Passagem Secreta
Uma homenagem aos anos 80
Alice (Luiza Quinteiro), uma menina de treze anos, muda de cidade com seu tio (Fernando Alves Pinto), que pretende reabrir um parque de diversão. Lá ela conhece Sofia (Sofia Cornwell), Vico (João Guilherme Ota) e Orelha (Tiago Daniel) e os quatro se tornam amigos.
Mas no dia da abertura do parque, Orelha desaparece misteriosamente e resta a Alice e seus novos amigos descobrirem o que aconteceu com ele.
Duas histórias
A protagonista de Passagem Secreta é Alice, mas até mais da metade do filme, acompanhamos não só a vida dela, e somos introduzidos aos problemas que a mãe dela tem – embora nunca saibamos quais exatamente são eles -, como também acompanhamos Sofia, Vico e Orelha antes deles conhecerem Alice. A ideia é, naturalmente, apresentar não só a personagem principal, como também outros personagens que serão importantes.
Mas o que acontece é que durante boa parte do longa não é possível identificar quem é a protagonista, ou sequer como essas histórias se conectam. As quatro crianças só se encontram depois de muito tempo, quando o filme já se encaminha para o seu final.
A sensação que fica é que na realidade estamos acompanhando duas histórias distintas, e uma vez que a trama de Passagem Secreta também demora para se desenrolar, também não é fácil compreender exatamente sobre o que o longa quer falar.
Terror leve
Passagem Secreta é um filme que tem como personagens crianças que precisam resolver questões muito maiores e muito mais perigosas do que deveriam e faz uma sutil homenagem a títulos dos anos 1980, como Os Goonies e Conta Comigo, ao mesmo tempo, que lembra outras obras que também fazem homenagem a década de 80, como It – A Coisa e Stranger Things.
Aqui as crianças precisam investigar um parque de diversões depois que um deles desaparece misteriosamente e o tema é relativamente diferente, mesmo que ainda faça algumas referências, mas a trama é confusa e complicada e o roteiro também não parece muito disposto a explicar o que está acontecendo.
Também não fica muito claro se o filme de fato se passa nos anos 1980, não existe, por exemplo, tecnologia moderna e as crianças gravam fitas cassetes e se interessam por rádio – a escola, inclusive, tem uma estação de rádio que parece uma ideia tirada de um filme americano -, mas não existe mais nenhuma caracterização ou especificação da década que está sendo retratada, o que prejudica, já que é impossível sentir aquela nostalgia que existe em filmes que abordam essa época.
O filme também não é especialmente assustador, embora possa sim, impressionar a audiência mais jovem.
Aspectos técnicos de Passagem Secreta
Passagem Secreta é um filme de baixo orçamento, por isso, sua qualidade técnica é menor. O filme, por exemplo, não tem muita preocupação com o figurino, o que impede que o telespectador entenda se o longa se passa nos anos 80 ou nos dias de hoje, com um figurino mais bem feito essa questão ficaria mais clara. Ele também não tem trilha sonora, o que também ajudaria a colocar a audiência no clima do longa.
As atuações não são grande coisa, tudo bem que boa parte do elenco é composto por crianças, mas na maioria das vezes, elas não entregam falas de maneira natural.
Essas questões se devem, em parte, porque o orçamento do filme foi pequeno e a produção não pôde investir nesses “detalhes”, mas isso poderia passar despercebido, ou pelo menos, ser relevado, se o roteiro do filme fosse mais interessante. É verdade que Passagem Secreta tem argumentos relativamente diferentes, mas o filme demora muito para engatar e os mistérios que circundam Alice e seus amigos não são muito empolgantes.
Com um pouco mais de recursos, Passagem Secreta poderia ser uma obra mais instigante e que chamasse atenção pelo clima de nostalgia, mas ainda teria um roteiro pouco animador e um desenvolvimento lento. O filme chega aos cinemas em dezembro.