Sem Escalas, um suspense nas alturas

Como em todo whodunit (ou melhor, “quem matou?”), a trama de Sem Escalas tem no seu centro um mistério criminal cercado de muitos “arenques vermelhos” — termo que escritores usam para representar as pistas falsas jogadas ao espectador ao longo de uma narrativa, antes da revelação final do culpado. Aqui, Liam Neeson vive um agente federal que praticamente elege como suspeitos cada um dos passageiros de um voo transatlântico, até descobrir quem ali dentro do avião está ameaçando a segurança de todos.

Com essa fórmula bem sacada, a história se faz sozinha, utilizando todos os estereótipos possíveis entre os passageiros, sem vergonha da canastrice proposital, da qual o ator protagonista sempre orna muito bem.

Jaume Collet-Serra é um diretor inspirado que vem se especializando em “filmes com Liam Neeson” (juntos, os dois já fizeram o ótimo Desconhecido, Noite Sem Fim e o recém-lançado O Passageiro), mas o espanhol também é responsável pelo terror surpreendente de A Casa de Cera e A Orfã, e também do curioso Águas Rasas, então o cara entende do riscado e sempre varia dentro do gênero.

Apesar de algumas situações absurdas e exageradas aqui e ali, Sem Escalas se sustenta muito bem no que se propõe a executar enquanto cinema de ação e trama de mistério, aproveitando bem seus “arenques vermelhos” (com um bem sacado recurso de troca de mensagens que ficam visíveis ao espectador), de um protagonista fragilizado pelo passado, pelo vilão com propósitos vingativos e megalomaníacos, do clímax maravilhosamente impossível, até mesmo do desfecho cafona de flerte, que se faz necessário em qualquer filme de suspense no ar.

Filmão pra quem gosta de mistério, pra quem gosta de ação e pra quem não cansa de ver Neeson de montão.