Depois da morte da esposa, David (Christopher Gorham) passa a cuidar do filho, Po (Julian Feder), um menino autista de 12 anos, sendo obrigado a conciliar sua vida doméstica com seu trabalho. Enquanto isso, o garoto se vê cada vez mais imerso em um mundo de fantasia.

Po é um filme relativamente simples, mas que trata de temas interessantes e que precisam ser discutidos com mais frequência.

Autismo

Provavelmente o assunto mais importante do filme é o autismo e é interessante a maneira com que ele é tratado.

Po é um menino de 12 anos, que é autista e muitas vezes está dentro do seu próprio mundo. Mas ele é extremamente inteligente. Em diversos momentos, David diz que o filho aprendeu a ler muito mais cedo do que as outras crianças. E que ele inclusive entende conceitos matemáticos que são matérias de faculdade.

O filme também retrata a vida de Po na escola, aonde ele é, claro, diferente. Consequentemente, alvo fácil de bullying. Ele não tem amigos e passa a maior parte do tempo sozinho.

O filme também mostra o dia a dia de David e do filho; de como o pai lida e cada vez aprende mais com o filho. E mesmo David sendo um bom pai, Po não se sente completamente compreendido por ninguém e por isso, entra na sua própria mente e cria histórias em cenários interessantes aonde ele vive diversas aventuras.

O que o longa faz é retratar Po diferente daquele espectro de autista que conhecemos e que já vimos em diversos filmes. Ele mostra que nem todo mundo que é autista é igual ou tem as mesmas limitações (ou a mesma inteligência).

A maneira como o filme mostra as divagações do menino é extramente interessante. Elas são um modo dele escapar da realidade aonde vive, mas também são perigosas. Assim, o espectador acompanha as aventuras de Po dentro de sua cabeça.

Relação pai e filho

O filme também fala muito da relação pai e filho, e em uma situação que não é ideal. A mãe de Po acaba de falecer, deixando seu marido e seu filho e, embora David seja um pai dedicado e que parece entender as limitações do filho, o público compreende que boa parte do cuidado do garoto ficava com a mãe.

Nesse aspecto, Po é um filme que mostra a superação de duas pessoas que precisam aprender a viver sozinhas pela primeira vez e que para isso, precisam se acostumar um com o outro.

Independentemente de Po ser um menino autista, o longa trata de um tema universal: a relação em família. Pais e filhos brigam, conversam, brincam e se amam na maioria das condições, e é isso que vemos na tela. David é extremamente paciente e consegue entender Po na maior parte do tempo, mas às vezes ele também fica nervoso e frustrado. E o mesmo acontece com o menino, que entende o que seu pai diz e o obedece, mas que também sai da linha algumas vezes.

Não é muito difícil se reconhecer no que o filme mostra, já que ele retrata duas pessoas que obviamente se amam e se respeitam e que estão aprendendo a evoluir e crescer juntos.

Po também fala sobre o luto. David acabou de perder sua esposa, mas mesmo assim, precisa colocar esse sentimento de lado para cuidar de seu filho. E Po parece não saber com exatidão o que aconteceu com a mãe ou aonde ela está, mas sente falta dela e pergunta para o pai com frequência sobre ela.

Aspectos técnicos de Po

Este não é um grande filme de estúdio. Ele não usa muitos efeitos e nem tem um grande orçamento. Mas nem por isso ele é um filme de qualidade inferior. Ele cumpre seu papel e consegue passar a mensagem que quer passar.

A montagem do filme remete o espectador diretamente aos filmes feitos para a TV, porque ele é cheio de cortes que parecem perfeitos para ser inserido um comercial. Esse fato por si só, não é exatamente ruim, só pode incomodar quem não está acostumado com essa montagem ou quem vai ao cinema esperando um filme com aspectos mais cinematográficos.

Em compensação, o elenco, que não tem nenhum grande nome, funciona bem. Christopher Gorham está bem no papel de David e convence a plateia. E Sean Gunn, que interpreta um amigo de David é um ótimo alívio cômico. Mas claro que o destaque é de Julian Feder, que interpreta o protagonista. Julian Feder alterna muito bem as cenas que se passam na vida real e as cenas que se passam na cabeça de Po, e seu personagem é totalmente realista.

Po pode não ser uma grande produção, mas ensina e explica sobre o autismo e passa uma linda mensagem sobre aceitação e convivência.