adaptação da obra para o cinema

David Lynch, diretor que é mais conhecido pelos seus filmes excêntricos e bizarros (Veludo Azul, Eraserhead) foi o diretor da versão de Duna para o cinema em 1984, e é óbvio que sua visão excêntrica gerou fortes intrigas com a Universal, que bancou o filme na época, cortando a versão de 4 horas que Lynch fez, reformatando o enredo em 2 horas, numa edição final desencontrada com o que o diretor queria. Essa versão virou cult hoje em dia, mas Lynch sempre coloca Duna como sua pior experiência no cinema.

Dune (8/9) Movie CLIP - Riding the Sandworm (1984) HD animated gif

Outras versões do filme tentaram colar as cenas perdidas na produção final, rendendo uma versão estendida, mas Lynch se recusa até hoje em revisitar o longa e fazer sua Final-Lynch-Cut (versão final do diretor), tamanho o trauma envolvido.

É com esse desafio que Dennis Villeneuve encara sua versão para a saga épica de Duna. Após o aclamado Blade Runner 2049, focado num visual deslumbrante, o diretor foi escalado para o remake de Duna e houve grandes especulações se ele daria conta do recado.

Duna: resumo da trama

O contexto de Duna se passa numa realidade interespacial, onde coexistem uma mistura de futurismo (tecnologia) com políticas medievais (monarquias, feudos, impérios). Os planetas são controlados por casas e etnias diferentes coincidindo em relações de poder complexas e interesses econômicos, que já causaram muitas guerras no passado, mas que nos dias atuais se mantém numa linha tênue entre a paz e o surgimento de uma nova guerra universal.

Duna

Paul Atreides (Timothée Chalamet) é herdeiro do trono da casa Atreides, onde seu pai Duke Ledo Atreides (Oscar Isaac) é rei. Sua mãe, Jéssica Astreides (Rebecca Ferguson), é também descendente de uma seita feminina de feiticeiras chamada Bene Gesserit, na qual influenciam os governos de todo o universo como conselheiras, como se fossem um poder paralelo ao dos homens da política real. Paul descende dessas duas linhagens, herdando poderes e sensibilidades únicas.

Paralelo a isso existe uma grande organização obscura chamada Corporação Espacial, que domina as viagens espaciais, tudo isso governado por um Imperador central, que tenta manter as relações humanas/políticas/ econômicas no eixo.

Um dos focos da história está numa substância chamada Melange, uma especiaria alucinógena que expande a mente de quem o consome, dando poderes diferentes a cada casa/povo. Essa especiaria só é encontrada no planeta Arrakis, que é dominado por um clima deserto e hostil à vida humana, onde a água é o bem mais valioso. Nesse planeta coexiste um povo que conseguiu se adaptar ao clima extremo, chamado de Fremen. Esse povo vive de forma tribal e alinhado à natureza do planeta, tendo uma relação mais natural com os seres vivos como os Shai-Hulud, vermes/minhocas gigantes que habitam os desertos.

Essa especiaria é o foco central da trama, onde as intrigas político/econômica/militar vão gerar o recheio da história, e a espera de um Messias para organizar toda a bagunça que virá a seguir.

Duna

Produção monstruosa

Tendo como referência a versão de 1984 de Duna, Dennis Villeneuve teve o grande desafio de não cometer os mesmos erros de produção. Para finalizar o novo longa, os custos foram de nada menos que 165 milhões de dólares.

O filme aguenta as 2 horas e 35 minutos numa trama detalhada e tensa. A direção de arte está impecável. A fotografia é realmente ultra detalhada, com nuances de cores e texturas incríveis, os detalhes do design de produção das naves e maquinários estão exemplares. A sonoplastia é totalmente intimista nas cenas com diálogos, fortemente provocadora nas cenas de ação, e monstruosa nas cenas com os Shai-Hulud (vermes gigantes).

Duna

Villeneuve consegue dar substância e vida à primeira parte do livro de Frank Herbert, que confesso ser de leitura complexa. A história é cheia de referências religiosas, políticas e entraves econômicos, muitas intrigas entre as casas e nomes de personagens difíceis de decorar. Os livros são conhecidos como detalhistas demais e deixam a história longa e cansativa, muitos o comparam com o J.R.R. Tolkien de O Senhor dos Anéis, que aliás, odiou Duna quando foi lançado.

Em resumo, este é um filme feito para se ver na tela grande, não por acaso o diretor recusou sua estreia direta no streaming, antes de passar pela clássica turnê pelos cinemas do mundo todo. Lembrando que a Warner e os investidores queriam o filme no HBO MAX o quanto antes, para compensar o atraso e dividendos que a pandemia trouxe, mas o longa só chega 35 dias depois da estreia no cinema no streaming, respeitando a clássica janela de lançamento.

A nota máxima para esse filme é merecida! Se possível, assistam a esse filme no cinema para terem a melhor contemplação possível. Milhões gastos em cenas visuais impressionantes para ser visto na tela de um celular, ou em um torrent de péssima qualidade, gravado do cinema, vão atrapalhar a sua imersão e entendimento do filme. A estreia acontece amanhã, 21 de outubro.

Extras:

– Os livros estão sendo lançados no Brasil pela Editora Aleph.
– A versão do filme de David Lynch você confere no Prime Video.
– Fora os filmes, pesquisem sobre as séries e jogos de vídeo games que expandem a mitologia da saga.
– E fica a dica de uma banda dos EUA de Hardcore que leva o nome de Shai Hulud, que eu adoro.

Duna

Nome Original: Dune
Direção: Denis Villeneuve
Elenco: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Zendaya, Oscar Isaac, Jason Momoa, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Javier Bardem
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Produtora: Warner Bros., Legendary Entertainment, Villeneuve Films
Distribuidora: Warner Bros.
Ano de Lançamento: 2021
Etiquetas

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo
Fechar