Meu Tio e o Joelho de Porco, doc musical diferente
Ontem, dia 30 de agosto, estreou o filme “Meu Tio e o Joelho de Porco” no Projeta às 7, parceria da Cinemark com a Elo Company, que abre uma nova janela para o cinema brasileiro.
O longa é dirigido por Rafael Terpins, que apresenta a trajetória do seu tio, Tico Terpins, em uma das bandas de rock mais conhecidas do Brasil entre os anos 1970 e 1980, o Joelho de Porco. Então, antes de continuar a ler, dê o play:
Com a reencarnação em Stop-Motion de seu tio como copiloto, Rafael Terpins empreende uma viagem para a São Paulo dos anos 1970 para reviver a história do Joelho de Porco, banda pioneira do rock brasileiro que “era punk porque não tinha outro nome pra dar pra coisa”. Terpins compõe um réquiem sincero para seu tio Tico, o eterno piadista. O filme se esquiva das artimanhas usuais do rockumental. Evita impor o mito do gênio roqueiro, pelo contrário, invoca a pessoa e exibe todas suas virtudes e contradições. Assim, não cai no melodrama nem em grandiloquências. Dessa forma, tem a sensibilidade e o frescor de uma criança que desenha esse tio que aparece na TV e tanto admira.
Meu Tio e o Joelho de Porco
Entre os entrevistados estão o baixista Rodolfo Ayres Braga, o vocalista Próspero Albanese e o vocalista e ator, Dick Petra.
Baixista e líder do grupo, Tico foi pioneiro ao lançar canções que satirizavam a política nacional e ainda ao ser uma das primeiras bandas a se lançar de forma independente no cenário musical. Constituído por animação, material de arquivo pessoal e televisivo, o documentário também conta com depoimentos de familiares e amigos, além dos integrantes da banda.
Uma cinebiografia
Em 1972, a banda paulista lançou seu primeiro disco produzido pelo ex-Mutantes, Arnaldo Baptista. Três anos depois gravaram o álbum “São Paulo 1954/Hoje“, um dos mais elogiados discos da época, que misturava rock e referências tropicalistas. Nesse disco está presente a faixa que coloquei ali em cima, que espero que você tenha gostado e que agora esteja cantando, assim como eu: “Andando nas ruas do centro/ Cruzando o viaduto do Chá/ Eis que me vejo cercado/ Trombadinhas querendo me assaltar”…
“Meu Tio e o Joelho de Porco” é uma grande viagem nostálgica por São Paulo, passando pelo Centro Velho, Brigadeiro, Aeroporto de Congonhas (eles tem uma música com esse nome), tudo através de um carro Landau azul dirigido pelo sobrinho e diretor, Rafael Terpins. O filme é gostoso de assistir e traz bons sentimentos em relação à família e amizades. Voltando pra casa depois do filme, então coloquei um disco do Joelho de Porco para ouvir e meu pai reconheceu com empolgação. Tem como não ficar feliz?
Uma ótima sessão
Este é o primeiro longa de Rafael Terpins, que diz que “Mais que um filme, o documentário do Joelho de Porco é uma maldição, um fardo que ele acaba de extirpar das costas, pois o fato de trabalhar com audiovisual e ainda não ter retratado a figura de seu tio, persistia há anos, o que torna sua realização um alívio”, o que é compreensível, visto que Rafael perdeu o pai cedo e tinha no tio sua maior inspiração de vida, incluindo-o até nos trabalhos escolares e desenhos de infância.
André Abujamra assina a trilha original do longa, que teve sua produção iniciada em 2013, participou da 41ª Mostra Internacional de Cinema em 2017 e foi um dos finalistas na Competição de Novos Diretores.
Meu Tio e o Joelho de Porco
Em cartaz no Projeta às 7, com salas em todo o Brasil. Confira a programação e as salas participantes no site: https://www.cinemark.com.br/projetaas7