Minha Morte
Folk horror litorâneo
Durante uma viagem à Tailândia, Christine (Maggie Q) e Neil (Luke Hemsworth) acordam de ressaca e sem lembrarem nada do que aconteceu na noite passada. Buscando refazer os seus passos, eles encontram um vídeo que mostra Neil matando Christine. No entanto, Christine continua viva, e agora os dois precisam descobrir o que realmente aconteceu.
Folk horror na praia
Minha Morte acompanha um casal durante uma viagem por uma ilha na Tailândia, um lugar paradisíaco onde as praias são lindas e o casal parece muito apaixonado, mas um pouco antes deles voltarem para a casa, tudo começa a dar errado e eles acabam presos na ilha. A partir daí, a trama fica cada vez mais misteriosa e sinistra.
Os elementos de Minha Morte são muito clássicos de filmes de folk horror, já que ele explora esse lugar isolado, a religiosidade presente lá, o poder da natureza e todos os mistérios que existem naquela ilha, mas diferentemente da maioria dos filmes desse estilo, este não se passa no interior, mas sim em uma cidade litorânea.
O que se desenvolve a partir do momento em que Christine e Neil tem acesso ao vídeo, reforça ainda mais essa impressão, uma vez que os dois começam a vagar pela ilha em busca de respostas e se deparam com pessoas hostis, lugares sinistros, uma aura de mistério que parece circundar todo o local e um clima de suspense que perpassa todo o filme.
Questões problemáticas
A ideia do folk horror geralmente envolve estrangeiros inocentes que acabam esbarrando em alguma seita ou povo que é um perigo de alguma maneira, e também é o que acontece aqui, mas o problema é a maneira com que ele retrata os moradores da ilha.
É importante lembrar que o filme se passa na Tailândia e, portanto, retrata uma população que de fato existe, mas que aqui ganha um status de misterioso, exótico e claro, perigoso. No final das contas, soa um pouco xenofóbico e racista, já que o filme é norte americano e escolhe retratar as pessoas da Tailândia como um povo atrasado, cujas crenças são um perigo para os nortes americanos que por lá aparecem. Isso não aconteceria, por exemplo, se o filme escolhesse retratar um povo ficcional, que nem precisava viver fora da América do Norte, como o faz a série The Third Day, que também é um folk horror que tem uma cidade litorânea como cenário.
Outro problema, dessa vez no roteiro do filme, é o fato de que é muito fácil prever qual é o mistério por trás da ilha e, de certa maneira, o que vai acontecer, ainda que Minha Morte consiga segurar uma aura de mistério por bastante tempo.
Aspectos técnicos de Minha Morte
O roteiro até é interessante, deixa sua protagonista e os telespectadores no escuro durante bastante tempo, e o filme é realmente cheio de mistérios. No começo é difícil compreender o que está acontecendo, mas de uma maneira boa. Com o tempo, no entanto, vai ficando cada vez mais claro o que está acontecendo ali e Minha Morte deixa de ser um filme misterioso, cabe ao telespectador esperar para que sua hipótese seja finalmente confirmada.
O filme também tem aspectos bem problemáticas, como por exemplo, a representação dos nativos, que aqui são selvagens, cruéis e perigosos. Minha Morte é um filme de 2020, que deveria recorrer a artifícios não preconceituosos para contar a sua história, mas que cai no clichê dos personagens norte-americanos ameaçados por uma cultura que é, supostamente, não civilizada, com costumes barbáricos.
O elenco se sai bem, Maggie Q segura o filme do começo até o final. Outro destaque é Alex Essoe, que interpreta uma norte-americano que agora vive na Tailândia.
Minha Morte não é um filme ruim, ainda que tenha aspectos problemáticos, mas também não é nenhuma grande obra prima do horror. É um bom entretenimento, que segura a audiência por um tempo, mas que perde seu charme ao longo da atração.