O Estranho Mundo de Jack

Terrorzinho para toda a família

Jack Skellington (voz de Chris Sarandon) vive na cidade do Halloween, onde todos os habitantes são criaturas assustadoras e se dedicam a se preparem para o próximo Halloween durante o ano todo. Mas Jack está cansado disso e, um dia, enquanto passeia pela floresta, acaba caindo na cidade do Natal.

Jack adora o local e resolve mudar a própria cidade do Halloween trazendo elementos da cidade do Natal e, para tal, ele resolve sequestrar o Papai Noel (voz de Ed Ivory).

A influência de Tim Burton

Quando se fala de O Estranho Mundo de Jack é quase impossível não lembrar de Tim Burton, muitas pessoas até acham que Burton dirigiu o longa, mas não é verdade. O diretor de O Estranho Mundo de Jack é Henry Selick, mas Burton de fato é importante na produção do filme e a sua influência está presente durante todo o projeto.

O filme é todo feito em stop-motion.
O filme é todo feito em stop-motion.

O Estranho Mundo de Jack, na verdade, é inspirado no poema The Nightmare Before Christmas, escrito por Burton, nos anos 1980. Na época, ele era animador da Walt Disney Animation Studios, mas a empresa só começou a considerar produzir o filme como um curta-metragem depois do sucesso de Vincent, o primeiro curta de Burton. Ainda assim, o projeto demorou um pouco mais para sair do papel.

Burton participou da criação do storyboard e do conceito artístico do filme, mas mostrou o projeto para Henry Selick, que também trabalhava como animador da Disney. Em 1990, a Disney ainda tinha os direitos do projeto e queria fazer um longa-metragem dirigido por Selick, Burton também estava disposto a abrir mão da direção, ele não só tinha um compromisso com Batman: O Retorno, como também não queria trabalhar com stop-motion, que é um processo lento e trabalhoso.

O Estranho Mundo de Jack saiu do papel em 1993, com a direção de Selick, mas com a marca registrada de Burton, que voltaria a trabalhar com stop-motion em A Noiva-Cadáver.

A trama transita entre gêneros
A trama transita entre gêneros

Um terror infantil

Este é um filme que circula entre gêneros, é uma animação e um musical, mas que também flerta com o gênero do terror. O filme não é especialmente assustador, mas ele tem elementos sobrenaturais e fantásticos bem típicos dos filmes de Tim Burton. O terror aqui é tão fantástico que quase beira o infantil, a intenção não é assustar, mas sim apresentar esses universos fantásticos com pitadas de bizarrice.

A trama imagina um mundo dividido por terras dedicadas a celebrações anuais, e as duas que mais ganham destaque aqui são a terra do Halloween, onde o protagonista vive e a terra do Natal, onde o protagonista vai parar. Como já é de se imaginar, esses lugares são temáticos, a terra do Halloween é assustadora e seus moradores são criaturas que normalmente seriam temas de fantasias do dia das bruxas, entre elas estão Jack, que é na verdade uma caveira, e Sally (voz de Catherine O’Hara), uma boneca de pano criada por um cientista louco (voz de William Hickey). Já a terra do Natal tem decorações natalinas e é comandada pelo Papai Noel.

Quando Jack conhece a terra do Natal, ele acha que é possível misturar as duas festas, que tradicionalmente, nem parecem conversar entre si. A trama parece uma maluquice, mas ela funciona justamente porque se propõe a unir essa data tão “família, tradição e cristianismo”, com uma data que é de tradição pagã, e que geralmente é associada ao terror. O Natal representa o nascimento de Jesus Cristo, enquanto o Halloween, segundo a tradição, é o único dia do ano em que as almas andam soltas pela terra.

Sally e Jack
Sally e Jack

Claro que tudo aqui é bem mais puxado para o infantil, o filme é uma animação voltada para crianças, e que essas festividades, ainda mais da maneira que são retratadas aqui, fazem muito mais sentido dentro da cultura estadunidense, que comemora o Halloween e que tem um Natal com neve, mas o filme é de total compreensão em outras culturas também.

A trilha sonora

A trilha sonora é um dos grandes destaques do filme e foi composta inteiramente por Danny Elfman, que achou o trabalho fácil, já que ele se reconhecia em Jack Skellington. Elfman também canta boa parte das músicas do filme. Entre elas estão This Is Halloween, Jack’s Lament, Sally’s Song, Oogie Boogie’s Song e Making Christmas.

O Estranho Mundo de Jack é um terror leve
O Estranho Mundo de Jack é um terror leve

O Estranho Mundo de Jack é um musical até relativamente tradicional, uma vez que os personagens cantam para expor seus sentimentos. Como o filme é uma animação, é muito mais fácil descolá-lo da realidade e, portanto, os números musicais, que em um filme live-action seriam considerados “irreais’ e “sem sentido”, passam batido, como parte da fantasia, como acontece também com os desenhos da Disney.

Aspectos técnicos de O Estranho Mundo de Jack

É claro que o trabalho técnico aqui é muito bem feito, começando pelo stop-motion, que é extremamente trabalhoso. A estética do filme é muito parecida com as dos filmes do Tim Burton, justamente porque a ideia geral do longa é dele, e também por isso O Estranho Mundo de Jack segue sendo apontado como um filme dirigido por Burton, mesmo sem ter sido.

A animação combina demais com a temática e tem aquela aura de terrorzinho, que funciona tanto para adultos, quanto para crianças não muito pequenas.

A trilha sonora é composta por Danny Elfman
A trilha sonora é composta por Danny Elfman

O longa também é um musical interessante, com músicas que misturam a comédia com esse clima sinistro que perdura durante toda a produção, ainda que depois de um tempo ele se torne um pouco cansativo, não é nada que atrapalhe o resultado final, no entanto.

O Estranho Mundo de Jack habita em uma mistura de gêneros e funciona como um filme infantil, um musical e um terror leve.

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