Penelope, de Marilyn Kaye, um conto de fadas moderno
Penelope Wilhern é uma garota rica que vive em uma bela mansão, e tem tudo o que quer. Mas ela também é alvo de uma maldição lançada em sua família há muito tempo. Em função disso, a garota tem um focinho de porco no lugar do nariz. A única maneira de quebrar a maldição é fazendo com que alguém da mesma classe que ela a aceite como ela é.
Penelope vive presa em casa e, atualmente, recebe com frequência a visita de jovens que estão dispostos a quebrar a maldição, embora nenhum deles consiga. Até o dia em que ela conhece Max, que a incentiva a sair de casa e conhecer o mundo.
Um conto de fadas moderno
O livro foi publicado em 2007, ou seja, é relativamente recente. Por isso ele não poderia ser classificado como um conto de fadas. Mas sua linguagem nos remete diretamente a eles.
O livro começa com uma narração que explica porque e como a família de Penelope foi amaldiçoada. O que em muitos aspectos lembra o começo de diversos contos de fadas. Ela não é uma princesa, mas é uma moça muito rica que, da mesma forma que Rapunzel, vive presa dentro de uma casa. Até a maneira como a maldição deve ser quebrada lembra os contos de fadas.
Claro que Penelope tem uma história mais modernizada. A trama se passa nos dias de hoje, o “príncipe” não passa de um trapaceiro que aceita visitar a moça em troca de dinheiro e, depois, Penelope sai pelo mundo por ela mesma, sem quebrar a maldição. Mas o mais importante de tudo isso, é que diferentemente dos contos de fadas, onde as princesas sempre precisam ser salvas, Penelope não precisa da ajuda de ninguém para fazer nada.
Personagens que evoluem
Outro ponto interessante de Penelope é que os personagens evoluem durante o livro. Max começa a história como um trapaceiro que aceita visitar e fotografar a garota em troca do dinheiro de Lemon, um repórter que quer desesperadamente ver como é sua aparência. Mas conforme Max e Penelope vão se conhecendo, ele vai mudando e acaba se tornando uma pessoa completamente diferente. O mesmo acontece com Lemon, que passa a ser menos ganancioso. Até os pais da moça passam por mudanças durante a trama.
Penelope, a personagem que segundo a maldição “precisa” mudar sua aparência durante o livro, também muda, mas não necessariamente por fora e isso é muito mais interessante.
Aceitação
Se Penelope fosse um conto de fadas comum, as transformações da personagem estariam diretamente ligadas ao encontro do amor verdadeiro. Mas o livro narra uma história um pouco diferente, e dessa maneira, fala sobre aceitação.
Penelope passou a vida toda ouvindo que ela não era bonita, e que um dia, ela teria o seu rosto “verdadeiro”. Sua própria mãe tem vergonha da aparência da filha e a mantém presa em casa até que ela mude. Mas ao longo do livro a protagonista vai percebendo que seu maior problema não é um nariz de porco, mas sim tudo o que ela vinha pensando sobre si mesma.
E mais importante do que isso, que sua aparência é só uma parte dela e não o que a define. Conforme Penelope vive no mundo real e conhece outras pessoas, ela percebe que tem muitas outras qualidades e que o fato de não ser bonita, dentro dos padrões da sociedade, claro, é o que menos interessa.
Claro que o livro fala sobre uma situação um tanto quanto absurda, mas assim são todos os contos de fadas, que pretendem ensinar através de histórias fantásticas. Dessa maneira, esta história tem muito a dizer sobre auto-estima e sobre aceitação.
Penelope no cinema
Não demorou muito para que o livro fosse adaptado para o cinema. O filme de 2007 é dirigido por Mark Palansky e traz no elenco Christina Ricci, James McAvoy, Catherine O’Hara, Richard E. Grant, Reese Witherspoon , Peter Dinklage e Russell Brand.
O filme é bem fiel ao livro e respeita essa atmosfera de contos de fadas que ronda a trama. Ele também consegue passar todas as mensagens que são importantes no livro. Penelope é um conto de fadas moderno, que ensina ao leitor a importância da auto-estima e o poder da aceitação.