O Filho de Netuno, livro dois da série Os Heróis do Olimpo

A vida de Percy Jackson é assim mesmo: uma grande bagunça de deuses e monstros que, na maioria das vezes, acaba em problemas. Filho de Poseidon, o deus do mar, um belo dia Percy desperta sem memória e acaba em um acampamento de heróis que não reconhece. Agarrado à lembrança de uma garota, só tem uma certeza: os dias de jornadas e batalhas não terminaram. Percy e seus novos colegas semideuses vão enfrentar os misteriosos desígnios da Profecia dos Sete. Se falharem, as consequências, é claro, serão desastrosas.

Com início no “outro” acampamento meio-sangue e se estendendo para além das terras dos deuses, esta sequência da série Os heróis do Olimpo apresenta novos semideuses e criaturas incríveis, além de trazer de volta alguns monstros bastante conhecidos.

Fonte: Amazon

Riordan atinge em O Filho de Netuno uma verdadeira expansão de universo, consolidando tudo o que construiu até aqui com um enredo consistente – ainda que formulaico – e que sabe o tempo todo para onde rumar.

Diferentemente do primeiro livro da série Os Heróis do Olimpo, O Herói Perdido, que apesar dos méritos pontuais, trazia uma trama truncada, onde os excessivos mistérios e flashbacks foram os grandes responsáveis pelas maiores falhas (ainda que apresente bem o novo trio de heróis), aqui temos uma história completamente redondinha. Percebe-se que o autor voltou a fazer a lição de casa, ao construir uma estrutura mais bem definida, evitando os erros do passado. A começar justamente pelo passado de seus novos personagens, Frank Zhang e Hazel Levesque. Enquanto que no anterior ele fragmentava a história para ir revelando pouco a pouco sobre Leo e Piper, agora ele primeiro se preocupa em apresentar as figuras e depois dedica um capítulo inteiro para desenvolvimento de seu passado, que aí sim, ele vai destrinchando gradualmente até o desfecho de cada um. Formato esse mais simples e funcional, que jamais desgasta o leitor.

Na trama, dessa vez quem se vê sem memória é o nosso querido Percy Jackson, que já inicia o livro em ação contra górgonas saindo da Casa do Lobo até o Acampamento Júpiter (o equivalente romano ao grego Acampamento Meio-Sangue). Porém, como Riordan já havia deixado Jason Grace todo “Bourne desmemoriado” ao longo de todo o livro anterior, aqui ele evita repetições e deixa para Percy alguns resquícios de lembranças, como o fato dele conhecer sua condição semidivina e ainda se lembrar de Annabeth. De qualquer forma, a maneira como Percy lida com isso, ainda é diferente de Jason, então nada de ecos narrativos, para o bem da leitura. Logo, ele se coliga a Frank e Hazel, dois personagens interessantíssimos. Se os anteriores Leo e Piper eram tão divertidos e consistentes quanto Groover e Annabeth na fórmula-Riordan, dessa vez o autor dá um passo além, ao dar um background mórbido para a dupla, um estreitamento natural de relação e uma complexidade maior em seus passados, que os tornam praticamente protagonistas do livro. O bacana é que, por mais que evidentemente Percy roube as cenas em que aparece ou aja, ele ainda dá todo o espaço para os demais brilharem e cresceram, afinal são personagens riquíssimos. Só por eles, este livro já vale.

Mas outros personagens também colaboram bastante para o alto carisma da obra, como o bizarro Octavius, os dois gigantes malignos Polibotes e Alcioneu (e Rick continua acertando muito no tom dos vilões, que falam como vilões de desenhos animados, impagável), Reyna e Hylla, a maravilhosa Ella, o conveniente e superveloz cavalo Arion, entre outros, incluindo aí alguns rostos conhecidos que voltam a dar as caras. Cenas maravilhosas também são bem escritas, como as batalhas no Campo de Marte, qualquer sequência de flashback de Hazel ou Frank, o momento na antiga casa dos Zhang, o pré-clímax no Alasca, e não esquecendo da sensacional cena envolvendo a Amazon!

Dentre as várias boas ideias que o autor teve para este livro, está o fundamento simples da premissa. Considerando que a nova série de 5 livros coloca os gigantes como inimigos dos heróis – com respaldo da vilã-mor Gaia – e que cada um desses gigantes foi criado para se equivaler, destruir e substituir os deuses do Olimpo, então faz muito sentido que Alcioneu, o Menino Dourado concebido para se opor a Hades/ Plutão tenha capturado a Morte/ Tânatos e com isso ninguém mais possa morrer, incluindo os monstros do lado inimigo, que estão ainda mais perigosos ao ficarem indestrutíveis – a medida que essa condição também cria uma vantagem estranha, mas positiva para dois dos heróis. O trio, então, precisa libertar a Morte, o que vai impedir parte dos planos de Gaia, enquanto Percy vai recuperando a memória. E não é mistério nem spoiler dizer algo que já fica evidenciado desde o começo, de que Juno colocou um romano em terreno grego, e um grego em área romana, para que essas duas nações de semideuses rivais possam se unir para o salvamento de todos, afinal a “união faz a força”, né?

Para finalizar, o Acampamento Júpiter é um show a parte. O autor recuperou toda sua inventividade vista no primeiro livro da primeira série e despejou criatividade aqui, desenvolvendo toda uma nova comunidade, com regras próprias, uma linguagem única, maneiras completamente distintas de pensar e realizar as coisas, que cria curiosos paralelos com o Acampamento Meio-Sangue, a medida que é totalmente diferente daquele, sendo bem coerente com a proposta romana, com um jeito incomum de tratar outras raças, trazendo ainda os Lares como uma pequena diversão e o engraçadíssimo deus Término com TOC, o que fornece momentos inusitados.

É interessante, ainda, notar como Rick fundamenta todos os elementos do enredo com base na linguagem romana, dando assim uma assinatura própria para essa publicação, que mesmo com as fórmulas de sempre, ainda consegue ser única. Além dos personagens cativantes e das cenas bem encadeadas de ação, aventura, drama e muito humor, o que coroa esse ótimo livro também é a consolidação do universo expandido que Riordan começou a construir lá atrás, agora consagrado com o que mais esperamos ver nos próximos livros: uma nova versão dos Argonautas. Praticamente os Vingadores da literatura. Genial e empolgante, que venha mais.

O Filho de Netuno

Autor: Rick Riordan

Editora: Intrínseca

Gênero: Romance de fantasia

ISBN: 978-85-8057-180-6

Número de páginas: 432

Ano de lançamento: 2012

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5 Comentários

  1. O Filho de Netuno – Esse livro é incrivelmente bom. Não só ele, mas todo o conjunto desde o “Ladrão de Raios” … Essa é uma história continua muito boa. Sem falar as outras como “Magnus Chase” e “As cronicas do Kane”. O cara é fera em suas histórias envolvendo mitologia.

  2. Sim, as histórias criadas por Philip Pullman são incríveis também. São leituras “viciosamentes” envolventes “hahaha”… =]

  3. Eu tenho a trilogia aqui em casa há ANOS por conta da minha irmã, mas AINDA não li (que vergonha), mas lerei! A fila de livros pra ler tá grande… hahaha

  4. Hahaha … Leia sim, essa é uma obre incrível… As filas são importantes pois sempre aparecerá algo novo para ler … Rsrsr

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