Licorice Pizza

Eu nunca sei direito o que esperar de um filme do Paul Thomas Anderson. Tirando as atuações normalmente ótimas, a história normalmente meio maluca e os pelos faciais dos personagens normalmente inusitados. Mas algo me atraiu em “Licorice Pizza” desde o começo e eu não soube dizer o que era. Mesmo antes de surgirem as primeiras críticas (a maioria absolutamente positiva), a minha curiosidade com o filme era grande.

E a espera de mais de um mês para o filme chegar no Brasil valeu a pena. É provável que o que quer que seja que tenha me atraído pelo filme também seja a razão pela qual eu gostei tanto da obra, já que eu realmente não sei dizer o que é.

Licorice Pizza

Licorice Pizza – Ela e ele

A começar pelo fascinante magnetismo exercido pelo casal principal. Não só entre eles, mas a forma como a audiência é atraída por eles.

Ele, Cooper Hoffman, é filho de Philip Seymour Hoffman, ator que faleceu em 2014 e que também atuou em alguns filmes do diretor. Sem querer ser a imprensa brasileira que sempre se surpreende com a semelhança entre pais e filhos causada pela genética, mas Cooper realmente está com a cara de Philip e uma performance adorável.

Ela, Alana Haim, claramente teve seu personagem escrito especialmente para a atriz, mantendo inclusive o mesmo nome. Alana é integrante da banda de pop rock Haim, junto com suas irmãs. Aliás, PTA colocou todo mundo no filme: as irmãs de Alana interpretam as irmãs de Alana e até mesmo os pais de Alana fazem uma ponta como os pais de Alana.

É o filme de estreia de ambos, rodeado por um elenco muito bem escolhido para não haver nenhum galã entre os atores. Todos os personagens são feios o suficiente para todo mundo ser lindo aos olhos certos.

Licorice Pizza

Pequenas empresas, grandes negócios

Ambientar o filme nos anos 1970 ajuda muito. Encher de crianças não devia ser bom, mas também funciona. Isso porque Gary, a parte masculina do relacionamento, tem 15 anos e um monte de amigos de oitava série. Mas são todos empresários de sucesso geniais, com ideias avançadas demais. O trabalho infantil rola solto e tá tudo bem, os anos 1970 eram bem mais maleáveis nesse quesito.

O filme é como se fosse um Goonies do empreendedorismo. Mas ao invés do Sloth, é o Bradley Cooper. E ao invés de uma caça ao tesouro, ele gira em torno de um romance totalmente adorável.

Pode dar uma pulga atrás da orelha por ser um relacionamento de uma mulher de 25 anos com um garoto de 15, mas os anos 1970 eram assim mesmo, escolhi ignorar. Assim como ignorei os vários arcos que saem do nada e chegam em lugar nenhum. É como se fosse um road movie sem carros, onde eles encontram alguma coisa no meio da estrada, passam por esse problemão e seguem em frente.

E para mim o filme foi meio isso: a comédia, o romance e as cenas lindonas cuidadosamente enquadradas combinam e assistir ao filme é uma gostosa experiência. A sensação é mesmo a de assistir um clássico pela primeira vez.

Licorice Pizza

Oscarizado

O filme têm três indicações ao Oscar: roteiro original, direção e melhor filme. E há sérias chances de ganhar em qualquer uma das três categorias, não seria injustiça nenhuma, não há nenhum concorrente de destaque este ano. Até mesmo o roteiro original, que não tem nada de especial, tem chances.

Inclusive, dentre os filmes que eu vi, Licorice Pizza é o que tem a minha torcida. Tá certo que não tem nenhuma pizza no filme, o que pode ser decepcionante. Mas “Ataque dos Cães” não tem nenhum cão e “Beco do Pesadelo” não tem nenhum beco, então mantenho minha torcida neste romancezinho adorável.

Licorice Pizza

Nome Original: Licorice Pizza
Direção: Paul Thomas Anderson
Elenco: Alana Haim, Cooper Hoffman, Sean Penn, Tom Waits, Bradley Cooper
Gênero: Comédia, Drama, Romance
Produtora: BRON Studios, Focus Features
Distribuidora: Universal Pictures
Ano de Lançamento: 2021
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