Steve Jobs
Ao contrário daquele filme com Ashton Kutcher (que só tem a favor o fato do ator ser semelhante a Jobs), aqui não existe mais a preocupação de contar o início de tudo, algo que já foi feito antes. Sendo assim, o sempre ótimo roteirista Aaron Sorkin adapta a biografia escrita por Walter Isaacson, jornalista que cobriu grande parte das apresentações do ícone da tecnologia, encontrando um ponto de equilíbrio sem desagradar nenhum dos lados, afinal Steve era tão inteligente quanto complicado e são os focos da trama que sustentam o filme: aqui, enaltece-se as discussões pessoais, o paralelismo da aceitação/criação da filha com cada momento de lançamento, e sua relação amarga com a equipe, o fundamento dos créditos, as citações técnicas como pano de fundo etc.
Um dos melhores diretores de sua geração, Danny Boyle, que nunca fez um filme ruim na vida, acerta novamente ao dividir o longa em 3 atos, focados nos lançamentos do Macintosh, da NeXT e do iMac. Com sua edição dinâmica, sua narrativa ágil e singular, que tiram o tom documental que uma biografia geralmente flerta, para apresentar um filme intimista e visceral, cheio de frases de efeito e diálogos memoráveis que sempre servem ao enredo e movimentam a história não-linear de um jeito compreensível, juntando peça a peça até seu desfecho aberto, mas emocionante, já que o filme usa a figura do gênio para falar sobre muitos de nós. Sobre paternidade, principalmente e em mais de um sentido. Boyle brilha também ao usar bem os corredores e imagens projetados para simbolizar dúvidas e pensamentos de Jobs, construindo um mosaico do mundo obscuro de sua figura, mas sem perder o charme.
Nesse ponto, Michael Fassbender, que em nada se parece com o biografado, tem em seu mérito uma atuação estupenda, resgatando sempre a simpatia para o personagem, mesmo em momentos onde isso seria impossível. O elenco de apoio também é impecável, com uma maravilhosa Kate Winslet (que por si já vale a sessão), um inconstante Seth Rogen (no melhor papel de sua carreira) e no sempre impressionante Jeff Daniels, entre outros, onde ninguém faz feio.
As duas horas de duração não são perceptíveis em Steve Jobs, onde agilidade e drama pessoal marcam a primeira cinebiografia digna do criador da Apple.
Steve Jobs
Mais uma biografia do gênio que fundou a Apple, Steve Jobs acerta ao apostar numa narrativa ágil e repleta de diálogos intensos.