Estás Me Matando Susana, com Gael Garcia Bernal

A descrição de um relacionamento de opostos

Em Estás Me Matando Susana, Eligio (Gael García Bernal de Ensaio Sobre a Cegueira) acorda um dia e descobre que sua esposa, Susana (Verónica Echegui de Fuga Implacável) sumiu. Ele sai investigando e descobre que ela foi fazer um curso de escrita em Iowa, EUA. Eligio então, resolve ir até lá para recuperá-la.

Estás Me Matando Susana!

O filme é inspirado no livro Cidades Desertas, que o diretor escolheu adaptar para o cinema porque se identificou com o protagonista.

O ponto mais forte em Estás me Matando Susana é o embate entre Eligio e Susana. Ele é um homem machista e que só dá valor à esposa quando a perde. Ela por sua vez, tem ideias feministas, mas aceita as atitudes de Eligio por tempo demais.

Gael García Bernal e Verónica Echegui em cena do filme
Gael García Bernal e Verónica Echegui em cena do filme

Eligio só consegue entender o que perdeu, quando percebe que Susana não só está nos Estados Unidos, mas que possivelmente já partiu para outra.

Mesmo quando ele vai atrás dela, disposto a reconquistá-la, ele não é capaz de mudar. Ele mantém as mesmas ideias que teve a vida toda e repete padrões do relacionamento dos dois.

Nada muito aprofundado

De uma maneira bem leve, o filme fala sobre machismo e feminismo. Susana quer ser mais livre e principalmente quer alguém que a valorize. Já Eligio quer a certeza de uma esposa em casa, enquanto ele está na rua com outras mulheres. Quando ele descobre que Susana está saindo com um colega de curso (Björn Hlynur Haraldsson), ele se sente no direito de cobrar fidelidade dela. Mesmo que ele a traia com frequência! Além disso, ele também está flertando descaradamente com uma aluna (Ashley Hinshaw) do curso de Susana. Para Eligio, a relação dos dois tem dois pesos e duas medidas.

O filme foca bastante nas diferenças entre o casal
O filme foca bastante nas diferenças entre o casal

Mais algumas questões atuais

A dicotomia também aparece quando se fala do México, aonde os personagens moram, e dos Estados Unidos, aonde eles se encontram. O filme dá bastante ênfase a relação de amor e ódio que existe entre os americanos e os mexicanos.

Nesse aspecto o longa fala rapidamente sobre xenofobia. Muitos mexicanos sonham em morar nos Estados Unidos, pois acreditam que lá terão uma vida melhor. Mesmo que eles tenham que viver quase uma subvida como imigrantes, sofram preconceito e muitas vezes, corram o risco da deportação. Esse não parece ser o caso de Eligio, que só está em solo americano atrás de Susana. Por outro lado, os americanos agem como se estivessem fazendo um favor para o protagonista.

Ele tem problemas na imigração, porque não sabe informar quando pretende voltar para o México e porque não tem muitas informações em relação ao lugar onde vai se hospedar. O taxista que o leva para a universidade diz, de maneira quase inocente (mas não por isso menos xenófoba), que ele “não parece mexicano”. Algumas pessoas dão a Eligio as boas vindas a América, ao que ele responde com “obrigado, mas eu já estava na América”.

Gael García Bernal é Eligio
Gael García Bernal é Eligio

Estás me matando, Gael!

Embora os americanos acreditem que Eligio está realizando o seu maior sonho só por estar pisando em solo americano, o protagonista parece não ligar a mínima para isso.

De modo geral, o elenco está muito bem. Claro que o destaque fica para Verónica Echegui que interpreta Susana e Gael García Bernal, que faz um personagem bem diferente do que estamos acostumados a ver. Ele convence a plateia a ponto de você ficar com raiva dele. Segundo o diretor, Roberto Sneider, o elenco trabalhou bastante com improvisação, o que funcionou muito bem, afinal o filme parece natural e quase cru.

Talvez pelo livro ter sido escrito há um tempo, o conteúdo tem alguns resquícios de machismo. Isso até seria interessante se servisse como uma maneira de dar uma lição ao protagonista. Mas o longa fica devendo isso ao espectador, que sai do cinema sem entender muito bem o que o diretor quis dizer.

Ashley Hinshaw e Gael García Bernal em cena do filme
Ashley Hinshaw e Gael García Bernal em cena do filme

O resultado de Estás Me Matando Susana é uma mistura de comédia romântica, com drama e toques de suspense. Pode prender o espectador por um tempo e divertir em muitas cenas, mas peca em não se posicionar sobre uma questão tão presente nos dias atuais.

O filme entra em cartaz no dia 18 de outubro.

Veja aqui mais um filme inspirado em livro

Estás Me Matando Susana

Nome original: Me estás matando Susana

Elenco: Gael García Bernal, Verónica Echegui, Ashley Hinshaw, Jadyn Wong, Björn Hlynur Haraldsson

Direção: Roberto Sneider

Gênero: Comédia, Drama, Romance

Produtora: Cuévano Films, La Banda Films

Distribuição: A2 Filmes e Mares Filmes

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