O Segredo dos seus Olhos, quando o romance veste suspense
O Segredo dos seus Olhos é um filme bacana, mas não consegui enxergar nada de extraordinário ali. Entre os trunfos, temos a identificação com personagens bem humanizados, críveis, com comportamentos muita vezes engraçados, o que ajudam a construir empatia; os ângulos certeiros para sutilezas de cena, como a do elevador por exemplo, que carrega tensão e subtexto sem precisar de muito — Juan José Campanella sabe exatamente como deixar a câmera em segundo plano, confiando no espectador pra enxergar o que não tá centralizado; e o plano-sequência de perseguição no estádio de futebol, que é praticamente formidável.
E não há defeitos de fato no filme, fora o detalhe de que ele tem um ritmo bem arrastado, e a “reviravolta” próxima do desfecho, ainda que ótima e bem amarrada ao enredo, não chega a ser nada de espetaculoso como se vendeu; as atuações são em boa parte canastronas, e tem muitos momentos “vergonha alheia” — e ainda que seja um filme argentino, por várias vezes me senti vendo uma novela mexicana. Acima de tudo, essa obra é uma história de romance com carapuça de suspense. Só vendo pra entender.