Salem, de Stephen King
King explora o vampirismo
Ben Mears retorna à cidade de Jerusalem’s Lot, onde ele morou quando criança, para escrever um livro sobre a mansão Marsten, uma casa abandonada onde ele teve uma experiência assustadora quando mais novo. Logo ele conhece o professor Matt Burke e a universitária Susan North, com quem ele começa um romance.
Mas a cidade também vem presenciando acontecimentos estranhos, como o desaparecimento de Ralphie Glick e a morte do irmão dele, Danny. Ben também descobre que a mansão Marsten foi comprada por Kurt Barlow, um imigrante austríaco que pretende abrir uma loja de antiguidades, mas que nunca é visto, as pessoas na cidade só conhecem o sócio de Barlow, Richard Straker.
Quando toda a cidade começa a se comportar de maneira estranha e o local se torna perigoso, Ben conhece Mark Petrie, um garoto que tem uma teoria do que pode estar acontecendo em Jerusalem’s Lot.
Salem foi publicado anteriormente como A Hora do Vampiro.
Inspiração
Existe um certo mistério sobre o que exatamente são as criaturas em Salem, e os personagens só falam sobre isso no final do livro, mas qualquer pessoa que esteja imersa na cultura pop consegue perceber que a história fala de vampiros. Isso porque Salem é, na realidade, inspirado em Drácula, de Bram Stoker.
Stephen King teve a ideia para escrever o livro enquanto dava aula de fantasia e ficção científica para os estudantes de uma escola. Drácula era um dos livros que faziam parte da lista de livros das aulas e King começou a pensar no que aconteceria se Drácula reaparecesse nos Estados Unidos daquela época, os anos 1970.
Salem não tem nenhum conde Drácula por si só, mas tem uma alusão a ele e tem alguns elementos muito próximos ao do romance de Stoker, como por exemplo, a equipe que se une para derrotar o grande vilão e a relação de Ben e Susan, que é muito parecida com a relação de Arthur Holmwood e Lucy Westenra, personagens de Drácula.
Salem é consideravelmente mais simples do que Drácula, que tem muito mais personagens e que é escrito de maneira epistolar, mas ele tenta emular o sentimento do romance de Stoker e segue boa parte do cânone dos vampiros que Drácula também usa.
Elementos originais
Ainda que tenha uma clara inspiração em Drácula e que até emule algumas das relações da obra de Stoker, Salem também tem aspectos muito originais e, em função disso, se torna um livro de vampiros totalmente diferente e que traz as criaturas em questão para o século XX. O próprio King admite que embora ele tenha mirado em Drácula, Salem se parece muito mais com filmes como Vampiros de Almas, pelo clima de paranoia e desconfiança nas autoridades que existem nas duas histórias.
Salem repete alguns dos clichês comuns nas obras de King, como a cidade pequena onde todo mundo se conhece e, por isso, é difícil desconfiar de alguém, e o protagonista escritor que retoma sua infância. O cenário foi uma sugestão de Tabitha King, esposa de King, que imaginou que Drácula não conseguiria se virar em uma cidade grande.
Mas a localização um tanto quanto restrita dá algumas vantagens à trama, que ajudam a aumentar o mistério. Jerusalem’s Lot é um lugar onde todo mundo se conhece, portanto é possível notar quando alguém está se comportando de maneira estranha, e os sumiços e mortes causam ainda mais comoção, por outro lado, é difícil apontar quem é o culpado, já que é complicado desconfiar ou acusar alguém que você conhece a vida toda.
O fato desses personagens não saírem da cidade deixa Salem mais tenso, já que é notável que tem algo estranho acontecendo ali, e ainda assim, Ben, Susan e Mark se veem praticamente presos na cidade, tentando se defender de uma ameaça.
Salem na mídia
Salem é o segundo livro que King publicou e, ao longo dos anos, como boa parte das obras do autor, ele já ganhou algumas adaptações. Em 1995, Salem foi adaptado para o rádio na BBC Radio 4. Em 1979, o livro virou uma minissérie chamada Os Vampiros de Salem, e em 1987, o filme Os Vampiros de Salem, o Retorno se vendia como uma continuação da minissérie, embora ele não tenha nenhum dos personagens originais.
Já em 2004, foi produzido um filme para a televisão chamado A Mansão Marsten, estrelado por Rob Lowe e Donald Sutherland. A série Chapelwaite, estrelada por Adrien Brody, é inspirada no conto Jerusalem’s Lot, prequela de Salem, que está presente no livro Sombras da Noite. A série Castle Rock, que explora o universo de Stephen King, também faz referências a Salem.
Em 2019, foi anunciado que outro filme inspirado no livro seria lançado, mas até agora não se tem muitas informações sobre ele.
Salem é um livro de Stephen King que explora o vampirismo com a intenção de modernizar uma história antiga, e que consegue trazer a trama para os dias de hoje, deixando claras algumas das marcas registradas do autor, em uma história completamente nova.