Meu Álbum de Amores

Romance, corações partidos e muita música

Júlio (Gabriel Leone) está se planejando para morar com a namorada Alice (Carla Salle) quando ela termina com ele e ele não consegue entender o porquê. Ao mesmo tempo, ele descobre que seu pai biológico, na verdade, é Odilon Ricardo (também interpretado por Gabriel Leone), um famoso cantor de música popular que estava desaparecido, mas que recentemente cometeu suicídio.

Odilon deixou para Júlio e seu meio irmão, Felipe (Felipe Frazão), uma casa e suas cinzas, que os dois querem deixar com o grande amor do pai. Enquanto eles buscam essa mulher misteriosa, Júlio conhece um pouco mais sobre seu pai e repensa sua própria vida e seus próprios relacionamentos.

Meu Álbum de Amores faz parte de uma trilogia focada em relacionamentos e términos, composta por 45 Dias sem Você e Música para Morrer de Amor.

Alice e Júlio em Meu Álbum de Amores
Alice e Júlio

Júlio

O protagonista de Meu Álbum de Amores é Júlio, um jovem de 25 anos que vive uma vida confortável e trabalha como dentista. Ele vive um relacionamento longo com Alice, que ele acredita ser o amor da sua vida, e o filme começa justamente quando Alice termina com ele dizendo que ela quer ser “a mulher da vida dela”. Júlio fica sem chão e não se conforma.

Na mesma época, ele descobre que seu pai biológico é Odilon Ricardo, um cantor de música popular dos anos 1970, e que ele tem um irmão, Felipe. A mudança de Júlio, que no começo do filme é até meio chato e insistente, se dá justamente quando ele começa a entender quem foi seu pai.

Meu Álbum de Amores segue dois caminhos: o coração partido de Júlio, que vai aos poucos se remendando, conforme ele segue vivendo e vai conhecendo outras pessoas, e a busca de Júlio e Felipe pelo amor da vida de Odilon, com quem eles querem deixar a cinzas do pai. As duas ideias estão relativamente próximas, já que ambas envolvem conhecer pessoas novas e buscar o amor.

Júlio descobre que seu pai biológico é um cantor dos anos 70
Júlio descobre que seu pai biológico é um cantor dos anos 70

De pai para filho

Através da vida de Odilon, Júlio vai entendendo melhor a sua própria vida e isso se dá tanto na narrativa do filme, quanto nos seus aspectos técnicos. A semelhança entre Júlio e Odilon já é estabelecida no momento em que percebemos que os dois personagens – Júlio atualmente e Odilon nos anos 1970 – são interpretados por Gabriel Leone, mas para além disso, Odilon, assim como Júlio, é um romântico que queria que suas cinzas fossem entregues ao amor de sua vida.

Júlio e Felipe saem em busca da mulher que teria sido o amor da vida do pai e esses momentos são intercalados por números musicais, que na trama, seriam de um filme que Odilon gravou onde ele interpretava a si mesmo, buscando seu grande amor. As atrizes que aparecem nas cenas desses números, que algumas vezes representam as versões mais novas das mulheres que Odilon amou, também aparecem na vida de Júlio, como paqueras, ficantes ou pessoas com quem ele passa a noite.

As músicas de Odilon, que são cantadas nesses números musicais, também refletem, de alguma maneira, o que tanto Odilon, quanto Júlio e mais tarde, até Felipe, estão vivendo.

O filme Meu Álbum de Amores fala sobre relacionamentos românticos, fraternais e familiares
O filme fala sobre relacionamentos românticos, fraternais e familiares

Aspectos técnicos de Meu Álbum de Amores

Meu Álbum de Amores faz parte de uma trilogia de filmes focados em assuntos como amor, término de relacionamentos, relações entre personagens LGBTQIA+ e personagens que estão, de uma maneira ou de outra, envolvidos com a arte. O longa parece ser o mais maduro entre os três. Aqui acompanhamos Júlio, que está inconformado com o término de seu namoro, e que descobre através das músicas de seu pai, como seguir em frente.

