Siembamba – A Canção do Mal
O terror da maternidade
Chloe (Reine Swart), de dezenove anos, acaba de ter um filho e resolve voltar a morar com sua mãe, Ruby (Thandi Puren), com quem ela sempre teve problemas.
Mas as dificuldades da maternidade começam a pressionar Chloe e ela se torna cada vez mais paranoica com a segurança do bebê e logo começa a ouvir uma canção de ninar que ela não sabe explicar de onde vem.
O comportamento de Chloe se torna perigoso, inclusive para seu bebê recém-nascido.
Depressão pós-parto
Siembamba retrata um momento complexo na vida das mulheres e que é interessante para ser representado em filmes, inclusive em filmes de terror. O longa começa com Chloe próxima de dar à luz ao seu primeiro filho, ela tem só dezenove anos e passou um tempo fora de casa porque vivia brigando com a mãe. Quando ela voltou, já estava grávida, mas nunca informa a sua mãe, ou aos telespectadores, quem é o pai da criança.
O parto de Chloe é complicado e dolorido, as cenas parecem serem de tortura e ela volta para casa com um bebê e com o apoio apenas de sua mãe, com quem ela tinha muitos conflitos, mas que agora está disposta a ajudar. O filme então, passa a retratar o período de puerpério de Chloe, que é muito tumultuado.
É óbvio que Chloe não sabe como cuidar do filho e embora exista amor da parte dela, ela também se irrita com pequenas coisas que são comuns, como o choro do bebê e o fato de precisar trocá-lo. Ela começa a ficar paranoica, e a sensação que se tem é que Chloe passa por uma depressão pós-parto e que esse, na realidade, é o filme de terror: ter um filho, ainda muito jovem, sem ter ideia ou disposição para cuidar dele.
Segredos e mistérios
No entanto, as dificuldades com o bebê e as alucinações não são o único assunto sobre os quais Siembamba fala, existe uma aura de mistério presente no filme que o telespectador nem sempre consegue apontar o que é ou de onde vem, mas que prende a atenção.
Siembamba insinua muito fortemente que Chloe está sofrendo de depressão pós-parto, mas nunca fala isso com clareza, não é possível apontar se é isso mesmo ou se existe uma assombração na casa cantando para Chloe e seu bebê, por isso, esse mistério e essa tensão se mantém por bastante tempo.
Chloe também tem um passado misterioso, embora possamos apontar o que aconteceu antes dela fugir de casa, não se sabe o que ela viveu no tempo que passou longe da mãe. Existe também o mistério em relação ao pai da criança, sobre o qual Chloe nunca fala, o que dá a entender que há um segredo por trás dessa questão.
O filme vai desvendando seus mistérios aos poucos, mas ele os segura por bastante tempo, o que faz com que a plateia se mantenha atenta durante boa parte do longa.
Aspectos técnicos de Siembamba
Siembamba é um filme com poucos cenários e poucos atores, o que, honestamente, não é um problema, já que o longa se sai bem e consegue reverter essas questões em seu favor. A trama não precisa de tantos efeitos, uma vez que boa parte do que vemos é apenas insinuado e quase nunca mostrado, justamente por isso, o mistério e a tensão se mantém durante bastante tempo.
O tema de Siembamba é instigante, o filme nunca deixa completamente claro o que está acontecendo. O roteiro não é incrível, tem seus defeitos, mas não é terrível, se ele fosse um pouco mais cuidadoso, poderia resultar em um filme de qualidade melhor.
Reine Swart, que interpreta Chloe, está bem no papel, o que ajuda demais, já que boa parte do filme é narrado do ponto de vista dela.
O problema é que Siembamba não aproveita todo o potencial que tem, e não explora a fundo todo o tema do puerpério e da depressão pós-parto e de como essas questões são aterrorizantes a ponto de fazerem parte de um filme de terror.