I Wanna Dance with Somebody

Depois de ser descoberta pelo empresário Clive Davis (Stanley Tucci) cantando no show de sua mãe, Cissy Houston (Tamara Tunie), Whitney Houston (Naomi Ackie) consegue um contrato com uma gravadora e rapidamente se torna um sucesso.

Dona de uma voz incomparável, Whitney tenta equilibrar seu talento e seu sucesso com seus relacionamentos familiares, sua dúvida entre sua namorada da adolescência, Robyn Crawford (Nafessa Williams) e seu futuro marido, Bobby Brown (Ashton Sanders), seus demônios e seus vícios.

I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston é a cinebiografia de Whitney Houston.

Um pouco de tudo

É sempre complicado transpor uma vida inteira para as telas de cinema, especialmente quando falamos de uma vida notável e cheia de conquistas, como é o caso da grande maioria das pessoas que ganham cinebiografias. Whitney Houston morreu com quarenta e oito anos, quebrou uma série de records, teve uma carreira cheia de sucessos e foi considerada a voz de sua geração, então é natural que um longa-metragem sobre a sua vida tenha muito a retratar, mas I Wanna Dance with Somebody aposta em uma ideia que não funciona tão bem.

O filme começa com uma Whitney que está nos seus vinte e poucos anos, e que quer cantar e está treinando com sua mãe, Cissy Houston, que também foi uma cantora famosa, mas passa por vários aspectos da vida da cantora, desde o momento em que ela conhece Robyn Crawford, que foi sua namorada na juventude e, mais tarde, se tornou sua melhor amiga, sua descoberta pelo empresário e também amigo Clive Davis, seus primeiros sucessos e também seus fracassos, sua relação conturbada com Bobby Brown, o relacionamento com o pai, John Houston (Clarke Peters), sua dependência química e sua carreira no cinema.

Seria interessante se o longa tivesse tomado a decisão de focar em uma parte da carreira e automaticamente da vida, da cantora, seja o começo, quando ela ainda batalha para fazer seu nome, seja seu sucesso, seja sua derrocada, ou até mesmo a sua retomada, ainda que seja muito difícil fazer essa escolha. Quando o filme tenta abraçar toda a vida pessoal e profissional de Whitney, ele passa por praticamente todos os momentos da biografia dela de maneira muito rápida e sem quase nenhuma profundidade.

É fácil, por exemplo, se perder na timeline dos relacionamentos amorosos de Whitney, de uma cena para a outra ela está com Robyn e no momento seguinte ela está flertando com Bobby Brown e a audiência fica sem entender se as duas terminaram, se estão em um relacionamento aberto ou se Whitney quer usar Bobby como fachada, como seu pai lhe pede em determinado momento.

Cinebiografias que englobam todo o período da vida de seus biografados, como Elvis, funcionam quando elas não são editadas de maneira tradicional, mas este é um filme bem quadradinho, portanto a sensação que a audiência tem é que faltam pedaços do quebra-cabeças da vida da cantora.

Robyn e Bobby

No entanto, o filme dá bastante destaque as duas relações amorosas mais importantes de Withney, Robyn Crawford e Bobby Brown.

Robyn e Whitney sem conhecem ainda bem jovem, e se apaixonam. Os pais de Whitney são religiosos e ela esconde deles a relação das duas, mas vai morar com ela dizendo que elas vão ser colegas de quarto. As duas andam sempre juntas, mas pouca gente parece desconfiar que na verdade elas são namoradas. É interessante que o filme fale abertamente sobre a relação de Whitney e Robyn, que era desconhecida do público geral até recentemente.

Já Bobby Brown, que ao longo da trama se torna marido de Whitney, era integrante da banda New Edition, e os dois se conhecem durante um Grammy. A relação é extremamente apaixonada, mas também é problemática, o longa isenta Bobby, que é frequentemente apontado como o responsável pelo vício de Whitney em crack, através de uma fala da própria biografada, e porque mostra, de maneira bem discreta, Whitney usando drogas bem antes de conhecer seu futuro marido.

A produção também mostra a constante competição entre Robyn e Bobby, já que mesmo depois que Robyn e Whitney terminam o relacionamento, elas continuam amigas e Robyn vira diretora criativa da carreira de Whitney. Bobby, no entanto, sempre acaba se intrometendo e Whitney se vê frequentemente dividida entre a ex-namorada e o marido.

As músicas

I Wanna Dance with Somebody é um musical porque é uma cinebiografia de uma cantora, Whitney e, as vezes, outros personagens, interpretam músicas no palco e embora essas músicas não empurrem a trama para a frente, muitas vezes elas refletem o que Withney está passando em sua vida pessoal.

A trilha sonora é composta por músicas que a própria Whitney cantava – Whitney não compunha, portanto, as músicas não são de sua autoria -, como How Will I Now, I Will Always Love You, I Have Nothing, It’s Not Right But It’s Okay e claro, I Wanna Dance With Somebody. Boa parte da voz do filme é da própria Withney Houston, o que é compreensível, já que a voz dela era realmente fenomenal e muito difícil de ser reproduzida.

A trilha sonora é um dos pontos altos do filme, e as músicas são usadas nos momentos certos.

Aspectos técnicos de I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston

A história de um ícone da música como foi Whitney Houston é cheia de momentos gloriosos e importantes, o que torna difícil decidir o que exatamente representar nas telas do cinema. O roteiro do filme peca em querer abraçar a história toda, fazendo com que a audiência tenha poucos detalhes do que acontece e que se perca em alguns momentos. Os fãs de Whitney naturalmente vão entender tudo que está no filme, mesmo com pouca informação, mas quem não conhece tanto assim da vida da cantora pode se perder. Além disso, poucas novidades vêm à tona.

O filme tem uma caracterização espetacular, alguns dos videoclipes de Whitney são reproduzidos no filme e são de fato iguaizinhos, nesses momentos, a sensação é de que estamos de fato assistindo a biografada. Tudo isso se completa com os figurinos e maquiagens, que são muito bem-feitos.

Naomi Ackie, que interpreta Whitney, não é extremamente parecida com a cantora, mas está bem caracterizada e entrega uma atuação potente. Sua química com Nafessa Williams é incrível e a plateia não consegue evitar torcer pelo casal. Claro que outros nomes no elenco também se saem bem como Ashton Sanders, Tamara Tunie e Clarke Peters.

I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston não é um filme ruim, mas é um filme morno. A história de vida de Whitney Houston é incrível e digna de uma cinebiografia, mas o longa não sabe muito bem o que pinçar e na tentativa de trazer tudo para o cinema, perde detalhes e elementos importantes. Ainda que o filme não seja terrível, ele desperdiça uma história interessante e de tantos sucessos em uma edição e roteiro que não conseguem selecionar os momentos mais importantes de uma vida intensa. O filme chega aos cinemas hoje, dia 12 de janeiro.