Sherlock e os Aventureiros: o Mistério dos Planos Roubados (2017), de A.Z. Cordenonsi

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Com uma escrita elegante e sofisticada, Cordenonsi resgata os sentimentos do filme O Enigma da Pirâmide para tratar das aventuras de um jovem Sherlock Holmes, antes de sua misoginia e excentricidade, desvendando as origens de suas incríveis deduções, à medida que desvenda um de seus primeiros mistérios.

A história toma liberdades interessantes ao colocar figuras que realmente existiram junto de personagens clássicos da ficção. E nessa curiosa mistura, vemos um ainda garoto Nikola Tesla, que tem seus planos roubados por um tal Mr. Brown e acaba recebendo a inesperada ajuda de Holmes, que se solidariza (mais pelo desafio da questão do que por uma bondade intrínseca, é claro, e não esperaríamos menos do ícone), avançando na investigação e nos rolos em que se metem um dia após o outro, em uma narrativa que dosa bem ação, suspense e aventura, servindo também como um retrato fiel da Londres do século retrasado. Quase dá para sentir o fedor do local, ouvir os ruídos de cada bairro, e notar os olhares incômodos dos adultos opressores – afinal, mais do que qualquer companhia cheia de más intenções, são as pessoas mais velhas as grandes “vilãs” do enredo, tanto ao tampar os olhos para os problemas sociais com os menores, quanto ao não dar créditos a eles em questões maiores.

O autor ainda encontra uma brecha para usar a prole do ladrão dos ladrões (que faz frente para uma versão do próprio Sherlock nos livros): Arsène Lupin – sua filha, Irene, que faz um paralelo divertido com outra Irene, a Adler. Garota de cabeça quente, ela é a mais eficiente em batalha, e acaba sendo um ótimo adendo ao improvável grupo, cada qual trazendo uma habilidade favorável para suas desventuras noite adentro, em uma trama linear e compreensível, repleta de pequenos easter-eggs, tanto para fãs de Holmes, como de História, mas que não fica dependente dessas homenagens para sustentar seu enredo.

Divertido e curto, o primeiro volume de Sherlock e os Aventureiros é uma boa introdução para esse universo de origens, que ainda promete vários volumes. Quem aqui pensou na série Vaga-Lume ou nas encrencas que Os Karas de Pedro Bandeira se metiam (além do formato do próprio livro, trazendo ilustrações a cada capítulo e uma curiosidade de figura real na última página), a obra é um prato cheio, tanto para molecada quanto para adultos fãs do maior dos detetives.

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