Nomadland – Vencedor do Oscar de Melhor Filme

Em Nomadland Chloé Zhao dirige com muita sensibilidade a simples história de uma nômade moderna. A mulher viaja em sua pequena van pelo oeste americano após perder tudo na Grande Recessão, vivendo aqui e ali de subempregos.

A diretora chinesa certamente descortina as condições de uma sociedade de maneira crua, realista, quase documental, o que é parte dos grandes atributos dessa produção.

Outro acerto é a escalação de Frances McDormand, que mais uma vez entrega uma interpretação espetacular e fortemente naturalista, o que reforça os argumentos do enredo.

Nomadland

Em nenhum momento parece que estamos assistindo a um filme de ficção, mas sim um retrato real daquele cenário. Isso, em partes, é verdade porque, com exceção da atriz e de David Strathairn, todas as demais pessoas do elenco não são atores. Elas são figuras da vida que emprestam seus próprios nomes para essa obra-prima moderna.

Colocando sua protagonista numa jornada de redescoberta, Zhao vai muito além do discurso socioeconômico dos Estados Unidos, debatendo também o luto e o ideal de núcleo familiar. Enquanto isso, mostra que a vida e a morte estão sempre por um fim levando uma rotina solitária daquelas, e que depois de um longo período de isolamento, as reconexões vão se tornando cada vez mais difíceis.

Ganhador de prêmios

E assim, sem querer, Nomadland se torna mais um daqueles filmes que evocam os sentimentos de reclusão durante esta pandemia interminável. O filme concorreu ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Direção.

A produção venceu o Globo de Ouro, o BAFTA e muitos outros prêmios. E na noite de ontem, numa cerimônia de premiação com bem menos pessoas mas, ainda assim, bem movimentada, o filme levou as estatuetas de Melhor Direção, Melhor Filme e Melhor Atriz para Frances McDormand, que chega ao seu terceiro Oscar como atriz principal.