Miguel Montesanti (Kiko Pissolato) é um policial que faz tudo que está ao seu alcance para fazer o certo. Ele e seu parceiro, Edu (Samuel de Assis) prendem Sandro Correa (Eduardo Moscovis), um governador acusado de desviar dinheiro da saúde. Mas Sandro logo sai da cadeia, com um habeas corpus.

Miguel se sente cada vez mais frustrado. Até que um dia, enquanto levava sua filha para um jogo de futebol, a menina é atingida por uma bala perdida. Ela acaba morrendo na fila do SUS, sem sequer receber atendimento.

Isso é o suficiente para que Miguel se revolte. Ele começa a atacar políticos e empresários corruptos, mascarado e usando o nome de O Doutrinador.

O filme é baseado nos quadrinhos de Luciano Cunha, que também assina o roteiro.

Momento político

O Doutrinador chega em uma hora bem propícia, já que retrata um sentimento geral da população em relação a política. Não é só Miguel que está frustrado, irritado e bravo com a corrupção e com as injustiças do dia a dia. Todo mundo está.

Justamente por isso é muito fácil se reconhecer no personagem principal. O Doutrinador libera toda a revolta que ronda a população brasileira atualmente.

O espectador sente uma onda quase de alívio, quando percebe que, finalmente, alguém está do lado da população.

Claro que o filme fala de política, mas ele não toma lados diretamente. Mesmo porque o filme tem personagens e não personalidades que existem de verdade. O longa se posiciona muito claramente contra corrupção, roubo e acordos políticos, sem dar nome aos bois.

O Doutrinador – O Anti-herói nacional

O roteiro funciona mais ou menos como um filme de super herói americano. Começamos acompanhando a rotina de Miguel e as diversas vezes em que ele engole sapo e tem que abaixar a cabeça. Mas a grande virada só acontece com a morte da filha, diretamente ligada ao crime de Correa. A comparação com filmes de super heróis americanos não é, de maneira nenhuma, negativa.

É muito legal ver, pela primeira vez, um “super herói” brasileiro, que fala diretamente com os problemas e a população daqui. O fato da sua mitologia ser diretamente influenciada pelos quadrinhos americanos, só mostra que o autor conhece bastante sobre o assunto e que soube adequá-lo ao Brasil.

O filme tem algumas cenas que parecem ligeiramente absurdas, exatamente como nos filmes americanos. Como a ideia de que um homem sozinho é capaz de derrotar diversos outros. Mas isso pode ser facilmente relevado se o espectador estiver interessado na história.

Aspectos Técnicos

A produção também é muito bem feita. O filme conta com diversas cenas de ação e de luta, e algumas cenas panorâmicas. Além da fotografia, que é especialmente bonita. Outra coisa legal do filme é que ele foi filmado em São Paulo, então é muito fácil reconhecer os lugares que aparecem na tela.

O elenco conta com Kiko Pissolato, Tainá Medina e Samuel de Assis além de atores prestigiados fazendo algumas pontas como Eduardo Moscovis, Helena Ranaldi, Natália Lage e Tuca Andrada.

Mas é claro que é bom ressaltar que embora o filme fale de justiça com as próprias mãos e que o espectador possa se sentir vingado ao assisti-lo, a violência nunca é a resposta para os nossos problemas e que o olho por olho, dente por dente só funciona na ficção.

O Doutrinador apresenta uma resolução drástica para um problema que parece rondar o Brasil. Guardadas as devidas proporções, o filme funciona como um bom entretenimento e dá uma nova abertura para um gênero que não existe no cinema nacional: o de filmes de super heróis.

O Doutrinador entra em cartaz no dia 1 de novembro.