Fresh
Essa não é uma comédia romântica
E brincando justamente com esses tropos no primeiro terço de Fresh, é que a diretora Mimi Cave realiza esse curioso e perverso filme que sabe equilibrar a sanguinolência (mas não tão gore quanto poderia) com o humor ácido típico do Jordan Peele, ao mesmo tempo que costura um discurso bastante sutil sobre relacionamentos tóxicos, mas no final acaba por dizer o óbvio: que por mais maçante que seja, ainda é mais seguro conhecer alguém pelos apps de paquera (que traz as redes sociais do outro e vários detalhes que você pode analisar antes de dar o match) do que fazê-lo à moda antiga, ou seja, acidentalmente no mundo real.
Ainda à sombra do MCU e estranhamente com poucas oportunidades no mercado, Sebastian Stan está ótimo e se diverte em seu papel, numa química deliciosa com a fofa e cínica Daisy Edgar-Jones (que já majava do carteado depois de Normal People). O papel atribuído a Jonica T. Gibbs é maior do que o esperado e contribui para o misto de tensão e alívio que a narrativa promove, ainda que a catarse do clímax se dilua no desfecho.
Fazendo uma versão mais violenta e interessante de O Golpista do Tinder, Cave consegue entregar uma produção autêntica e imperdoável, que os roteiros de hoje em dia tanto carecem.