A Lista Negra, livro de Jennifer Brown
Violência gera violência
A Lista Negra é o primeiro livro de Jennifer Brown. Ele trata de temas extremamente importantes e modernos.
Valerie Leftman é uma sobrevivente de um massacre ocorrido na sua escola. O que a diferencia é o fato de que o responsável pelos crimes é Nick Levil, namorado de Valerie. E que surpreendetemente, ele usou uma lista feita por ela para escolher os alvos.
Bullying
Um dos principais assuntos sobre o qual o livro fala é o bullying, uma vez que tanto Valerie quanto Nick sofriam bullying na escola. A lista que Valerie fez e que Nick seguiu à risca era uma lista de pessoas que ela gostaria que morressem justamente porque não deixavam os dois em paz.
A diferença entre Valerie e Nick é que, embora ela tenha feito a lista, ela fez como uma brincadeira. De extremo mal gosto, é verdade, mas na cabeça dela, apenas uma brincadeira. Enquanto para Nick, a lista era tão séria que foi o guia dele na hora do crime.
Na hora do massacre, Valerie inclusive tentou conversar com o namorado, o que foi em vão. Mas ela conseguiu salvar uma das meninas que estavam na lista e que, consequentemente, infernizavam sua vida.
O bullying pode afetar diversas vidas
Os adolescentes que foram assassinados praticavam bullying com Nick e Valerie. Um comportamento brutal e cruel, que na maioria das vezes, beira a violência e que afeta a vida de quem o sofre. Nick ou Valerie poderiam ter se suicidado em função do bullying. Mas o que acontece é exatamente o contrário.
Por outro lado, Nick é culpado de um massacre, que ele justifica com o bullying que sofreu. Mas existe justificativa para assassinatos tão brutais? E Valerie pode ter uma culpa menor que os outros envolvidos, mas ainda é culpada, já que fez a lista. Mesmo de brincadeira.
Violência gera violência
O lema do livro é muito claro: violência gera violência. Os colegas praticavam bullying contra Nick e Valerie. Isso levou Nick a cometer os crimes que vitimaram alguns desses colegas. A violência então, é como uma bola de neve que sai arrastando todos que estão em volta.
Ninguém em A Lista Negra é completamente vitima e nem completamente culpado. Nem Valerie, a protagonista. Ela sofre preconceito por ter feito a lista; alguns sentem dó por ela ter estado presente no massacre e outros a admiram por ter salvado uma garota.
O massacre
O evento principal de A Lista Negra também é um assunto que combina muito com os nossos tempos. Os massacres cometidos por estudantes em escolas americanas são, infelizmente, muito comuns. Até fevereiro de 2018, quando aconteceu o massacre em uma escola na Flórida, que deixou 17 mortos, já tinham acontecido 16 outros eventos semelhantes no país.
Não existe um estudo específico que conclua o porquê isso acontece com tanta frequência. Poderíamos culpar diversas coisas, entre elas a própria cultura americana, a criação e a pressão que se coloca nos adolescentes. E claro, o bullying. Mas, certamente a facilidade com que se obtém uma arma nos Estados Unidos e a maneira como o país lida com as leis do armamento ajudam para que esses números cresçam.
A Lista Negra faz um aviso, mesmo que tardio do quanto esse tipo de pensamento pode ser perigoso. O livro é de 2009 e o primeiro massacre em uma escola americana aconteceu em 1764.
A lista negra
O livro não deixa de ser uma maneira de analisar o comportamento dos jovens americanos. Se torna muito interessante pensar que Valerie tinha certeza que conhecia seu namorado a ponto de dar a lista na mão dele. Realmente achando que aquilo não passaria de uma brincadeira. Mas para ele aquilo se tornou algo muito maior e terrível, o que prova que não conhecemos as pessoas de verdade.
Quando fala sobre temas tão atuais como o bullying, que embora aconteça há anos só ganhou notoriedade recentemente, e os massacres em escolas, que são cada vez mais comuns, A Lista Negra se torna um livro que fala com a juventude e que passa mensagens interessantes, mesmo que o faça de maneiras difíceis.
Culpa
A culpa também permeia o livro, já que esse é o sentimento que predomina em Valerie. Seria impossível não se sentir culpada depois de tudo que aconteceu.
A Lista Negra é narrado do ponto de vista de Valerie e por isso, o leitor fica conhecendo cada um de seus pensamentos, que são naturalmente, muito confusos. Primeiro porque ela é uma adolescente e essa é provavelmente a época mais confusa da vida de qualquer um. Segundo porque ela passou por um trauma.
Embora Valerie não seja nem de longe a pessoa que tem mais culpa nessa situação toda, ela não é completamente inocente. Afinal, ela também teve fantasias sobre a possível morte dos colegas que a infernizavam. Claro que pensar, desejar e até mesmo fantasiar sobre a morte de alguém não é um crime. Mas também não é uma coisa boa. É natural também que Valerie nutra uma certa raiva pelas pessoas que praticavam bullying com ela, a ponto de fazer uma lista.
A culpa é de quem?
A Lista Negra também é um relato de como Valerie entende o quanto daquela situação é sua culpa e o quanto de responsabilidade ela tem. Mesmo que seja a de só fantasiar com a violência, naquilo tudo e o quanto daquilo. Por mais que ela tente se punir, não é sua culpa e estava completamente acima do seu controle. Não é culpa dela que outros adolescentes achavam legal azucrinar sua vida, e também não é culpa dela que Nick resolveu que essas pessoas mereciam morrer e de fato executou isso.
Nesse aspecto, A Lista Negra não deixa de ser um romance de formação. Afinal, Valerie precisa viver essa adolescência, passar por todos os problemas comuns a pessoas dessa idade, com o agravante de lidar com um crime bárbaro, que está ligado ao seu nome. O livro pode não ser um romance de formação dos mais comuns, mas é extremamente atual e realista.
A Lista Negra apresenta ao leitor personagens que não são nem só bons, nem só maus. Assim, os perdoa e os condena na mesma medida. Tudo isso para falar da cultura americana e da vida dos adolescentes.