Apresentando os Ricardos

Aaron Sorkin escreve e dirige Apresentando os Ricardos, essa cinebiografia que conta sobre o período durante os eventos de uma semana nos bastidores de I Love Lucy, uma das séries de maior sucesso de todos os tempos.

Mesmo acertando no humor ácido de alguns diálogos e em boas atuações (com destaque para o ótimo desempenho de Nicole Kidman), a edição do filme me soou bastante estranha durante toda a sessão. Ao mesclar os dias da semana com situações do passado, ele mais confunde do que contribui em sua condução do enredo.

E mesmo que muito do que foi mostrado tenha de fato ocorrido, tratar de três temas ao mesmo tempo evidencia uma falta de foco: começamos com a acusação de Lucille Ball ser comunista em plenos anos 1950; depois saltamos para problemas no casamento dela com o galante Desi Arnaz (do sempre simpático Javier Bardem); a polêmica sugestão de permitir a gravidez na série; então temos as problemáticas envoltas de uma solução narrativa em um episódio.

Apresentando os Ricardos

Apresentando os Ricardos

Ou seja, são questões demais, para história de menos. Nisso, a questão do comunismo é colocada no começo e só relembrada no desfecho, para resolução, enquanto o ponto da gestação é rapidamente esquecido (mas porque criar tanto auê em cima, se não faria nada com isso depois?).

Então, o longa resolve investir mesmo na balança entre o matrimônio (existiu uma traição? Desi vem sendo colocado como coadjuvante?) e na questão do episódio (que envolve uma divertida dinâmica com outros autores, roteiristas e produtores, com significativos nomes da indústria do período, realizando assim aquele batido “filme de Oscar” que Hollywood tanto idolatra, independente da qualidade da produção).

Nesse vaivém do casal e dos demais profissionais, o filme volta a crescer, mas jamais atinge o ápice prometido, justamente porque, por mais que na vida real todas essas quatro situações tenham ocorrido em simultâneo, elas não foram bem executadas no roteiro e não tem como tampar os olhos para isso. Mas ainda é uma sessão leve e curiosa sobre um recorte daquele contexto e daquela série. Só não vai além.

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