O Protocolo de Auschwitz – A história de uma fuga

Alfred Wetzler e Rudolf Vrba escaparam de Auschwitz em 10 de abril de 1944. Não foram os únicos a fugir e nem os protagonistas da fuga mais impressionante (em 1942, por exemplo, quatro prisioneiros roubaram uniformes e armas e saíram de carroça pelo portão da frente, fingindo serem soldados nazistas), mas a fuga deles rendeu o primeiro relatório das atrocidades que eram acometidas dentro dos campos de concentração e, após o término da guerra, um livro (“What Dante did not see”), que foi agora adaptado para o cinema com “O Protocolo de Auschwitz”.

Dirigido por Peter Bebjak, o filme foi o escolhido para representar a Eslováquia na disputa do Oscar este ano – não foi indicado, mas não ia mesmo ganhar do dinamarquês Druk, que vem forte na disputa.

O Protocolo de Auschwitz

Da cerca para dentro

Primo Levi foi um judeu italiano, capturado pelos nazistas em 1943 e enviado ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau em 1944, onde ficou preso por 11 meses antes da libertação pelo soviéticos. Levi publicou dois livros com alguns dos relatos mais impressionantes sobre suas experiências: “Se isto é um homem” e “A trégua.

O primeiro livro fala sobre o período em que passou preso, contando do cotidiano no campo, sobre como eles eram mal alimentados e como tinham que proteger seus pertences até mesmo de outros presos. O filme, às vezes, cita levemente, mas nunca explora esse cotidiano.

Seguindo uma ordem cronológica e se mantendo em um curto espaço de tempo, ele se atém à fuga dos presos e de suas consequências. Há passagens onde é possível deduzir como era a vida dos presos, mas a grande parte da história foca apenas nos poucos dias nos quais os guardas nazistas tentam buscar os foragidos.

Isso não é um defeito, mas talvez alguém com pouco conhecimento sobre como eram tratados os prisioneiros não vá sacar alguns dos acontecimentos. Os furos no entendimento da história podem ser facilmente preenchidos, seja com o uso da imaginação ou com uma pesquisa rápida no Google.

Da cerca para fora

O segundo livro de Primo Levi, “A Trégua” detalha o retorno do judeu à sua vila na Itália. A outra metade do filme remete levemente a esse livro, acompanhando a dupla em fuga pelas florestas da Polônia, sendo acolhidos e ajudados até a Eslováquia.

O tal protocolo de Auschwitz que batiza o filme foi um documento de 33 páginas, lançado ainda na época da guerra, que os dois fugitivos ajudaram a redigir. Ele contava com detalhes sobre como era a vida e o tratamento no campo de Auschwitz – um relato que talvez tenha faltado detalhar no filme.

O Protocolo de Auschwitz

O Protocolo de Auschwitz – Uma Obra Protocolar

Por ser um relato bem cru dos fatos, falta um pouco ao filme se aprofundar mais em seus personagens. A fotografia também parece ser propositalmente escura e fria, quase desconfortável – da exata forma como deve ser qualquer obra que toque no assunto.

Ao mesmo tempo em que ele se limita a contar uma passagem bem específica no meio de toda uma guerra e de todos os acontecimentos desumanos que rodeavam os personagens, o filme também tenta criar um link com os períodos turbulentos na política global dos dias de hoje, mas o elo soa fraquíssimo.

Fica difícil no final entender se a falta de profundidade não foi uma escolha proposital para o telespectador criar suas próprias analogias. Se foi isso, o resultado final não deu muito certo – pelo menos comigo, representante de uma parcela mais burra da audiência. Mas, como reprodução de um único fato histórico específico, o filme é bem competente.

O Protocolo de Auschwitz

Nome Original: The Auschwitz Report
Direção: Peter Bebjak
Elenco: Noel Czuczor, Peter Ondrejicka, John Hannah
Gênero: Drama, História
Produtora: Agresywna Banda
Distribuidora: A2 Filmes
Ano de Lançamento: 2021
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