Rei Charles III, a fictícia ascensão ao trono

O que aconteceria se a Rainha Elizabeth morresse?

Rei Charles III imagina um cenário fictício depois da morte da Rainha da Inglaterra, quando o Príncipe Charles (Tim Pigott-Smith) está prestes a assumir o trono. Entretanto, sua recusa em assinar um projeto de lei causa uma combustão no país, com rebeliões e manifestações nas ruas.

O longa parte de um princípio que é fictício, ainda mais quando descobrimos que os acontecimentos narrados teriam acontecidos mais ou menos nesse período. É fácil perceber isso, mesmo que você não acompanhe a família real britânica, porque no longa, William (Oliver Chris) tem só dois filhos e Harry (Richard Goulding) ainda não é casado.

Como William já é pai de três filhos e Harry está casado e também já tem um filho e a Rainha Elizabeth AINDA está viva, os eventos do filme continuam completamente fictícios.

Tim Pigott-Smith como Charles
Tim Pigott-Smith como Charles

Rei Charles III – Uma distopia diferente

Mas nesse sentido, o filme funciona mais ou menos como uma distopia especulativa, afinal ele imagina o que pode acontecer depois que a Rainha morrer. A Rainha Elizabeth é muito aclamada pelo povo inglês, e não existe qualquer dúvida sobre o fato de que a família britânica ainda é uma ótima forma de atrair turistas para a Inglaterra. No entanto, seu filho e sucessor, Charles, não tem muito apelo entre seus súditos.

A trama de Rei Charles III então imagina a hipótese mais lógica, que Charles assuma o trono depois da morte de sua mãe. Mas como os dados reais já podem prever, a ideia não é muito bem vista pelo povo e quando o novo rei se demora a assinar um projeto de lei, as coisas começam a sair do controle. Assim, o palácio tem que lidar com motins e com a revolta do povo e do parlamento.

A família real

Além disso, existem problemas dentro da família real. William, pressionado pela esposa, Kate (Charlotte Riley), decide que ele deve ser o rei e não seu pai. Já Harry, em uma trama que surpreendentemente prevê a vida real, se apaixona por uma plebeia (Tamara Lawrance), por quem ele decide deixar a família.

O filme imagina um futuro que ninguém sabe precisar muito bem quando acontecerá
O filme imagina um futuro que ninguém sabe precisar muito bem quando acontecerá

As hipóteses propostas parecem, em certa medida, realistas e devem fazer muito mais sentido para quem está completamente por dentro das tramas envolvendo a família real, porque certamente existem coisas que podem ser previstas. William é, de fato, muito mais popular que Charles e existe uma teoria que diz que para manter a realeza como ela está, seria ideal que William assumisse o trono ao invés de seu pai.

Estereótipos

O filme também trabalha com alguns estereótipos que são repetidos sobre os membros da família real. Camilla Parker Bowles (Margot Leicester) é retratada com uma personalidade insuportável, e como alguém que é invejosa e gananciosa. É sempre bom lembrar que, para os britânicos, Camilla sempre foi vista como a rival de Diana, uma das mulheres mais amadas da Grã-Bretanha.

William aparece como o filho certinho, sempre disposto a corrigir o erro dos outros. Enquanto isso, a personalidade de Harry reflete as diversas fofocas que ouvimos sobre o Príncipe durante anos, ou seja, que ele é festeiro, bagunceiro, e que discorda de boa parte das regras da família.

Kate Middleton, por outro lado, parece ganhar mais camadas, uma vez que a verdadeira não costuma estar envolvida em escândalos e parece sempre disposta a obedecer às regras da realeza e sempre se porta como a mulher benevolente do Príncipe. A Kate do filme também é invejosa e embora seja silenciosa e discreta, também tem muita habilidade em tramar pelas costas de Charles e Camilla.

Rei Charles III funciona como uma distopia
Rei Charles III funciona como uma distopia

Ninguém sabe muito bem como a família real é de fato, só sabemos o que eles mostram e o que vaza para a imprensa. Então, quando se fala de figuras que estão tão presentes na mídia simplesmente por terem nascido, ou casado, é preciso recorrer a estereótipos.

Aspectos técnicos de Rei Charles III

Pensado como um filme para a TV britânica, fica claro desde o começo que Rei Charles III é voltado para o público britânico, embora possa causar interesse em outras partes do mundo, pois a família real é muito famosa.

Esta não é uma obra prima cinematográfica, mas certamente se destaca quando pensamos em outros filmes que falam da família real britânica, especialmente aqueles que são produzidos quando um dos membros vai se casar e que tem a proposta de explicar como o casal em questão se conheceu como William & Kate e Harry & Meghan: Um Amor Real. Esses filmes trabalham quase na esfera do conto de fadas, enquanto Rei Charles III se preocupa em pensar em questões políticas e sociais.

O filme Rei Charles III foi feito para a TV britânica
O filme foi feito para a TV britânica

O longa demora um pouco para engatar, mas faz previsões interessantes e é uma fantasia com um roteiro bem pensado. Algumas coisas, no entanto, prejudicam seu resultado. A produção, por exemplo, não é nem um pouco cuidadosa e como acontece com frequência com filmes feitos para a TV, fica óbvio desde o começo que ele não foi pensado para o cinema.

E o que mais?

Mas o filme também toma algumas decisões audaciosas, especialmente para um filme televisivo, sem muitas pretensões. Assim como a quebra da quarta parede quando Kate fala com a câmera sobre o que ela deseja para o futuro de seu marido e seu filho.

Os atores escolhidos também não se parecem muito com a família real, embora estejam relativamente bem caracterizados. Richard Goulding, que interpreta Harry – e que curiosamente reprisa o papel na série The Windsors – é claramente bem mais velho que o Príncipe e a única semelhança é o cabelo ruivo. Claro que é possível reconhecer que aquele é o Príncipe Harry, mas a impressão que se tem é que a produção simplesmente pensou que colocando um cabelo ruivo e um comportamento rebelde, teria um Príncipe Harry caracterizado.

Rei Charles III narra problemas dentro da família real
O filme narra problemas dentro da família real

Claro que o filme vai fazer muito mais sentido para os telespectadores ingleses, mas pode ser uma diversão para pessoas de outros lugares que acompanham a família real e quando pensado como uma distopia, pode soar interessante.

Rei Charles III aborda um futuro que ninguém sabe muito bem quando vai acontecer, e imagina o que pode acontecer a partir disso. Embora não seja uma grande obra cinematográfica, cumpre o seu papel e pode divertir a audiência, pelo menos por um tempo.

Rei Charles III

Nome Original: King Charles III
Direção: Rupert Goold
Elenco: Charlotte Riley, Tim Pigott-Smith, Oliver Chris, Richard Goulding, Adam James
Gênero: Drama
Produtora: Drama Republic, BBC (British Broadcasting Corporation), Masterpiece
Distribuidora: BBC
Ano de Lançamento: 2017
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