Suprema, era um mundo masculino, até ela chegar
Suprema é o filme baseado na vida de Ruth Bader Ginsburg, a primeira mulher a fazer parte da Suprema Corte Americana. Ela se tornou um símbolo da luta pelos direitos iguais para as mulheres e atualmente, aos 85 anos, certamente ainda é referência, inclusive para as gerações contemporâneas.
Dirigido por Mimi Leder (de A Corrente do Bem) e protagonizado por Felicity Jones (de A Teoria de Tudo), o filme acompanha a trajetória da jovem advogada, que se une ao seu marido, Marty (Armie Hammer), e apresenta um caso inovador ao Tribunal de Apelações dos EUA para que as leis baseadas em gênero sejam abolidas. Assim, ela se torna um ícone ao derrubar um século de discriminação de gênero.
A trama
Em 1956, Ruth Ginsburg ingressa na faculdade de Direito de Harvard. Ela e um bando de homens engravatados e machistas. O discurso de boas-vindas é provido por um homem, para homens. Estes estranham as poucas mulheres presentes no recinto. Mas Ruth está sempre de cabeça erguida.
A moça é casada com o também estudante de direito, Marty e eles tem uma bebê chamada Jane. Devido a uma doença recém descoberta, Marty deve ficar mais tempo em casa. Ruth não cozinha muito bem, mas tem uma jornada tripla quando decide assistir às aulas do marido para poder lhe passar o conteúdo. Marty fica impossibilitado de frequentar as aulas por conta do tratamento intensivo contra um câncer.
Este é somente o 6º ano em que mulheres podem obter o diploma de Direito em Harvard. Na turma de Ruth há apenas 9 mulheres. O diretor não acredita no potencial delas e constantemente as humilha em frente aos muitos homens sempre presentes. Ruth inclusive se faz de tonta para agradar o diretor. Diz que escolheu o curso de direito por ser a profissão do marido e seu desejo é de se tornar uma melhor esposa.
A busca por emprego
Ruth não desanima. Frequenta suas aulas, as aulas do marido, cuida da bebê em casa, cuida do marido e ainda encontra tempo de datilografar todas suas ideias e estudos. Quando termina o curso, começa a luta para encontrar um emprego. Ela tenta em mais de 10 escritórios de advocacia. Todos com diferentes desculpas para não contratar uma mulher.
“Por que não tenta para a vaga de secretária?”, “Você não pode trabalhar, precisa cozinhar em casa.”, “Não está pensando em ter mais um filho?”, e até mesmo a máxima “Somos muito unidos, nossas esposas ficariam com ciúmes.”. Uma pior que a outra. Essa realidade deixa Ruth somente com uma alternativa. Lecionar.
O tempo passa
Já em 1970, com mais um filho, a primeira filha já adolescente, Ruth continua lecionando. Por todo lado há protestos contra a guerra do Vietnã. Jane (Cailee Spaeny) anda engajada nas causas sociais e vê na mãe um exemplo. Ruth traz para suas aulas a problematização da discriminação sexual no Direito. Ainda há conflito entre mãe e filha, visto que para Jane, Ruth não luta o suficiente contra a discriminação. Mas uma admiração mútua está nascendo.
Então, o ápice do filme acontece quando Ruth percebe que sua filha faz parte da geração que já mudou o pensamento. A garota não fica quieta ao receber cantadas na rua. Uma prática AINDA presente na sociedade AINDA machista. Jane dá um exemplo a sua mãe, que junta ainda mais forças para continuar sua luta. Afinal, a democracia deve valer igualmente para todos os gêneros.
Assim, Ruth começa uma saga contra as leis que tem base no sexo. Aliás, este é o nome original do filme: On the Basis of Sex. Para se obter visibilidade, ela escolhe uma lei que prejudica os homens. Quem sabe assim eles param para pensar no absurdo que é dizer que homens são melhores em matemática, homens são melhores nisso ou naquilo, etc.
Ruth, Suprema
Acompanhamos então Ruth contra advogados babacas que acham que igualdade é besteira. Pessoas que acreditam que as mulheres devem ficar em casa. Homens que não acreditam na força das mulheres. Com o apoio de amigos advogados, um marido super legal, amigo e compreensivo, e a filha como símbolo de luta, Ruth chega a Suprema Corte.
A cinebiografia é emocionante, principalmente nos minutos finais. O figurino é impecável. O único problema é a passagem de tempo para Ruth. Os anos passam, os filhos crescem, mas ela continua intacta. Mas ok, perdoável.
A própria Ruth aparece no fim do filme, de cabeça erguida como sempre. O roteirista de Suprema é Daniel Stiepleman, o sobrinho de Ruth. O documentário RBG, também sobre Ruth Bader Ginsburg concorreu ao Oscar este ano. Suprema entra em cartaz dia 14 de março.