O filme tem praticamente dois momentos: a vida de Júlio, que se passa nos dias de hoje, e os números musicais de Odilon Ricardo, que fariam parte de um filme que o cantor fez, nos anos 1970. Tudo é muito metalinguístico, afinal, assistimos um filme, que se encaixa no gênero musical, que mostra um filme musical onde o protagonista procura o amor da sua vida, enquanto o personagem de Meu Álbum de Amores também procura não só o amor da sua própria vida, como também o amor da vida de seu pai, que é o protagonista do filme dentro do filme.

Toda a construção de Odilon Ricardo é bem interessante. Ele é inspirado em cantores brasileiros dos anos 1970, como Odair José e Roberto Carlos, e a história do sumiço é inspirada na vida de Belchior, que também passou um tempo desaparecido. O filme exagera bastante na caracterização da década e funciona: as roupas mais parecem fantasias do que roupas reais, mas como já dito antes, as cenas que se passam no passado fazem parte de um filme e essa demarcação se faz importante para deixar claro que esses momentos se passam em outra época.

Meu Álbum de Amores tem alguns números musicais
Meu Álbum de Amores tem alguns números musicais

Meu Álbum de Amores se preocupa em retratar personagens que façam parte da comunidade LGBTQIA+, ainda que eles não sejam protagonistas e suas histórias não ganhem tanto destaque e se sai relativamente bem na maneira com que retrata as relações de seus jovens personagens. Alguns acontecimentos se dão de maneira muito rápida e alguns diálogos soam meio antinaturais, um tanto quanto forçados, o que dá um ar de não realismo ao longa, mas não é nada que atrapalhe muito o resultado final.

Um ponto alto do filme é o elenco, que se sai bem. Boa parte dos personagens aparecem por pouco tempo e não são tão marcantes, mas Gabriel Leone e Felipe Frazão, que estão em cena quase o tempo todo, estão muito bem no seus papeis.

A trilha sonora

O próprio diretor Rafael Gomes não sabe dizer se Meu Álbum de Amores é um musical, mas ele diz que o filme nasceu da vontade de fazer um filme dentro do gênero ou que pelo menos flertasse com ele e tivesse a música como um elemento importante. No entanto, os personagens cantam em cena – na realidade, dublam, mas isso é proposital – e as músicas se relacionam, ainda que de maneira mínima, com a trama, o que coloca o filme na categoria de musical, mesmo que seja um musical com poucas músicas.

O longa faz parte de uma trilogia
O longa faz parte de uma trilogia

A trilha sonora de Meu Álbum de Amores foi composta por Odair José e Arnaldo Antunes e os números musicais se dão nas cenas do filme estrelado por Odilon, em alguns momentos em que Felipe, que é músico, canta, e em algumas cenas de karaokê, que não podem ser consideradas como “números musicais”. O longa não é um musical tradicional, onde os protagonistas exprimem seus sentimentos através do que eles cantam e onde a música está inserida nas cenas, mas as músicas falam sim, com a história tanto de Júlio, quanto de Odilon. A ideia é bem interessante, já que este é um musical que não salta aos olhos, uma vez que os números acontecem sempre no palco e dentro dessa outra “realidade”.

Nas cenas de Odilon no filme dentro do filme, Gabriel Leone dubla as músicas e, em vários momentos, a sincronização está errada, para que o clipe realmente se pareça com filmagens do passado, que se completam com a caracterização do cenário, figurinos e a maneira com que os personagens dançam e se comportam. Apenas uma cena, um dueto com Laila Garin, foi cantado ao vivo.

Meu Álbum de Amores é um filme que tem foco nas relações românticas e nos seus términos, mas que aborda outros tipos de relações, ainda que a perspectiva seja um pouco ingênua e não totalmente realista. Os números musicais e os cenários coloridos fazem com o que o filme divirta a audiência, pelo menos, pelo tempo em que ela está no cinema. O longa estreia no dia 18 de agosto.

Meu Álbum de Amores

Nome Original: Meu Álbum de Amores
Direção: Rafael Gomes
Elenco: Gabriel Leone, Carla Salle, Felipe Frazão, Olivia Torres, Maria Luisa Mendonça
Gênero: Comédia, Romance, Musical
Produtora: Biônica Filmes
Distribuidora: Pandora Filmes
Ano de Lançamento: 2021
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