O Mistério de Silver Lake
O Mistério de Silver Lake é uma grande viagem de ácido. Ponto. Você pode dizer que é um encontro de Donnie Darko com De Olhos Bem Fechados. Você pode fazer um vídeo explicando o filme, mas não tem necessidade. Apenas embarque na loucura e siga adiante, pois não existe exatamente um rumo certo, apenas uma viagem de ácido.
Mentira. O que David Robert Mitchell (diretor do excelente e revolucionário terror Corrente do Mal) intenciona aqui, é meio que falar sobre millenials que ficam vagabundeando por aí, sem trabalhar nem pagar o aluguel e que, pouco a pouco, vão se tornando sem-teto sem perceber. E que, justamente por ficarem tão à toa na rotina, acabam vendo pelo em ovo e, no caso aqui, fuçando tanto sobre os mistérios de uma cidade à margem de Hollywood, que se tornam conspiracionistas.
E aí, dá-lhe teorias envolvendo um serial killer de cães, uma comunidade secreta de sem-tetos, de milionários sob a cidade, do desaparecimento de uma moça, do assassinato de um ricaço, da figura sombria de uma mulher-coruja nua, de um compositor ancestral que criou todas as músicas que conhecemos e por aí vai.
O Mistério de Silver Lake
Ou seja, nada se coliga com nada, são apenas teorias e ideias aleatórias jogadas a torto e a direito pelo “roteiro”, que nunca se leva a sério e, portanto, acaba divertindo em pequenos momentos de absurdismo, com o protagonista eternamente chapado e fedendo a gambá, interpretado por Andrew Garfield (com todos aqueles seus trejeitos moleques, de corpo mole), sendo ridicularizado pelo diretor, que até flerta ora com o terror, ora com o suspense, mas não entrega nenhuma resposta, porque não há história a ser contada aqui, só uma espécie de lição de moral: a de que os sem-teto, mesmo aqueles com teto, sempre sobrevivem no final e encontram novas formas de continuar por aí (no caso do personagem principal, provavelmente ele se tornou assim após um pé na bunda, que nunca parece ter relação com a linha narrativa, mas é tão fundamental quanto).
Ah, e também tem gostosas. Muitas gostosas, peitinhos e nudes. David Robert Mitchell é um masturbador de primeira, com esse seu filme com enredo de quinta-série, que finge ser mais inteligente que seu público, mas é só uma brisa de um diretor que ganhou o mundo com um único bom filme até agora. Mesmo assim, dependendo da sua noite, O Mistério de Silver Lake até vale a viagem.