MAUS, vencedor do prêmio Pulitzer
Mesmo não sendo fã de quadrinhos, não podia deixar de dar uma chance a MAUS, de Art Spiegelman. A capa já chama muita atenção por conter uma enorme suástica com uma cabeça de gato. Sim, você acertou, é uma história sobre o holocausto. Pior ainda, é uma história real. Dá pra acreditar que a humanidade foi capaz disso? (Ainda é capaz, infelizmente…)
MAUS e a Realidade tensa
MAUS é uma graphic novel que foi publicada em duas partes, entre 1980 e 1991. Ela conta a história do pai de Art, Vladek, que sofreu abusos e trabalhou arduamente em campos de concentração. Surpreendentemente, só por ser judeu na época da Segunda Guerra Mundial. A grande sacada de Art foi retratar os judeus como ratos, os nazistas como gatos e os poloneses como porcos. Exatamente como eram as reais propagandas do nazismo.
Então, num misto de gêneros, a narrativa é fluida e emocionante.
Vladek foi entrevistado por seu filho Art e podemos perceber como as situações por quais passou fizeram dele uma pessoa mais ranzinza, sovina e avarenta. Mas é compreensível. Sentimos compaixão por Vladek conhecendo sua história aterrorizante de sobrevivência.
Premiado
MAUS foi a primeira graphic novel a ganhar o prêmio Pulitzer, em 1992, numa categoria especial, pois a academia não conseguia se decidir se colocava a obra como biografia ou ficção. Grande parte da história gira em torno do relacionamento conturbado entre pai e filho e também da ausência da mãe, Anja. Ela cometeu suicídio quando Art tinha 20 anos. Com toda a certeza, sua vivência na guerra nunca a deixou ter paz de espírito. Seus diários foram queimados por Vladek, que queria eliminar qualquer coisa que remetesse àqueles tempos. Acredito que todos que participaram desses eventos nunca mais foram os mesmos.
Repare que Vladek fala com um forte sotaque, mas o fato de saber várias línguas o ajudou muito a sobreviver em meio ao horror da guerra. Dessa forma, ele podia se comunicar bem, fazer trocas, favores, consertos, até mesmo mandar recados à sua esposa, que também estava em um campo de concentração.
Falar sobre a guerra, sobre o nazismo, é falar sobre antissemitismo, um ódio irracional e aversão gratuita e sem a menor razão pelo povo judeu. Chega a ser inacreditável que pessoas consigam classificar como inferiores outras pessoas, simplesmente por aquilo em que elas acreditam, pela cor da sua pele, ou por qualquer razão que seja. Pessoas são pessoas! E ainda o terror é usado como arma política. Atual, não?
Enfim, leiam MAUS e conheçam um pouco mais das atrocidades cometidas pelos nazistas e das atitudes deste sobrevivente.