Sparkle: O Brilho de uma Estrela
Musical que não chama muita atenção
Sparkle Anderson (Jordin Sparks) e suas irmãs, Sister (Carmen Ejogo) e Dee (Tika Sumpter) sonham em ser cantoras e esperam que o trio que elas formam consiga uma gravadora e faça sucesso, mas a mãe delas, Emma (Whitney Houston), é contra a carreira das filhas.
Enquanto elas saem em busca da fama, precisam enfrentar as dificuldades da carreira, as proibições da mãe e os relacionamentos confusos e abusivos que aparecem nos seus caminhos.
A origem de Sparkle: O Brilho de uma Estrela
Este filme é, na realidade, um remake de Sparkle, de 1976. Os dois filmes são inspirados na história das Supremes, trio do qual Diana Ross fez parte nos anos 60. É natural, portanto, relacionar Sparkle: O Brilho de uma Estrela com Dreamgirls – Em busca de um sonho, que também conta a história das Supremes.
Existem diferenças entre os dois filmes, já que este é mais focado na carreira de seus personagens antes do sucesso, enquanto Dreamgirls acompanha seus personagens antes, durante e até depois do sucesso, mas é quase impossível não sentir que Sparkle: O Brilho de uma Estrela é uma versão menos requintada de Dreamgirls, talvez porque a produção do primeiro filme seja bem menor que a do segundo, talvez porque Dreamgirls seja, originalmente, um musical da Broadway muito famoso.
Também existem diferenças entre o filme original dos anos 1970, que se passa em Nova York no final dos anos 50 e começo dos 60, e o remake, que se passa em Michigan, em 1968.
A fama
Mas Sparkle: O Brilho de uma Estrela é um filme que se parece com qualquer outro filme que narra a vida de cantores. Aqui acompanhamos Sparkle e suas duas irmãs enquanto elas tentam conseguir um contrato e eventualmente ficarem famosas.
O filme basicamente segue essas personagens enquanto elas cantam, se apresentam e buscam oportunidades novas, mas fala especificamente da vida do trio antes da fama e o que vemos em cena é muito mais os perrengues do que as glórias. Nesse sentido, ele é um pouco diferente, já que a maioria dos filmes desse tipo se preocupa em retratar também os momentos de sucesso dos seus protagonistas.
No entanto, de uma maneira geral, Sparkle é um filme comum e bem repetitivo, que não se destaca porque não é especialmente interessante e porque vive nas sombras de seu gêmeo mais famoso.
Outros temas
Para além da carreira de suas personagens, Sparkle também fala de questões um pouco mais comuns, como a relação entre Sparkle, Sister e Dee, e a relação das três com a mãe, que hoje é uma mulher religiosa, mas que costumava sair para beber e deixar as duas filhas mais novas com Sister, a irmã mais velha. Emma também é uma mulher muito religiosa, que não aceita com tranquilidade a carreira das filhas e que na época em que o filme se passa, dá a elas uma criação conservadora e com pouca liberdade, fazendo com que as irmãs precisem mentir para ela com frequência.
Os relacionamentos das irmãs com os homens também é outro tema. Sister é casada com Levi (Omari Hardwick), que é um homem possessivo e violento, e o longa aborda a violência doméstica. Já Sparkle é cortejada por Stix (Derek Luke), mas quer se focar na sua carreira.
Os temas secundários são relativamente recorrentes e, por isso mesmo, realistas e relevantes, mas acabam um pouco apagados, uma vez que o longa é um musical que retrata a vida de três cantoras.
Aspectos técnicos
Sparkle: O Brilho de uma Estrela tem uma produção simples, com poucos cenários e um elenco relativamente pequeno. O filme se passa no final da década de 1960, mas as roupas remetem diretamente aos anos 1950, embora exista uma clara diferença entre as roupas de Sparkle, Sister e Dee, que são mais modernas e mais ousadas, e Emma, a mãe, que é conservadora e não aceita completamente a carreira das filhas, que se veste de maneira mais modesta e discreta.
O filme tem um elenco interessante e talentoso, é importante por exemplo, que as atrizes do filme saibam cantar, já que acompanhamos a vida de cantoras e tanto Jordin Sparks, que interpreta Sparkle, quanto Whitney Houston – em seu último filme -, que interpreta Emma, são cantoras profissionais. O resto do elenco também se sai bem, então é muito seguro dizer que a trilha sonora é um aspecto bem feito do filme. As atuações também são boas e cumprem seu papel, Sparks patina um pouco, mas Houston, Carmen Ejogo e Tika Sumpter se saem bem.
Em termos de roteiro, Sparkle: O Brilho de uma Estrela é um pouco fraco, já que a história não acrescenta nada de muito novo e o filme pode ser facilmente comparado com qualquer outro que se encaixe no subgênero dos musicais sobre cantores. De uma maneira geral, é impossível desvincular o longa de Dreamgirls, que retrata os mesmos personagens, mas o faz de maneira mais interessante.
As músicas
As músicas que fazem parte da trilha sonora são as mesmas que fizeram parte do filme original e foram compostas por Curtis Mayfield, entre elas estão Jump, Hooked on Your Love, Something He Can Feel e Look into Your Heart. Mas algumas músicas foram compostas especialmente para o remake, como One Wing, Love Will e Celebrate, escritas por R. Kelly.
Boa parte das músicas de Sparkle são executadas no palco, mas muitas vezes elas se relacionam com o que as personagens vivem fora das apresentações. O estilo é bem parecido com o das Supremes e com as músicas dos artistas da Motown Records, o que faz sentido, já que o longa retrata esse período.
Sparkle: O Brilho de uma Estrela não é um filme ruim, mas também não é especialmente empolgante. Embora tenha uma boa trilha sonora e grandes vozes no seu elenco, o longa não consegue se sobressair nem nos gênero dos musicais e nem no nicho dos filmes sobre artistas da indústria da música.