O Seminarista, de Bernardo Guimarães
Uma crítica à igreja católica
Eugênio é um filho de fazendeiro que leva uma vida tranquila. Desde pequeno ele convive com Margarida, filha de uma agregada da fazenda e os dois acabam se apaixonando.
Para impedir o romance, os pais de Eugênio o mandam para o seminário. Mesmo assim, ele não esquece de Margarida, o que faz com que seus pais, junto com os sacerdotes do seminário, inventem que a menina se casou com outra pessoa.
Eugênio então, aceita o seu destino e começa a estudar para se tornar padre, até que ele retorna à sua vila natal e reencontra Margarida.
O Seminarista é um romance de tese
O livro acompanha a história de Eugênio, que é forçado ao seminário pelos seus pais. A trama é relativamente simples, embora seja realista, principalmente para a época em que foi escrita.
A ideia do autor, no entanto, não é entregar uma história com reviravoltas ou com finais surpreendentes, e sim, fazer uma tese sobre um assunto. O assunto em questão aqui é justamente a vocação forçada e o celibato na igreja católica.
Os elementos de Bernardo Guimarães são bem evidentes: ele tem um protagonista, que não deseja se tornar padre e que desde muito novo já se mostra apaixonado por sua amiga de infância, Margarida; os pais, que não querem o romance entre Eugênio e Margarida; e os sacerdotes, que estão dispostos a mentir em favor dos pais de Eugênio.
O garoto é mandado ao seminário, mesmo sem ter nenhuma vocação e, obviamente, não se dá bem no lugar e nem esquece da sua paixão de infância, o que faz com que ele passe um tempo se debatendo. A história se desenrola de uma forma que deixa claro que não é razoável que os pais escolham a profissão ou o futuro de seus filhos.
O celibato
O outro grande assunto que é debatido e denunciado em O Seminarista é o celibato na igreja católica. Aqui, é claro, Guimarães leva tudo ao extremo, uma vez que Eugênio nunca quis ser padre e, portanto, também não aceitou o celibato e sim foi obrigado a isso.
Mas a ideia ainda se mantém: provar que o celibato, mesmo que escolhido de livre e espontânea vontade, não é uma boa convicção.
O Seminarista foi publicado em 1872, portanto não aborda questões referentes a esses temas que poderiam fazer mais sentido aos dias de hoje – como por exemplo, a relação entre o celibato na igreja católica e todos os casos de pedofilia envolvendo padres -, a trama é bem simples e se resume a um amor nunca consumado, capaz de alterar a vida do casal, mas a crítica é clara e visível.
Mesmo que não tenha sido pensado para os dias de hoje e que a trama possa soar repetitiva, a crítica de O Seminarista ainda se mantém relevante.
O Seminarista na mídia
A obra é, até hoje, considerada um clássico da literatura brasileira e ainda é estudada. Sua crítica não ficou datada e nem é irrelevante.
No entanto, ele só ganhou uma única adaptação: um filme de 1997, de mesmo nome, dirigido por Geraldo Santos Pereira.
Fazendo uma crítica contundente à sua época, que ainda ecoa nos dias de hoje, O Seminarista é um clássico que mesmo com uma trama simples, ainda tem sua importância e seu poder.