Fada Madrinha – Disney faz piada com próprios clichês
Eleanor (Jillian Bell) é uma fada madrinha em treinamento, que percebe que a escola onde ela estuda está prestes a fechar, uma vez que as crianças não acreditam mais em fadas madrinhas.
Com medo de que nunca possa, de fato, trabalhar como fada madrinha, ela encontra uma carta esquecida de uma garotinha chamada Mackenzie (Isla Fisher) e resolve ajudá-la.
Quando encontra Mackenzie, no entanto, ela descobre que está atrasada e que Mackenzie agora é uma mulher adulta. Eleanor resolve ficar e ajudar Mackenzie a resolver seus problemas mesmo assim.
O conto de fadas de Fada Madrinha
Fada Madrinha começa como boa parte dos filmes antigos da Disney: em uma terra distante, cheia de elementos mágicos. É lá que conhecemos Eleanor, a fada madrinha mais jovem a frequentar a escola de fadas madrinhas e a única que parece sequer animada.
Quando Eleanor descobre que talvez nunca trabalhará como fada madrinha, já que as crianças não acreditam mais nelas, ela resolve tomar as rédeas da situação. Assim, ela procura a carta de uma criança, para provar que as fadas madrinhas ainda tem utilidade.
O mundo da fada é cheio de clichês não só da Disney, mas também de contos de fadas, que são a maior inspiração aqui. O longa não foge, por exemplo, de fazer piadas com os próprios clássicos da Disney e essa soa como uma escolha acertada.
Até o momento em que Eleanor entra em contato com a carta de Mackenzie, que na cabeça dela, é uma menina de 10 anos, o filme se coloca inteiramente na linguagem dos contos de fadas. As coisas mudam um pouco depois que ela sai de seu reino fantástico.
O mundo real
A grande sacada de Fada Madrinha é justamente a mistura que o longa faz com o mundo dos contos de fadas e o mundo real. A ideia por trás do filme é bem parecida com a de Encantada, outro filme recente da Disney, que também acompanha uma personagem de conto de fadas que é, de repente, jogada no mundo real.
Depois de ter acesso à carta, Eleanor sai de seu mundo mágico e vem para o mundo real, onde encontra Mackenzie, que agora é uma mulher adulta.
É assim que Eleanor entra em contato com o mundo em que o telespectador vive. Antes, Mackenzie só queria conseguir conversar com o garoto que ela gostava, agora ela é uma mulher adulta, mãe de duas filhas (Jillian Shea Spaeder e Willa Skye) e viúva. Além disso, ela não acredita mais em “felizes para sempre” e só quer ganhar o suficiente para se sustentar.
Quando não consegue realizar os desejos típicos dos contos de fadas, Eleanor começa a tentar resolver as questões práticas da vida de Mackenzie. Então, ela arruma sua casa, ajuda no trabalho, incentiva a filha mais velha a cantar na frente de outras pessoas e assim por diante.
Boa parte da graça de Fada Madrinha é justamente a maneira com que o mundo real e esse mundo de fantasia se entrelaçam. A ideia não só rende boas gargalhadas quando apresenta as confusões que Eleanor, uma fada madrinha perdida nos Estados Unidos dos dias de hoje, causa, enquanto se acostuma com sua nova vida, como também apresenta momentos divertidos quando mostra o que a fada pode fazer por Mackenzie, que passa de alguém descrente, para alguém que está disposto a tentar.
Aspectos técnicos de Fada Madrinha
Este é um filme de comédia que trabalha em duas frentes: o mundo de fantasia, que aparece pouco, mas que já faz parte do universo da Disney e o mundo real, que é conhecido por todos os telespectadores. O filme funciona justamente porque mistura esses dois elementos quando joga uma fada no mundo real.
A ideia funciona para as crianças, que se encantam com a parte fantástica do longa, e para os adultos, que compreendem como é a vida real e se divertem com algumas piadas que passam batido para o público mais jovem. Outro ponto alto de Fada Madrinha é que o filme usa de todos os clichês de filmes da Disney e faz piada com isso. A produção soa quase como uma renovação ao gênero que a própria Disney cunhou e que chega quando os clichês de antes já estão desgastados e sendo questionados a todo momento.
O longa funciona também em função das suas protagonistas, que estão ótimas nas suas personagens e são muito divertidas. A química entre Isla Fisher e Jillian Bell também é muito boa, o que faz com que o telespectador acredite e compre a relação de suas personagens.
Claro que sendo um filme da Disney, a produção é grandiosa e bem cuidada. O longa também tem bons efeitos, que funcionam bem, mas Fada Madrinha não é um filme que é baseado unicamente nesse aspecto.
A trama, por si só, não é especialmente intricada e nem tão surpreendente. Na verdade, a Disney se apoia no mesmo conceito de Encantada – mas o filme funciona e é divertido.
Fada Madrinha é um filme divertido, que consegue revitalizar um gênero batido e que pode agradar ao público de qualquer idade.