Run – Love is a Three Letter Word

Ruby Richardson (Merritt Wever) está entediada com sua própria vida e infeliz com seu casamento, quando recebe uma mensagem de seu namorado da época da faculdade, Billy Johnson (Domhnall Gleeson), que diz apenas “RUN” (“Corra”, em inglês).

Sem pensar duas vezes, Ruby responde a mensagem e eles se encontram na Grand Central Station, em Nova York, e resolvem fazer uma viagem pelos Estados Unidos.

Enquanto os dois se reconectam e descobrem o que a vida fez com o outro, segredos do passado e responsabilidades do presente começam a surgir.

Billy e Ruby em Run
Billy e Ruby

Run – Uma aventura diferente

Uma das primeiras coisas que chamam a atenção em Run é o clima de aventura que a série implica desde o começo. Logo na primeira cena o telespectador é praticamente jogado dentro da história quando, em menos de dez minutos, Ruby não só responde a mensagem de Billy, como também pega um avião para Nova York e o encontra na estação combinada.

A princípio não sabemos praticamente nada sobre Ruby, Billy, a relação dos dois e o que exatamente eles estão fazendo. Essa é a sensação que predomina em Run, tudo é muito corrido, como se esses dois personagens adultos, cheio de responsabilidades e que viviam vidas normais até alguns segundos atrás, tivessem entrado em um filme de ação, com perseguições e fugas e os acontecimentos são muito misteriosos, e só vão se desvendando com o tempo.

A jornada de Ruby e Billy começa com uma simples mensagem, passa por voos de avião, viagens de trem, escapadas nervosas e um medo palpável de que os dois sejam encontrados ou descobertos. E o telespectador tem a sensação que embarcou na aventura junto com o casal mas, ao mesmo tempo, a série fala de assuntos complexos, que geralmente não estão atrelados ao gênero da ação. É isso que faz de Run uma série empolgante e diferente ao mesmo tempo.

A série joga o telespectador no meio da trama
A série joga o telespectador no meio da trama

A vida

Ruby e Billy estão em uma fuga pelos Estados Unidos, mas eles também tratam aquele período como uma lua de mel e como uma reconciliação. Os acontecimentos do passado que os uniram e, mais tarde, os separaram, começam a vir à tona.

O casal começa a discutir o relacionamento que tinham na faculdade, o término e as outras vezes em que eles tentaram se reconciliar, até o momento em que chegam em questões mais dolorosas e mais decisivas, que talvez tenham sido responsáveis pelo fim do namoro.

Run é uma mistura de ação, romance e suspense
Run é uma mistura de ação, romance e suspense

Outro assunto que circula todos os episódios é o que aconteceu com a vida de cada um deles depois que se separaram. Ruby e Billy foram muito íntimos durante a faculdade e sabiam tudo sobre a vida um do outro, mas passaram anos separados e agora, é como se eles se conhecessem novamente.

Run faz ainda uma reflexão sobre o que esperamos da vida e o que de fato acontece, uma vez que quando os dois conversam, eles lembram de sonhos que tinham quando eram mais novos e que acabaram não se realizando, mas que ainda os assombram de alguma maneira.

Segredos

Embora os dois pareçam ser completamente sinceros um com outro quando falam sobre seus passados, tanto Ruby, quanto Billy estão, na realidade, escondendo segredos.

A química entre os protagonistas é um dos pontos altos da série Run
A química entre os protagonistas é um dos pontos altos da série

Billy sabe, por exemplo, que Ruby é casada, mas não sabe que ela é mãe de dois filhos e ela não tem nenhuma intenção de contar para ele. Já Ruby não sabe da existência de Fiona (Archie Panjabi), a ex-assistente de Billy, que está atrás dele por causa de dinheiro e ele está disposto a fazer tudo para que ela não descubra.

Os segredos dos personagens vão aparecendo aos poucos, da mesma maneira que sua história pregressa vai sendo discutida e apresentada para a audiência. O clima de mistério se segura por algum tempo, não só queremos saber onde a aventura do casal vai levá-los, como também queremos saber o que eles escondem e como a relação dos dois pode ser impactada por tudo isso.

Run, em muitos aspectos, trabalha com elementos dos filmes de ação, enquanto na sua trama usa questões que dizem respeito a uma vida comum e que qualquer pessoa pode se identificar. É como se acompanhássemos duas pessoas, cansadas de suas vidas, que se aventuram em uma viagem maluca.

Embora a trama da série soe surreal, os assuntos tratados são realistas
Embora a trama da série soe surreal, os assuntos tratados são realistas
Aspectos técnicos de Run

Run prende seu telespectador pela maneira com que se coloca logo nos seus primeiros minutos. Sabemos que Ruby recebeu uma mensagem de Billy, mas não sabemos quem são Ruby, Billy, qual a relação dos dois ou sequer o que aquele enigmático “RUN” quer dizer. A curiosidade para descobrir tudo isso é natural, por isso é difícil largar a série antes que boa parte das perguntas estejam respondidas.

A mistura de ação com romance parece inusitada, mas funciona porque, de certa maneira, os dois gêneros se complementam. Billy e Ruby estão presos em um filme de ação, mas isso se deve ao fato de se amarem e estarem tentando uma reconciliação. Quando se somam os segredos e as histórias pregressas, a trama vai se tornando cada vez mais interessante e o telespectador se vê torcendo pelo casal, ao mesmo tempo que se questiona se existe alguma forma de dois ex-namorados de faculdade ficarem juntos mesmo depois de tanta bagagem.

Embora os dois vivam aventuras quase surreais e se coloquem em perigos que estão distantes da vida da maioria das pessoas, a trama de Run soa realista porque traz à tona questões que geram identificação, como o romance inacabado, os sonhos não realizados e a insatisfação que eles nutrem pelas suas vidas atuais. A aventura é uma fuga da rotina e uma tentativa de retomar o que os dois sentiam quando namoravam e achavam que ficariam juntos para sempre.

Merritt Wever e Domhnall Gleeson em cena da série
Merritt Wever e Domhnall Gleeson em cena da série

E o que mais?

A edição também ajuda a aumentar essa sensação. Os cortes das cenas em que os dois estão correndo, entrando e saindo de trens e fugindo são rápidas e quase caóticas, enquanto as cenas em que eles conversam e ficam juntos são lentas e calmas. Assim, a plateia sente o que eles sentem, seja a tensão e o medo de fugir, seja o amor e a paixão que ainda existe.

Tanto Merritt Wever, quanto Domhnall Gleeson estão ótimos em seus papeis e Run é focada basicamente nos dois, então, passamos bastante tempo prestando atenção nessas duas atuações. Uma vez que Ruby e Billy praticamente já não se conhecem mais, a plateia tem a chance de conhecê-los e entendê-los, enquanto eles se reconectam. A química entre os dois atores também é ótima e o telespectador consegue sentir a tensão que existe entre eles, seja ela sexual, seja ela de raiva do relacionamento mal resolvido.

Com uma mistura de ação e romance que, surpreendentemente, funciona, Run apresenta um casal normal, com problemas reais, que se joga em uma aventura de cinema, ao mesmo tempo que questiona suas vidas e seus relacionamentos.

Run

Nome Original: Run
Elenco: Merritt Wever, Domhnall Gleeson, Phoebe Waller-Bridge, Rich Sommer, Tamara Podemski
Gênero: Comédia, Suspense, Romance
Produtora: Entertainment One Television, DryWrite, Wigwam Films
Disponível: HBO

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