O Tesouro do Pequeno Nicolau

Nicolau (Ilan Debrabant) é um garoto que adora passar tempo com seus amigos, e que acredita que eles são inseparáveis, tanto que até batizaram o grupinho com esse nome. Quando o pai (Jean-Paul Rouve) de Nicolau recebe uma promoção no trabalho, o menino descobre que eles terão que mudar de cidade e fica desesperado.

Ele escuta o pai e a mãe (Audrey Lamy) comentando que a família terá mais dinheiro e pensa que o melhor jeito de evitar a mudança é encontrando um suposto tesouro que estaria enterrado nas redondezas.

O Tesouro do Pequeno Nicolau é o terceiro filme da série, precedido por O Pequeno Nicolau e As Férias do Pequeno Nicolau, mas pode ser compreendido como um filme solo.

O grupo de amigos

O Tesouro do Pequeno Nicolau é muito focado em Nicolau e nos seus amigos, a história é praticamente narrada do ponto de vista da criança, ainda que quem seja adulto consiga perceber que o que assistimos é uma perspectiva quase que totalmente infantil. Esse terceiro filme ressalta ainda mais essa união de Nicolau com seu grupo de amigos.

Conhecido como Os Inseparáveis, o grupo é composto por Nicolau e mais seis meninos, que tem personalidades muito claras e quase caricatas. Nicolau é o personagem que tem a personalidade mais trabalhada, o que parece natural, já que ele é o protagonista. Os meninos são arquétipos, como por exemplo, Geoffroy (Simon Faliu) é o garoto rico, que tem tudo, e Clotário (Anton Alluin) é retratado como pouco inteligente.

Mas os meninos são muito unidos, eles não só passam o tempo todo juntos na escola, como também passam a tarde juntos. Eles são a motivação para que Nicolau saia em busca do tesouro, já que ele não quer mudar de cidade e deixar os amigos para trás. Naturalmente, são os mesmos amigos que ajudam Nicolau na sua busca, sem questionar quão absurda ela soa. Muitas vezes, os amigos falam e fazem coisas ainda mais absurdas do que o próprio Nicolau.

Uma comédia de erros infantis

Como acontece com os outros filmes da franquia, O Tesouro do Pequeno Nicolau, é uma comédia de erros que explora especificamente as confusões que as crianças fazem. O filme é narrado do ponto de vista de Nicolau, por isso, essa perspectiva faz sentido, além de que funciona, já que diverte.

Nesse filme, o pai de Nicolau recebe uma promoção e ele escuta os pais dizendo que esse novo emprego trará também mais dinheiro para a família. O menino se convence então que o que o pai quer é mais dinheiro, e nem passa pela cabeça do garoto que o pai também quer prestígio e subir na carreira. Partindo desse princípio, e tendo aprendido na escola recentemente sobre um pirata que escondia tesouros, Nicolau resolve sair em busca do seu próprio tesouro, porque assim, seu pai não vai mais precisar de dinheiro e poderá continuar no emprego.

O grande diferencial das histórias do Pequeno Nicolau é justamente esse: a lógica quase totalmente infantil que rege a trama. Os adultos na audiência acham graça porque percebem que muito do que Nicolau e os amigos fazem não tem muito sentido e não terão muito efeito, enquanto as crianças se divertem porque entram na história junto com os personagens e acreditam que o plano dará certo.

Aspectos técnicos de O Tesouro do Pequeno Nicolau

Embora O Tesouro do Pequeno Nicolau tenha um elenco completamente diferente dos dois filmes anteriores – o que faz sentido já que os filmes anteriores são de 2009 e 2014, e as crianças crescem rápido demais -, ele tem o mesmo estilo de seus antecessores. A maneira com que a história é narrada é a mesma, a fotografia é muito parecida, os figurinos são iguais, e as cores predominantes são idênticas.

A ideia parece ser realmente criar uma franquia, ainda que o elenco mude e que a plateia seja sempre apresentada a novos atores interpretando os mesmos personagens, que soam quase atemporais. Também é importante ressaltar que esse filme ignora pontos que aparecem nos outros filmes, como por exemplo, a irmã mais nova de Nicolau, que é o grande tema de O Pequeno Nicolau.

O filme é narrado do ponto de vista de Nicolau, que é um menino que tem em torno de dez anos, e é essa a graça, a comédia se dá aí, nas confusões que ele cria porque não compreende o mundo adulto e o que os adultos falam. Algumas das conclusões são absurdas, mas têm algum sentido dentro do mundo infantil onde Nicolau e seus amigos vivem. No entanto, é notável que a franquia foi ficando menos engraçada com o tempo, talvez em função da repetição da fórmula ou talvez porque os argumentos simplesmente sejam mais fracos. Mesmo assim, O Tesouro do Pequeno Nicolau tem seus momentos, tirando várias risadas da plateia.

Os figurinos do filme também são bem pensados, as cores que predominam são o azul, o branco e o vermelho – as cores da bandeira da França -, os tons de azul estão presentes nas roupas de todos os personagens e especialmente nas roupas dos amigos de Nicolau, já o vermelho é praticamente restrito a ele. A ideia é que ele se destaque e que seja possível ver o menino de longe, já que ele é o protagonista. O longa também tem boas atuações, desde os adultos, dispostos a entrar em tramas divertidas, que até em alguns momentos parecem ridículas, mas não de uma maneira ruim, até as crianças, que são ótimas e se saem muito bem, é quase difícil não gostar e se afeiçoar pelos garotos.

O Tesouro do Pequeno Nicolau é literalmente um filme para toda a família, funcionando em um nível para as crianças, que vão assistir uma trama no estilo de Os Batutinhas, onde crianças se metem em uma série de confusões, e funciona em um nível um pouco mais desenvolvido para os adultos, que compreendem a perspectiva infantil e sabem que existem erros nos pensamentos e planos de Nicolau, e por isso, conseguem se divertir. Ainda que não seja tão bom quanto o primeiro filme da série, O Tesouro do Pequeno Nicolau é um bom filme, que diverte e entretém e que consegue seguir a fórmula já estabelecida previamente. O longa chega aos cinemas no dia 22 de dezembro.