Minha Lua de Mel Polonesa, conhecendo suas origens
Em Minha Lua de Mel Polonesa, Anna (Judith Chemla) e Adam (Arthur Igual) são franceses de origem judaica que acabaram de ter seu primeiro filho. Eles resolvem fazer uma segunda lua de mel na Polônia. Entretanto, enquanto para ele, a viagem é diversão, para ela é uma maneira de saber mais sobre suas origens.
Origens
O principal tema de Minha Lua de Mel Polonesa é a origem. Mas o filme não fala só sobre as origens de seus personagens, como também de qualquer pessoa que é descendente de imigrantes, seja de qualquer país.
Anna e Adam nasceram na França, mas suas raízes vem da Polônia. Por isso, a escolha do destino parece ideal para o casal. Enquanto Adam não se importa tanto assim com isso e se considera muito mais francês do que polonês ou judeu, Anna sente que deveria saber mais da cultura de sua família. É isso o que ela faz quando eles chegam à Polônia. Então resolve investigar e especular sobre a vida de sua avó, nascida no país. O filme nos dá então uma visão bem interessante sobre a imigração.
Fica claro para o espectador que a avó de Anna não falava muito sobre a Polônia ou sequer sobre as razões que a fizeram deixar seu país, como acontece com diversos imigrantes. O país onde eles passam a morar se torna sua verdadeira casa e sua nacionalidade, enquanto seus descendentes se sentem mais próximos do país de origem de suas famílias, mesmo que não tenham nascido lá.
Holocausto
Como o longa fala de personagens judeus, que migraram para outros países fugindo da perseguição anti-semita, é natural que o holocausto seja um tema importante no filme. Entretanto, é bom ressaltar que o holocausto não é o mote principal, mas é relevante, uma vez que foi responsável pela migração tanto da família de Anna, quanto de Adam, para a França.
Anna, que leva suas origens muito a sério, parece sentir que não conhece o suficiente sobre a religião judaica. Assim, faz todo o possível para se inteirar do assunto e se sentir parte daquilo. Quando resolve circuncidar seu filho, ela quer fazer da maneira mais tradicional e mais próxima das origens judaicas possíveis.
O anti-semitismo também é um assunto presente no filme. Quando o casal chega a Polônia, evitam a todo custo mencionarem que são judeus, uma vez que seus ancestrais fugiram do país justamente por isso. Sem saberem muito sobre a sua própria origem, Anna e Adam parecem não se encaixar em nenhuma nacionalidade ou religião.
Aspectos técnicos de Minha Lua de Mel Polonesa
O filme é relativamente simples e nos apresenta um roteiro que parece comum e quase repetitivo. Mas acaba se desenrolando em algo maior e mais interessante. O longa parece, a principio, uma comédia. Sendo assim, essa ideia é ressaltada pela personalidade de Anna. Um pouco neurótica, extremamente preocupada com seu bebê e exageradamente focada em perseguir suas origens. Ela soa quase como uma caricatura, mas ao longo do filme, vamos descobrindo a humanidade dentro da personagem. Então percebemos que o filme pode ter seus momentos engraçados, mas trata de temas profundos e fáceis de se reconhecer.
Sendo o Brasil um país extremamente miscigenado, que recebeu um número grande de imigrantes de todas as partes do mundo, é muito fácil para o público daqui se reconhecer em Anna. Afinal, o complexo de vira-lata e a ideia de que “os outros países são muito melhores” é muito comum por aqui. Em um país onde todo mundo é descendente de alguma coisa e uma mistura de nacionalidades, todo mundo é mais ou menos como Anna, que se pergunta constantemente o que pode ter feito seus ancestrais deixarem seus países de origem.
Leia aqui sobre o filme italiano Entre Tempos
As atuações são boas, especialmente do casal protagonista, que é com quem o público passa mais tempo. Judith Chemla está perfeita no papel de Anna e parece ter a mistura exata da histeria que se apresenta no começo, com a curiosidade que vamos acompanhando ao longo do filme.
Repleto de momentos divertidos e emocionantes, Minha Lua de Mel Polonesa é uma análise sobre origens, ancestralidade e sensação de pertencimento (ou de não pertencimento).
O filme entra em cartaz no dia 29 de agosto.