Meu Nome é Bagdá

O skate pelos olhos de uma adolescente

Bagdá (Grace Orsato) é uma adolescente de dezessete anos que passa seu tempo andando de skate com os meninos do bairro. Ela sente falta de outras meninas no meio do skate e se aproxima de Vanessa (Nick Batista) quando ela começa a aparecer na pista.

Enquanto se aprimora no skate, Bagdá precisa lutar contra o machismo e o abuso no mundo e na cena em que ela vive, enquanto tenta achar o seu lugar.

Um filme feminino

Embora trate de um assunto que durante muito tempo foi ligado aos homens, Meu Nome é Bagdá é um filme extremamente feminino, e o sentido é justamente esse, uma vez que a diretora Caru Alves de Souza tem como intenção retratar o preconceito e o machismo que existe no meio do skate e, através disso, falar do machismo na sociedade.

Meu Nome é Bagdá é um filme repleto de personagens femininas fortes
Meu Nome é Bagdá é um filme repleto de personagens femininas fortes

O longa tem como protagonista uma adolescente skatista que pratica o esporte no meio dos meninos porque em seu bairro o skate, aparentemente, tem pouca adesão feminina. Mas ela ainda mantém um discurso claramente feminista mesmo quando não tem nenhuma outra menina para ecoar suas palavras.

Mais tarde, Bagdá conhece Vanessa, outra menina skatista que não frequentava a pista porque só via os meninos, e quando elas vão para o centro da cidade, elas conhecem um grupo de meninas que anda de skate juntas e se protege.

Para além disso, o filme tem outros exemplos de mulheres fortes, que eventualmente fazem coisas que são tradicionalmente consideradas masculinas, como Gladys (Gilda Nomacce), que é dona de um bar no bairro e Micheline (Karina Buhr), a mãe de Bagdá, que cria três filhas sozinha.

O skate

Mas um dos grandes temas de Meu Nome é Bagdá é o skate, o diferencial aqui é que o longa usa de uma personagem adolescente e feminina para falar sobre o assunto.

O filme acompanha uma menina no meio do skate
O filme acompanha uma menina no meio do skate

É interessante que o filme consiga relacionar quem anda de skate e conhece o movimento e a cena, uma vez que mostra uma série de manobras e apresenta os seus personagens discutindo e conversando sobre assuntos específicos que dizem respeito a esse esporte, mas além disso também consegue falar com pessoas que sabem pouco ou nada sobre o assunto, já que ele também trata de alguns temas universais.

Bagdá e Vanessa, por exemplo, falam do machismo e dos assédios que sofrem dentro do meio, mas isso reflete questões que estão presentes na sociedade de maneira geral, assim como também acompanhamos uma cena em que Bagdá e seus amigos são detidos pela polícia, que é claramente truculenta com eles – inclusive com ela, que nem poderia ser revistada -, o que apresenta o preconceito com os skatistas, que geralmente são taxados como “vagabundos” ou “maconheiros”, mas também é uma amostra do que acontece com a população negra e pobre, que é considerada suspeita pela polícia quase que automaticamente.

Aspectos técnicos de Meu Nome é Bagdá

O filme tem como assunto principal um tema atual e que fala muito com os dias de hoje. Ainda que existam outros filmes que tratem sobre o skate e a sua cena, o filme de Caru Alves de Souza fala sobre a cena em São Paulo e tem como protagonista uma adolescente de dezessete anos. Meu Nome é Bagdá cai como uma luva para uma época que assistiu de camarote Rayssa Leal, a Fadinha do Skate, ganhar uma medalha de prata nas olimpíadas de Tóquio.

Grace Orsato como Bagdá
Grace Orsato como Bagdá

Para além disso, o filme não se limita a falar exclusivamente de skate, embora esse seja o mote e faça parte da personalidade de sua protagonista, ele também traz à tona questões da sociedade como o machismo e o assédio, que aqui se dão no meio do skate, mas que são um reflexo da nossa sociedade, mas também a força feminina, seja no skate, seja em qualquer lugar que a mulher assim quiser, ou o preconceito, nesse caso não só contra as mulheres, mas também contra os não-brancos e as classes baixas.

O filme é mais um relato da vida de Bagdá, como se o telespectador estivesse no lugar dela, e acompanhasse tudo que ela faz e tudo que ela vê. Não existem grandes pontos de virada, embora o longa não seja parado, isso dá um tom quase documental para Meu Nome é Bagdá, que soa como realista, o que faz sentido, já que a ideia parece ser retratar o dia a dia de uma menina no meio do skate e, automaticamente, no mundo de uma forma geral. O que aumenta ainda mais esse tom é o fato da atriz que interpreta Bagdá, Grace Orsato, também ser skatista.

Vanessa e Bagdá
Vanessa e Bagdá

O elenco, aliás, é um ponto de acerto do filme. Grace Orsato se sai muito bem e apresenta uma personagem forte que, eventualmente, mostra suas fraquezas e suas dúvidas. Karina Buhr, Gilda Nomacce, Paulette Pink e Marie Maymone também estão ótimas no seus papeis; a fofíssima Helena Luz, que interpreta Bia, a irmã mais nova de Bagdá é um aspecto leve do filme, que nos diverte e que também entrega uma boa atuação, ainda mais para a sua pouca idade.

Meu Nome é Bagdá é certamente um filme para os dias de hoje, onde se exige cada vez mais protagonismo feminino e trata de um tema atual, que não só apresenta o mundo do skate para quem não o conhece, como o retrata bem para os já inseridos. O longa chegou aos cinemas no dia 16 de setembro.

Meu Nome é Bagdá

Nome Original: Meu Nome é Bagdá
Direção: Caru Alves de Souza
Elenco: Grace Orsato, Karina Buhr, Gilda Nomacce, João Paulo Bienermann, Helena Luz
Gênero: Drama
Produtora: Manjericão Filmes, Tangerina Entretenimento, Cordón Films
Distribuidora: Pagu Pictures
Ano de Lançamento: 2020
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