O Chão Sob Meus Pés – O medo de perder o controle
Lola (Valerie Pachner) é uma consultora de negócios competente, que controla todos os aspectos da sua vida com precisão. Quando sua irmã mais velha, Conny (Pia Hierzegger), que tem um histórico de doença mental, retorna para sua vida, Lola se vê fazendo ainda mais malabarismos para lidar com tudo que aparece no seu caminho.
O Chão Sob Meus Pés – Controle
Lola é uma mulher de 30 anos que tem muita responsabilidade dentro da empresa em que trabalha e que está sempre ocupada. Ela controla todos os aspectos da sua vida com um cuidado extremo.
No trabalho, ela se mostra sempre competente e disponível, se exercita todos os dias, de uma maneira quase frenética e mantém sua sexualidade, assim como um caso com Elise (Mavie Hörbiger), sua colega de trabalho, escondidos.
Ninguém sabe também que Lola tem uma irmã com histórico de doenças mentais, que está internada. Fica claro para o telespectador que o que Lola mais preza na sua vida é o controle.
Ela é minuciosa em relação aos aspectos da sua vida e se sente bem quando consegue controlá-los e é por isso que a doença de Conny é uma das coisas que mais assustam Lola, já que essa questão está acima do controle não só de Lola, mas também da própria Conny.
Sem controle
É quando Conny reaparece que a vida de Lola vira de cabeça para baixo. Ninguém com que ela se relaciona sabe da existência de Conny e Lola não consegue controlar a irmã.
Depois disso, as coisas começam a desandar. O trabalho de Lola fica pesado e frustrante, seu relacionamento com Elise fica complicado e a preocupação com Conny cresce. Naturalmente, tudo começa a se acumular.
Curiosamente, é quando Lola tenta ter mais controle ainda, que ela vai se aproximando cada vez mais de perdê-lo totalmente. Quando Elise sugere que talvez a questão que atormenta Conny seja genética, Lola fica ainda mais perturbada.
O público, então, entende que a necessidade de estar sempre no controle de Lola vem do fato de que na verdade, ela não sente que tem controle da própria mente.
Aspectos técnicos de O Chão Sob Meus Pés
O filme se preocupa bastante com seu roteiro, mas isso não quer dizer que ignora os outros aspectos. A trama parece contida a princípio, justamente porque acompanhamos uma protagonista que não deixa nada sair do seu controle. Entretanto, quando nos aproximamos e entramos totalmente na vida de Lola, vemos que não é bem assim. É aos poucos que vamos conhecendo quem Lola realmente é e o que ela teme.
A direção de arte é bem inteligente e nos conta coisas sem dizer isso abertamente. Lola e Conny, embora sejam irmãs, são muito diferentes fisicamente. Lola é loira e Conny tem cabelo escuro. Além disso, a primeira veste sempre preto e a segunda, sempre cores claras, quase como se elas fossem opostas. Ao longo do filme, no entanto isso vai mudando, deixando claro que Lola não é tão diferente de Conny quanto ela pensa.
Os cenários também passam essa impressão. Conny está internada na ala psiquiátrica, mas é a casa de Lola e todos os lugares que ela frequenta que tem paredes e móveis inteiramente brancos, como costumamos ver em hospitais. Lola pode ter certeza que tem o controle de toda sua vida, mas a parte técnica de O Chão Sob Meus Pés, no entanto, nos diz outra coisa.
O elenco
Valerie Pachner se sai bem no papel da protagonista e Pia Hierzegger está ótima como Conny e nos faz acreditar na sua atuação.
O Chão Sob Meus Pés é um filme que transmite bem sua mensagem e que prende o telespectador, embora não tenha muita ação. Não é parado, mas fica um pouco mais lento perto do seu final, mas nada que atrapalhe o resultado total.
O Chão Sob Meus Pés é um filme que fala sobre controle e sobre a necessidade de estar sempre próxima dessa sensação, mas também da facilidade de perdê-la. O filme estreia diretamente nas plataformas digitais hoje, dia 8 de outubro.
https://www.youtube.com/watch?v=HGYJBkgo2-M&feature=youtu.be&ab_channel=SupoMungamFilms