Pequena Grande Vida

Alexander Payne (de Sideways e Nebraska) sempre foi um diretor muito mais interessado nas relações interpessoais, buscando mais aproximação com a realidade do que com a ficção, em contextos críveis, mesmo que oriundos de um absurdismo. E é o que ele replica aqui em Pequena Grande Vida, esse seu passo mais ousado, que propõe uma premissa interessante: o de reduzir o ser humano para cuidar melhor do meio ambiente e assim salvar o planeta.

Com uma preocupação ambiental bastante relevante e até filosófica, Payne coloca Matt Damon como um loser de classe média, pelo qual o espectador passa a acompanhar essa nova realidade. Entre os pontos altos do roteiro, o destaque fica pela grande preocupação do cineasta em fundamentar a ideia, a execução e as consequências da diminuição de 3% da humanidade na última década.

A maneira como ele realiza isso em tela é bastante verossímil, quase documental, o que confere mais interesse ao enredo — este sim, menos cativante, envolvendo idas e vindas no amor por parte do protagonista e algumas difíceis escolhas que ele precisa fazer, algumas abraçando um tom melodramático que nem sempre funciona, deixando algumas subtramas pelo caminho.

Pequena Grande Vida

Pequena Grande Vida

Ainda que Hong Chau e Christoph Waltz consigam tirar risadas pelos estereótipos que representam, quase caricaturas, o foco da história não está no humor, com quem flerta sim, mas com a reflexão. O ser humano se diminui para ter menos impacto social, mas faz disso um meio para enriquecer mais facilmente. E a destruição natural chega de qualquer maneira, afinal.

A sociedade, menos miniaturizada, ainda se divide em classes e muitos são jogados à margem, vivendo tão ou pior do que quando eram maiores. Todos esses pormenores, aliados à fotografia detalhada que Payne se preocupa em executar, funcionam do começo ao fim, nessa proposta de reflexão social que vale pela curiosidade. E pelo aviso do inevitável.

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